O Instituto Marielle Franco (FMI) e a Asociación de Mujeres Afrocolombianas promovem, nesta quinta-feira (25), o 2º Encontro de Congressistas e Líderes Políticos Mulheres Negras 2024, com o tema Nossa força move a América Latina. O evento, que comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que visa reforçar o combate à violência política de gênero e raça, será no Museu de História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), na Gamboa, região portuária do Rio, com entrada franca.
O objetivo do evento é intensificar o debate sobre a violência política e os desafios à representação política das mulheres negras na América Latina, aproveitando a oportunidade para discutir essas questões no contexto pré-eleitoral brasileiro, que ocorre neste momento .
A diretora-executiva do Instituto Marielle Franco, Lígia Batista, destaca que ainda há muitas barreiras a serem enfrentadas, mas ressalta que as discussões avançam com o trabalho dos movimentos negros. “Os movimentos negros na América Latina tiveram, e continuam a ter, uma grande responsabilidade na movimentação das estruturas de poder e na luta por uma agenda de direitos, justiça e dignidade, particularmente no Brasil e na Colômbia, países com a maior percentagem de população negra no mundo. No entanto, ainda existem muitos obstáculos que enfrentamos, em grande parte devido à sub-representação dos negros, particularmente das mulheres, na política”, afirma Lígia, em nota do FMI.
Segundo o instituto, a representação de mulheres (18%) e negros (26%) na política aumentou após as eleições de 2022, mas o avanço foi “tímido para a proporcionalidade de negros e mulheres na população brasileira”. O FMI não informou qual era a representação anterior.
O encontro contará com a participação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e das deputadas federais Erika Hilton (PSOL-SP), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Reginete Bispo (PT-RS), Carol Dartora (PT-PR) , Dandara Tontzini (PT-MG) e Daiana Santos (PCdoB-RS).
Entre os representantes colombianos que participarão do encontro estão líderes políticos, empresariais e sociais, como Yania Rivas Perea, Maria Victoria Palacios Romaña, Yisel Carabali Renteria, Iselis Cassiani, Marcia Santacruz, Dorina Hernández Palomino, Ana Rogelia Monsalve Álvarez, Astrid Sánchez Montes De Oca, Marelen Castillo Torres e Sandra de las Lajas Torres.
Segundo Lígia Batista, a Colômbia viveu mais de 50 anos de conflitos internos e, nesse período, as mulheres e jovens afro-colombianos foram consideravelmente afetados. “Isso os coloca em uma situação de maior vulnerabilidade, sujeitos à violência e à falta de proteção dos seus direitos humanos. Neste contexto, actores armados ilegais recrutam raparigas, jovens e mulheres com o objectivo de os utilizar como empregados domésticos, escudos de guerra e objectos sexuais.”
Segundo o FMI, como consequência, a situação das meninas, adolescentes e mulheres afrodescendentes naquele país tem sido marcada pela violência, estigmatização, racismo e discriminação. A questão agrava-se porque, para alcançarem uma qualidade de vida aceitável, “enfrentam obstáculos como o baixo nível educacional, uma identidade fragilizada pelo racismo, a violência urbana e a falta de garantias de vida”, destaca a instituição.
“Para enfrentar tais problemas, existem processos organizacionais que servem de refúgio e instrumento para que as mulheres afro-colombianas unam forças para alcançar mudanças reais que melhorem suas condições de vida e mudem esta realidade discriminatória e racista”, afirma Lígia.
Ela destaca que, no Brasil, a realidade não é muito diferente. “Portanto, precisamos unir forças para mitigar a falta de políticas públicas que protejam nossas mulheres.” Ela destaca também a necessidade de manter uma rede ativa de parlamentares e representantes de alto nível do executivo federal, o que resulta na colaboração e no fortalecimento político entre os líderes dos dois países.
“É necessário desenvolver uma análise conjunta da situação política e estratégias de combate à violência política nos dois países, em diálogo com a sociedade civil”, acrescenta.
No ano passado, em parceria entre o Instituto Marielle Franco e a Asociación de Mujeres Afrocolombianas, a então candidata a vice-presidente do país, Francia Marquez, realizou duas agendas relacionadas à construção de redes e troca de experiências entre mulheres que eram autoridades e líderes sociais mulheres negras , membros dos Legislativos Executivo e Federal de ambos os países.
Além de um encontro fechado com delegações de autoridades brasileiras e colombianas, que compartilharam suas experiências, houve o Encontro de Líderes Afrodescendentes. Nestes eventos estiveram presentes lideranças sociais de diversos territórios da Colômbia, além da delegação oficial do Ministério da Igualdade Racial do Brasil e representantes da Embaixada do Brasil na Colômbia e das Open Society Foundations na África e na América Latina.
O encontro começa às 18h desta quinta-feira, com recepção musical, boas-vindas e, posteriormente, debates com ativistas, parlamentares e autoridades brasileiras e colombianas. A cerimônia de encerramento será animada pela roda de samba do grupo Odaraô e, nos intervalos, pelo DJ Rafé. Para recreação infantil, haverá o Espaço Coruja.
Quem lá for poderá ainda experimentar a gastronomia e o espaço de bar, coordenado pelos integrantes do Festival D’Benguela.
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