Indígenas do povo Amanayé, que vivem na reserva localizada no município de Goianésia do Pará, no sudeste do estado, denunciam a exploração madeireira ilegal na região e a ausência do Estado e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) na proteção e promoção dos seus direitos. O Ministério Público Federal ajuiza ação civil pública para demarcação do território reservado aos indígenas há 79 anos.
Segundo o líder indígena Ronaldo Amanayé, além do desmatamento, do uso de agrotóxicos, da poluição das águas e das ameaças de invasores, os indígenas ainda enfrentam todas as dificuldades de acesso às políticas públicas. “A Funai nunca atuou na nossa região, exceto quando os indígenas vão para o CTL [Coordenação Técnica Local] de Tucuruí buscar apoio para auxílio-maternidade ou aposentadoria”, afirma.
Um estudo publicado em julho pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), com base em dados de imagens de satélite do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), mostrou que nos últimos anos a reserva Amanayé foi a mais afetada pela atividade ilegal extração do recurso. Quase 3 mil hectares da reserva foram desmatados, aponta o estudo.
De acordo com a investigação civil realizada no Ministério Público Federal e que apoiou a ação civil, 37 Cadastros Ambientais Rurais (CARs) e coleções fundiárias do Estado do Pará foram identificados por particulares. “Alguns agricultores georreferenciaram a área e usaram a terra para cultivar monoculturas, e com isso há uma dispersão dos próprios indígenas, há uma saída forçada, até por questões de autoproteção, os indígenas acabam se dispersando , saindo do território”, explica o procurador responsável pela instauração do processo, Sadi Machado.
O Censo 2022 indicou uma população indígena Amanayé composta por 244 pessoas, mas atualmente vivem na reserva apenas 26 famílias, totalizando 125 pessoas. Segundo a liderança indígena, muitos deixaram a região por causa dos conflitos, mas a dificuldade de praticar uma gestão sustentável também tem empurrado os moradores para as cidades em busca de trabalho. “Nossas terras não são mais autossustentáveis”, denuncia.
Machado destaca que a ausência do Estado e a omissão da Funai representam, neste caso, não apenas uma violação dos direitos de usufruto da terra por parte desta comunidade, previstos na Constituição Federal, mas também violam o direito do povo Amanayé de existir. “Esta desintegração do grupo, a perda dos laços das comunidades entre si e este deslocamento forçado são violações graves. Eles acabam tendo que migrar para outras localidades, às vezes até para outros territórios indígenas, o que gera até conflitos entre comunidades indígenas”, destaca.
Segundo Machado, a ação foi ajuizada na semana passada com pedido de liminar de urgência, para que a identificação, delimitação e demarcação da área tenham início imediato e o processo seja finalmente aprovado. Além disso, o Ministério Público entende que o atraso no cumprimento das obrigações do Estado causou danos morais a esta população e que é cabível um pedido de compensação financeira no valor de R$ 3 milhões, para ser utilizado em ações de políticas públicas de atendimento aos povos indígenas. “A omissão do Estado e da União, especificamente da Funai em relação à demarcação, todo o argumento de que não há recursos ou que o orçamento não está disponível para esse fim, faz com que o poder público tenha um prejuízo significativo com a apropriação deste área por particulares, considerando que as terras indígenas são bens federais. Além dos danos ambientais que a sociedade como um todo acaba sofrendo”, finaliza.
Reserva
Criada em 1945, a reserva indígena Amanayé foi reconhecida pela Funai em 1994, com a publicação de uma portaria que designou um grupo de trabalho para identificação e levantamento de terras para definição da área indígena. A obra não foi concluída e em 1989 foi publicada uma nova portaria para dar continuidade ao estudo e, na época, na área que havia sido reservada aos indígenas de 163 mil hectares, invasões de não indígenas e crimes contra a fauna e flora foi identificada. .
Sem que o processo fosse concluído, em 2020, os indígenas denunciaram mais uma vez a apropriação de terras por agricultores que utilizaram o CAR para se apoderarem de terras públicas e obterem títulos sobrepostos. Em resposta ao Amanayé, a Funai informou que não tinha orçamento e recursos humanos para dar continuidade ao processo.
O relatório de Agência Brasil entrou em contato com a Funai e até o momento da publicação da matéria não houve resposta.
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