Onde está a poesia? Na palavra? Em um verso? A resposta é sim. Mas vai mais longe: a poesia também está presente num gesto, num giro, numa dança, num rasgar de folhas de papel, num grito ou no silêncio.
Para revelar – e de forma orgânica, subverter – esses tantos lugares onde a poesia pode existir, o espetáculo “Na boca muitos nomes”, idealizado pelos poetas e músicos Maju e Oliveira, estreia nesta sexta-feira (16), às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho, bairro Recife.
O projeto, com incentivo da Lei Paulo Gustavo, reúne poemas dos livros “Voar é a ordem”, de Maju, e “Nunca entristeça um corpo que diz eu te amo”, de Oliveira, em um jogo cênico onde todos os elementos – fala, canto, corpo, cenário e até Libra – estão a serviço da poesia.
“Muitos nomes na boca”
O espetáculo nasceu da pesquisa de imersão “Mover é rasgar e remendar: processos de um corpo na poesia”, com uma interação mais intensa entre as obras poéticas de Maju e Oliveira.
“Temos juntos um processo criativo muito intenso, e nossos poemas, apesar de terem características muito diferentes entre si, eles – justamente por isso, talvez – têm um diálogo muito interessante. Senti essa vontade de explorar com mais profundidade esse lugar da poesia falada, brincando com as entonações, com a textura, com os volumes, entendendo o ritmo que a poesia falada tem”, explica Maju.
Por meio desse processo de imersão e pesquisa, os poetas criaram e recriaram arranjos, improvisaram, experimentaram entonações, cadências e descobriram novos lugares para recitar seus poemas. E outros artistas se juntaram na construção do espetáculo.
Além da palavra
Além de Maju e Oliveira, “Na boca muitos nomes” também conta com, no palco, o intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) Libras Anderson Andrade, que agregou a língua de sinais à narrativa poética do espetáculo.
A preparação corporal ficou a cargo da bailarina, arte-educadora, performer e terapeuta somática Isabela Severi, que também participa do espetáculo, além do cantor Aleph Passarin, que fez a preparação vocal.
A narrativa poética de “Na boca muitos nomes” também se dá pelo cenário, desenvolvido pela artista visual, arte-educadora e designer gráfica Bárbara Melo, que também estará no palco.
“A linguagem não são apenas palavras. A língua é som, a língua é ruído, a língua é um gesto, é um molhar, é uma lágrima, então é uma espécie de luz sobre essas fissuras”, argumenta Maju sobre esse processo de “desoralização” da língua.
O trabalho coletivo de preparação e concepção do espetáculo durou cerca de três meses. Após a estreia de hoje, “Na boca muitos nomes” tem outras duas datas marcadas: no dia 18 de agosto, o espetáculo será apresentado em Triunfo, no Sertão de Pernambuco; e no dia 31 de agosto será a vez do festival Palavra, que acontecerá na Livraria do Jardim, no centro do Recife.
SERVIÇO
“Muitos nomes na boca”
Quando: Sexta-feira (16), 19h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho – Cais do Apolo, 142, Bairro do Recife – Recife/PE
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia entrada) na bilheteria do teatro
Informação: @majucavalcanti / @carlosgomes_oliveira_ / @andersonadre
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