Com a assinatura do decreto que regulamenta a Política Nacional de Leitura e Escrita, nesta quinta-feira (5), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a discussão em torno de propostas é retomada no setor. O presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Dante Cid, defende que a distribuição de livros nos formatos digital e impresso deve ser combinada para aumentar o número de leitores espontâneos no país.
A regulamentação permitirá ao governo federal criar um novo Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), buscando reverter a queda de leitores dos últimos anos. A última edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2020, aponta uma perda de 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019. O levantamento foi elaborado pelo Instituto Pró Livro e Itaú Cultural.
Para incentivar a retomada do interesse pelos livros, o representante do Snel destaca que experiências realizadas em escolas no exterior, em países como a Suécia, podem orientar o Brasil em relação a essa questão. Ele comenta que as instituições que adotaram apenas o modelo digital obtiveram piores resultados na assimilação de conteúdos pelos alunos.
Apesar dessa observação, Cid considera que a versão eletrônica pode ser uma solução para locais onde o transporte de volumes é complicado e para ampliar o acesso a livros especializados. Como exemplo, ele cita a categoria de livros técnico-científicos que compunham as bibliotecas digitais e, portanto, podiam ser lidos, como observou em sua própria experiência com uma editora. Isso poderia ser complementado pela biblioteca física.
“Grande parte das classes socialmente desfavorecidas estão em municípios com grandes acessos. Sabemos o quanto é difícil para os jovens chegarem à escola e ao trabalho, utilizando transportes. o Ministério da Educação trabalha sempre com a disponibilização de livros digitais”, lembra, sugerindo que a secretaria trabalhe em conjunto com os Ministérios das Cidades e da Cultura.
“Podemos ter um mistura de soluções: bibliotecas físicas nos municípios tradicionais e, nos municípios de acesso mais complicado, ter um conjunto de produtos impressos que chegam gradualmente, juntamente com livros digitais que ficam imediatamente disponíveis”, acrescenta.
Para o diretor executivo da biblioteca digital gratuita de São Paulo SP Leituras, Pierre André Ruprecht, o decreto é fundamental para encaminhar medidas que sejam colocadas em prática. “É mais do que uma declaração de interesse ou intenção. É um compromisso de realizar ações concretas e importantes para avançarmos juntos em direção a esse objetivo, de termos de fato um país leitor, com acesso ao conhecimento e à literatura”, afirmou.
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