A cantora e compositora Alaíde Costa, 88 anos, é uma das atrações do mostrar Cerimônia de encerramento da 17ª edição do Festival Latinidades na noite deste sábado (27). O festival é realizado em Brasília desde 2008 para reforçar a contribuição das mulheres negras à sociedade em diferentes áreas, com destaque para a arte e a cultura, na promoção da igualdade de gênero e racial.
“Vou fazer uma performance com o guitarrista Gabriel Deodato, cantando um repertório variado, de várias gravações minhas”, informou Alaíde Costa em entrevista escrita ao Agência Brasil.
Alaíde Costa já lançou mais de 20 discos. Começou a cantar em concurso de calouros de circo e em rádios, no final da era de ouro do veículo. Aos 16 anos, participou do programa de calouros do apresentador e compositor Ary Barroso e recebeu nota máxima. Quatro anos depois, ela lançou seu primeiro álbum, ainda a 78 rotações por minuto (RPM). O primeiro jogo longo (LP), Afinal, Alaíde Costa… saiu em 1963.
Nos anos seguintes, assinou composições com grandes nomes da música popular brasileira (MPB), como Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e gravou com músicos importantes como João Donato e Baden Powell. Em 1972, participou como única voz feminina do histórico álbum Clube da Esquinaem dueto impecável com Mílton Nascimento, com a música Me deixe em pazde Monsueto e Airton Amorim.
A participação de Alaíde nas Latinidades, tão distante do início da sua carreira, ocorre num momento especial da sua carreira, quando vive, na sua opinião, “o auge” depois de mais de 70 anos ao microfone. “Agora chegou o reconhecimento. O que antes vinha era uma coisa quente, agora está quente”, avalia. “É muito legal a gente ser valorizado”, acrescenta sobre o convite para participar do festival.
Reconhecimento quente
Na opinião da cantora, os tempos sociais hoje são outros: quando se fala abertamente sobre o racismo no Brasil, que discriminou pessoas, como ela e seu amigo e compositor Johnny Alf, precursor da bossa nova; e quando o mercado fonográfico, através de novas plataformas como transmissão“está se abrindo mais, está um pouco melhor.”
O nome de Alaíde Costa foi “um dos primeiros” a aparecer na curadoria do Festival Latinidades, afirma Marcella Martins, produtora do evento. Segundo Marcella, o convite foi feito “porque ela entendeu a importância da artista e como Alaíde era uma mulher negra que fez grandes coisas em anos em que não havia essa visibilidade”.
Para o produtor, o mostrar de Alaíde Costa, que começa às 19h à porta do Museu Nacional, é imperdível e o espaço “é muito acolhedor”. “Preparamos um ambiente diferente para que todos possam assistir ao mostra e sinta-se à vontade.”
Após a apresentação de Alaíde Costa, o Festival Latinidades receberá a cantora e multi-instrumentista Bia Ferreira, além dos artistas La Dame Blanche, de Cuba; Irmã Nancy, da Jamaica; Pongo, de Angola; e as brasileiras Gaby Amarantos, Ebony e Irmãs de Pau. A programação decorre até às primeiras horas da manhã e entre as actuações, Dj Kethlen e Dj Savana actuam na discoteca.
Serviço
Festival Latinidades – Museu da República, próximo à Rodoviária do Plano Piloto
Sábado (270 – Mostrar por Alaíde Costa às 19h
Entrada gratuita – retirar ingresso aqui
Outras atrações – consulte aqui
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