Mães que perderam seus filhos em operações policiais formaram o pelotão de frente do Grito dos Excluídos, que percorreu as ruas do Centro do Rio de Janeiro neste sábado (7). O evento, que tradicionalmente é realizado no dia 7 de setembro, chegou à sua 30ª edição. Desde a concentração, às 10h, na esquina da Rua Uruguaiana com a Avenida Presidente Vargas, eles carregavam cartazes com os rostos das vítimas e exigiam justiça.
Uma das demandas envolve federalização de casos envolvendo letalidade policial no Rio de Janeiro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu, em julho deste ano, representação favorável à medida que envolve quatro casos, incluindo o chamado Massacre do Jacarezinho, ocorrido em 2021 durante uma operação policial que deixou 28 mortos e é considerada a mais letal na história. da capital carioca. A discussão se dá diante dos indícios de violações de direitos humanos em processos que ocorrem em nível estadual. A PGR, porém, ainda não decidiu se apresentará pedido de federalização à Corte.
“Ninguém sofre mais com a violência do Estado do que essas mães. E o que é pior: com a impunidade prevalecendo. Os assassinos de muitas, muitas pessoas nunca foram punidos ou nem sequer são processados. pessoas. Quando damos o protagonismo a essas mães, dizemos: nos preocupamos com essas vidas”, afirma Sandra Quintela, que faz parte da Rede Jubileu Sul Brasil e da coordenação nacional do Grito dos Excluídos.
Desde 1995, o Grito dos Excluídos envolve atos organizados em diversas cidades do país. Reúnem diversos grupos, entidades, sindicatos, igrejas e movimentos sociais comprometidos com causas populares. Sandra destaca que, em cada local do Brasil, a manifestação tem uma característica. Ela cita, por exemplo, que, em Fortaleza, há uma forte liderança da Igreja Católica e que, em Manaus, o evento acontece no dia 5 de setembro, quando é comemorado o Dia da Amazônia. “Aqui no Rio começamos no ano passado, com essa tradição das mães levantarem o Grito dos Excluídos. E pretendemos continuar assim a partir de agora”, disse ela.
O lema “Todas as formas de vida importam” deu o tom da 30ª edição. “Chegar a esse marco mostra a força da organização popular, da organização que é feita de baixo para cima. O Grito dos Excluídos é um processo. de setembro Esta é uma data do colonizador Foi o príncipe regente que proclamou a nossa independência. Então, vamos às ruas dizer que esta é uma independência incompleta”, acrescenta Sandra.
Os manifestantes que se revezaram ao microfone defenderam diversas questões como a defesa do ambiente, a garantia do acesso à habitação, o combate ao racismo religioso, o fim da política repressiva da guerra às drogas e a alteração dos horários de trabalho, entre outros. . Roberto Oliveira, integrante da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), destacou a jornada de lutas que a entidade lançou nesta quinta-feira (5) em diferentes cidades da Região Norte, para marcar o Dia da Amazônia.
Considerou que o modelo econômico atual promove a destruição da biodiversidade amazônica e prejudica as populações locais. “É preciso olhar para as famílias mais empobrecidas, afetadas pela crise climática, pelos deslizamentos de terras e inundações, pelas fortes chuvas que cairão, principalmente, sobre as casas dos mais vulneráveis”, alertou.
A pesquisadora de saúde pública e membro do Partido Comunista Revolucionário Brasileiro (PCBR), Mariana Nogueira, disse que não há democracia se pessoas pobres, negras e faveladas não tiverem acesso à saúde e à educação. “Estamos com escolas fechadas no Complexo da Maré há semanas”, criticou ela, mencionando as consequências das operações de demolição de imóveis considerados irregulares pela prefeitura.
Alguns candidatos às eleições autárquicas também discursaram. No trajeto até a Praça Mauá, os manifestantes entoaram palavras de ordem envolvendo diversos temas. “Trabalhamos sempre as questões de educação, saúde, transporte, qualidade de vida. É realmente uma dispersão de agendas. diversas agendas estão surgindo e sendo incorporadas”, explica Sandra.
Outras manifestações
O dia 7 de setembro também foi um marco para outras manifestações na capital fluminense. O Comando Militar do Leste realizou o tradicional desfile cívico-militar na Avenida Presidente Vargas a partir das 8h30. Na abertura das atividades, a pira foi acesa com o fogo simbólico da pátria. Em seguida, foi cantado o Hino da Independência, acompanhado de uma salva de 21 tiros. O desfile comemorou os 80 anos da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e homenageou os 25 mil soldados brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial em 1944.
Na orla de Copacabana, zona sul da cidade, um grupo de manifestantes se reuniu em apoio à impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Um carro de som ficou estacionado na Avenida Atlântica, servindo de plataforma para discursos.
Os manifestantes criticaram a decisão de Moraes de suspender as atividades da rede social X, após a empresa se recusar a cumprir decisões judiciais e nomear um representante legal no país. Os descontentes com a atuação do ministro também consideram que ele cometeu abusos contra a liberdade de expressão e afirmou que violou a lei em julgamentos de participantes de atos que resultaram na depredação da Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.
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