O governo brasileiro reconheceu 77.193 pessoas como refugiadas em 2023, o maior número registrado em toda a história do sistema nacional de refúgio e que representou uma variação positiva de 1.232,1%, em relação ao ano de 2022. No total, 143.033 pessoas já são reconhecidas pelo Brasil como refugiados.
Os dados constam da 9ª edição do Anuário Refúgio em Números, organizado pela equipe do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), com base em dados oficiais do governo federal. O relatório foi divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e pela Agência das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (ACNUR), nesta quinta-feira (13), em Brasília.
Os venezuelanos fizeram 112.644 solicitações, o que correspondeu a 81,4% do total de solicitações consideradas pela comissão. O estudo destaca ainda pedidos de haitianos (5,6%), cubanos (2,9%), angolanos (1,7%) e bengalis (1,2%) provenientes da Ásia, do total de pedidos. Houve aumento no volume de pedidos de asilo por parte de mulheres e também de crianças e adolescentes.
Os pedidos de reconhecimento da condição de refugiado analisados pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em 2023 chegaram a 138.359, o que representa um aumento de 235% em relação a 2022. O número efetivo de reconhecimentos de refugiados foi maior. porque decidiu o processo dos anos anteriores.
O representante da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Brasil, Davide Torzilli, destaca os procedimentos adotados pelo Brasil, a partir de 2023, como o aumento da capacidade de triagem de pedidos por meio do Conare, o processo simplificado de análise de perfis em risco de aumento de perseguição, tempo de processamento mais rápido para pedidos, processo de tomada de decisão mais curto para aqueles que atendem aos requisitos para isenção de entrevista em alguns casos, reduziu o tempo de processamento e decisão sobre a concessão de refúgio.
“Todos esses avanços foram reconhecidos no Fórum Global sobre Refugiados, em dezembro de 2023 e permitiram ao Brasil representar compromissos muito ambiciosos e importantes na proteção internacional”, destacou Torzilli.
Refúgio no Brasil
Com base nos números divulgados, a diretora do Departamento de Organizações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores, Embaixadora Gilda Motta, observou que tem crescido o número de pessoas ao redor do mundo que buscaram refúgio no Brasil e que, apesar das limitações e dificuldades sociais Desafios -econômicos, o país avançou na legislação que trata do sistema de proteção aos refugiados no território, baseado no respeito à dignidade humana e aos direitos humanos.
“Concedemos vistos humanitários a pessoas afetadas por situações de crise no Afeganistão, na Síria, no Haiti e na Ucrânia. E estabelecemos a Operação Acolhida, desde 2017, para receber e integrar outros venezuelanos que queiram se instalar no Brasil”, afirma.
A Operação Acolhida do governo federal, criada em 2017, garante assistência a refugiados e migrantes venezuelanos em situação de vulnerabilidade.
“Em todos estes casos, o país assegura a igualdade de direitos com os nossos nacionais, independentemente do seu estatuto migratório. Mas, infelizmente, a solidariedade internacional não tem crescido ao mesmo ritmo”, nota o embaixador.
População deslocada
O relatório anual Tendências Globais em Deslocamentos Forçados em 2023, divulgado pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados, mostra que o número total de pessoas deslocadas à força aumentou para 120 milhões, segundo dados de maio de 2024, como consequências de novos conflitos e de outros já existentes e a incapacidade de resolver crises prolongadas. “Com base nestes dados, a população global deslocada seria aproximadamente igual à população de um país do tamanho do México”, afirma o ACNUR. Em relação ao final de 2023, esse número chegou a 117,3 milhões.
A Síria continua a ser a maior crise de deslocamento do mundo, com 13,8 milhões de pessoas deslocadas à força dentro e fora do país. A organização destacou ainda o conflito no Sudão, com um total de 10,8 milhões de sudaneses deslocados no final de 2023. Além da violência sofrida pelas populações de Mianmar e da República Democrática do Congo, que obrigou ao deslocamento de milhões de pessoas em o ano passado.
A Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) estima que, até ao final de 2023, cerca de 1,7 milhões de pessoas na Faixa de Gaza (75% da população) foram forçadas a deslocar-se devido à violência, principalmente refugiados palestinos.
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