Meteorologista alerta que fumaça e neblina seca, que cobrem o céu de Mato Grosso do Sul, atrapalham e impossibilitam o pouso de aeronaves
Os Aeroportos Internacionais de Campo Grande (CGR) e Corumbá (CMG) podem fechar para pouso nos próximos dias, devido à fumaça resultante das queimadas no Pantanal.
Em entrevista exclusiva com Correio Estadual, o meteorologista Natálio Abrahão afirmou que a fumaça e a neblina seca, que cobrem o céu de Mato Grosso do Sul, devem dificultar e impossibilitar o pouso de aeronaves. As decolagens deverão continuar normalmente.
A névoa seca é formada quando o vapor de água se condensa em combinação com poeira, fumaça e outros poluentes, o que confere ao ar uma aparência acinzentada.
A fumaça é a suspensão de produtos resultantes da combustão na atmosfera. Pode ser tóxico quando inalado. Resulta de incêndios, fogueiras, brasas e motores a gasolina/diesel.
Segundo Abrahão, a visibilidade permanece acima de mil metros no caso de neblina seca e abaixo de mil no caso de fumaça. O avião só voa com visibilidade acima de 1.500 metros.
“Para pousar é preciso ter duas condições: altura das nuvens e visibilidade horizontal. Então, não há nuvem, mas a visibilidade é inferior a 1.500 metros, que é o limite para uma aeronave conseguir pousar. A 1.400 metros, o aeroporto está fechado para todo tipo de pouso, instrumentos, visuais, qualquer que seja. E acima de 1.500, até 5.000 metros, é pousado por instrumento. Para a decolagem quem decide é o piloto. A decolagem é uma decisão do piloto. Se estiver tudo fechado, cheio de raios, trovões, se ele quiser decolar, ele é a autoridade para isso. Mas, para pousar, precisa ter essas duas condições”, explicou o meteorologista.
Veja a imagem de satélite que mostra a quantidade de fumaça/névoa seca na atmosfera:
Municípios de Mato Grosso do Sul e Paraná sofrem com fumaça em decorrência das queimadas no Pantanal.
Campo Grande (MS), Corumbá (MS), Aquidauana (MS), Miranda (MS, Anastácio (MS), Dourados (MS), Porto Murtinho (MS), Amambaí (MS), Mundo Novo, Paranavaí (PR), Loanda (PR), entre outros.
A fumaça deixa o céu nublado, cinza e com pouca visibilidade.
PANTANAL EM CHAMAS
Grandes incêndios atingem o Pantanal de Mato Grosso do Sul desde 1º de junho de 2024.
Os incêndios transformaram paisagens verdes e vivas em paisagens cinzentas e mortas. O fogo destrói florestas, áreas verdes, vegetação, florestas, biodiversidade e espécies nativas (fauna e flora) do Pantanal.
Dados do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa), do departamento de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), indicam que 395,7 mil hectares foram consumidos pelo fogo, entre 1º e 26 de junho de 2024.
De 1º de janeiro a 26 de junho deste ano, 677.975 hectares foram devastados pelo fogo, o equivalente a 4,49% do bioma.
O Pantanal sul-mato-grossense teve o pior incêndio florestal da história em 2020, quando 1.580.000 hectares foram devastados pelo fogo de janeiro a dezembro.
De janeiro a junho de 2020, 245.950 hectares foram destruídos pelo fogo. No mesmo período de 2024, eram 395,7 mil hectares.
Portanto, isso significa que o incêndio no primeiro semestre de 2024 é pior do que no mesmo período de 2020.
Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, o Pantanal vive um dos piores momentos de sua história.
“Estamos enfrentando uma das piores situações já vistas no Pantanal. Toda a bacia do Paraguai enfrenta grave escassez de água. O que temos é um detalhamento de um problema climático que vocês viram acontecer com as chuvas no Rio Grande do Sul. Sabíamos que isso aconteceria com a seca envolvendo a Amazônia e o Pantanal. Durante este período, não há relâmpagos. O que está a acontecer é devido à ação humana”, lamentou.
Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS), Polícia Militar Ambiental (PMA), Exército Brasileiro, Marinha do Brasil, Força Nacional, Sistema Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Homem Pantaneiro (IHP), SOS Pantanal e brigadas voluntárias tentam controlar o fogo no Pantanal Sul-Mato Grosso.
O governo de Mato Grosso do Sul declarou, nesta segunda-feira (24), situação de emergência em decorrência dos incêndios florestais no Pantanal. O decreto facilita o acesso a recursos extraordinários para enfrentar esta situação.
“Através deste decreto emergencial do Governo do Estado, estão abertas as portas para os municípios solicitarem recursos de combate aos incêndios florestais. É importante que isso seja feito e que todos os prefeitos que precisarem entrem em contato com o coordenador municipal da Defesa Civil para que ele inclua o município no sistema S2ID”, disse o coordenador-geral da Coordenação Estadual de Proteção e Defesa Civil de Mato Grosso do Sul, Hugo Djan Leite.
Simone Tebet destacou que foi importante a ação do governo do MS ao declarar a emergência ambiental. “Isso abre a possibilidade de criação de créditos extraordinários. Não faltarão recursos nem orçamento para resolver isto. Agora não há orçamento no mundo ou no Brasil que resolva o problema de conscientização da população”, afirmou.
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