No ano passado, 206 pessoas com idades entre zero e 19 anos morreram no estado de São Paulo em decorrência de homicídio, roubo (roubo seguido de morte) ou lesão corporal seguida de morte. Os homicídios dolosos (intencionais) foram a maior causa dessas mortes, matando 199 crianças e adolescentes.
Os dados constam do estudo O impacto das múltiplas violações de direitos contra crianças e adolescentes – Uma análise intersetorial das mortes violentas de crianças e adolescentes no estado de São Paulo de 2015 a 2022, divulgado nesta terça-feira (3), pelo Comitê Paulista para a Prevenção de Homicídios em Adolescentes, uma iniciativa da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicf) e o governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Justiça e Cidadania .
Entre 2015 e 2022, o estado de São Paulo registrou 2.539 mortes de meninas e meninos de até 19 anos, vítimas de homicídio, roubo e lesões corporais seguidas de morte. O ano de 2016 foi o ano com maior número de mortes no período, totalizando 475 vítimas. Desde então, o número de mortes violentas vinha caindo ano após ano em todo o estado, chegando a 209 mortes em 2021. Porém, a tendência de queda foi interrompida em 2022, quando foram registradas 213 mortes de crianças e adolescentes.
Nesse período também foram registradas 1.408 mortes de pessoas até 19 anos em decorrência de intervenções policiais. Só em 2023, por exemplo, foram notificadas 84 mortes de crianças e adolescentes nesse tipo de incidente. Isto representou um aumento de 23% face a 2022, quando se registaram 69 mortes em contextos de intervenção policial.
“Olhando para o cenário paulista, o que nos chama a atenção é que a tendência de queda da violência letal contra crianças e adolescentes, alcançada nos últimos anos, foi interrompida. Quando olhamos para roubos, homicídios e lesões seguidas de morte, percebemos que os indicadores não diminuíram como vinha acontecendo, permanecendo estáveis Quando olhamos para as mortes decorrentes de intervenção policial, os números, que antes estavam caindo, voltaram a aumentar”, disse Adriana Alvarenga, chefe do escritório do Unicef em São Paulo, em. uma entrevista. Agência Brasil.
“Vemos isso não só no relatório que lançamos esta semana, mas também no estudo que o Unicef lançou, junto ao FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), em agosto”, acrescentou.
Perfil
Dentre essas mortes violentas de crianças e adolescentes ocorridas entre 2015 e 2022, a maioria das vítimas era do sexo masculino (84,2% dos casos) e tinha entre 15 e 19 anos (87%).
As características raciais das crianças e adolescentes que morrem violentamente em São Paulo também são marcantes e importantes. Em 2022, por exemplo, 65,7% das vítimas do grupo de homicídios eram negras ou pardas.
Abandono escolar e pobreza
Para este estudo, os pesquisadores analisaram mortes intencionais violentas e letais ocorridas em São Paulo entre 2015 e 2020 e registradas no Boletim de Ocorrência Policial. A partir desse registro foi feita uma comparação com outras bases de dados, como matrícula escolar e Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal. A intenção foi traçar um perfil dessas crianças e adolescentes que morreram de forma violenta nos últimos anos no estado de São Paulo.
A partir dessa comparação, o estudo concluiu que dois em cada três adolescentes que morreram violentamente no estado de São Paulo estavam fora da escola, ou seja, haviam abandonado os estudos. Outro dado alarmante destacado pelo relatório é que em 70% destes casos a morte ocorreu entre um e dois anos após o abandono escolar.
Na comparação com dados do CadÚnico, o relatório mostrou que 88% dos mortos no período entre 2018 e 2020 estavam cadastrados em programas sociais ou de transferência de renda do governo federal, o que mostrou que a maioria deles vivia na pobreza. .
Outra comparação feita pelo estudo mostrou que um terço dos adolescentes paulistas vítimas de violência letal eram formados pela Fundação Casa. De um total de 3.165 crianças e adolescentes de até 19 anos que foram mortos entre 2015 e 2020 em decorrência de homicídio doloso, roubo, lesão corporal ou em decorrência de intervenção policial, 1.071 adolescentes cumpriram ordem de internação na Fundação Casa, que representa 29% do total de mortes.
A partir dessas comparações, o estudo concluiu que a violência letal é a última etapa de uma série de violações de direitos a que estão submetidas crianças e adolescentes e que a melhoria das condições econômicas e educacionais, por exemplo, pode garantir a redução desses números de violência. contra crianças e adolescentes. “Compreender os contextos de vulnerabilidade e os fatores de exposição ao risco são aspectos essenciais para garantir que nenhuma vida seja perdida devido a esse tipo de violência”, afirma o estudo.
“Pela primeira vez conseguimos mapear a trajetória desses meninos e meninas vítimas de violência letal no estado de São Paulo e destacamos algo que já falamos há muito tempo: para combater a violência letal precisamos ir além da segurança pública. É fundamental investirmos na garantia dos direitos básicos de cada criança e adolescente, como ir à escola, acessar o sistema de saúde e os programas de assistência social”, disse Adriana Alvarenga, chefe do escritório do Unicef em São Paulo.
“Precisamos garantir, para cada menina e menino – especialmente os mais vulneráveis, o direito de estar na escola e aprender, de ter acesso a direitos básicos como segurança alimentar, moradia, saúde, além de serem alcançados por políticas públicas eficientes quando são egressos das medidas socioeducativas As informações da intersecção são valiosas para que possamos traçar medidas de prevenção mais eficazes e olhar a prevenção da violência numa perspectiva intersetorial”, acrescentou.
O Agência Brasil Ele procurou a Secretaria de Segurança Pública para comentar esses dados, mas até o momento não obteve resposta do órgão.
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