O pianista Sergio Mendes, reconhecido como estrela internacional da música brasileira, morreu nesta sexta-feira (6), aos 83 anos. Principal expoente do samba-jazz, o músico deu os primeiros passos na carreira ao lado de nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell, que conheceu no Beco das Garrafas, principal reduto da bossa nova, em Copacabana, Rio de Janeiro. Janeiro, durante as décadas de 1950 e 1960.
Foi lá, aliás, que ouviu pela primeira vez a música “Mas que nada”, na voz do autor Jorge Ben Jor, até hoje seu maior sucesso, e que impulsionou o grupo Brasil ’66 no exterior — com sua estreia LP “Herb Alpert apresenta Sergio Mendes & Brasil ’66”.
Quarenta anos depois, em 2006, a música foi regravada, igualmente com grande sucesso, pela banda americana Black Eyed Peas.
Sergio Mendes morava há seis décadas em Los Angeles, nos Estados Unidos, com a esposa, a cantora Gracinha Leporace, com quem era casado há mais de 50 anos.
Os dois eram parceiros musicais —ela cantava na banda de Sergio desde o início dos anos 1970. A decisão de partir de vez, com a família, para os EUA, onde fez duas viagens ao lado de Frank Sinatra, com quem cultivou uma frutífera amizade, foi precipitada pela instabilidade do Brasil após o golpe militar de 1964.
Na Terra do Tio Sam, Sergio Mendes se destacou como o brasileiro com mais gravações no Top 100 das paradas americanas (no total, são 14 — de “Mas que nada”, que alcançou o 47º lugar em 1966, até ” Olympia”, que alcançou a 58ª posição em 1984).
Em 1967, alcançou o quarto lugar nas rádios norte-americanas com a versão bossa nova de “The Look of Love”, de Burt Bacharach e Hal David. Quinze anos depois, o hit “Never going let you go” alcançou a mesma posição e explodiu até no Japão.
— Quando “Mas que nada” chegou aos EUA em 1966, dois meses depois foi o maior sucesso também no Brasil. Não é que busquei o sucesso nos EUA, no Brasil, no Japão ou nas Filipinas. A música é assim — disse ele, em entrevista recente ao GLOBO, destacando que está comprometido em “produzir música para o mundo”.
Outro grande sucesso de Sergio Mendes & Brasil 66 foi “Fool on the hill”, música dos Beatles, que deu título ao LP de 1968 do grupo. O próprio Paul McCartney aprovou a versão:
— Meu negócio sempre foi melodia. Eu estava passando o réveillon em Acapulco com o Herb Alpert e ele trouxe o álbum “Fool on the hill”. Adorei e fiz um arranjo de samba. Chegamos em Los Angeles e gravamos imediatamente. Em 2013, fiz uma homenagem a Paul McCartney em Los Angeles, e ele mandou uma carta dizendo que era a melhor versão da música — disse Mendes, em outra entrevista ao GLOBO, em 2015.
Em 1992, o niteroiense gravou o álbum “Brasileiro” (que ganhou o Grammy de música mundial), com diversas músicas de Carlinhos Brown, então ainda uma promessa do pop nacional. Duas décadas depois, em 2012, a dupla foi indicada ao Oscar por “Real in Rio”, música feita para o filme de animação “Rio” (2011).
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