Até 15 de junho deste ano, segundo dados do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa), do departamento de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 479,9 mil hectares do bioma já haviam sido consumidos pelo fogo no Pantanal. , valor que já representa quase o dobro do que foi devastado no mesmo período de 2020, ano em que o bioma registrou o pior incêndio da história.
Naquele ano, até 15 de junho, foram consumidos 245.950 hectares, o que significa que este ano o aumento é de 95% na área devastada.
Dados da Lasa/UFRJ mostram que os incêndios deste ano começaram muito cedo, para se ter uma ideia, apenas nos três primeiros dias do ano a área queimada no Pantanal caiu abaixo do total de 2020, no mesmo período, quando houve foram 500 hectares contra 700 ha.
Porém, desde então, o ano de 2024 despontou como um dos piores da série histórica da plataforma, que analisa dados do bioma desde 2012.
Para se ter uma ideia da agressividade das chamas em 2024, no ano recorde, a área total consumida só atingiu o patamar atual entre os dias 24 e 25 de julho, ou seja, este ano está com cerca de 40 dias de “adiantamento” a devastação. .
A situação também alertou o governo federal, que na semana passada criou uma sala de situação preventiva para lidar com a seca e o combate a incêndios no país, especialmente no Pantanal e na Amazônia.
Segundo a ministra do Ambiente e das Alterações Climáticas, Marina Silva, há um agravamento dos problemas climáticos e as consequências chegarão no início deste ano, com repercussões ambientais “muito graves”.
O Pantanal já vive uma seca severa, com escassez de água em toda a bacia. Historicamente, os incêndios aumentam em agosto.
Segundo o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, o Pantanal nunca teve fogo no primeiro semestre, pelo menos não em grandes quantidades, como está acontecendo agora.
Segundo o governo do Estado, o Corpo de Bombeiros atua no bioma há 77 dias combatendo incêndios florestais em diversas regiões.
As ações foram reforçadas pelo avião ‘trator aéreo’ na semana passada, a aeronave pode jogar água em locais de difícil acesso e também tem papel importante no reconhecimento das chamas.
Segundo o governo, os bombeiros trabalham para resgatar moradores ribeirinhos e também para chegar a locais onde as chamas ameaçam as residências.
“No sábado (15), em outra área a cerca de 30 quilômetros de Corumbá, os bombeiros resgataram uma família ribeirinha que tinha a casa cercada pelo fogo e não conseguiu sair. A mãe e os três filhos – de 10, 5 anos e 12 meses – foram levados para a cidade e as equipes conseguiram proteger a casa e apagar as chamas”, diz trecho da nota do Estado.
Ainda segundo o governo do Estado, na atual fase da Operação Pantanal 2024, mais de 100 bombeiros e militares atuam nas operações de combate a incêndios, inclusive com apoio do Exército e da Marinha.
Contudo, além dos Bombeiros, também colaboram no combate às chamas bombeiros de diversas entidades. Segundo o chefe da Brigada Alto Pantanal do Instituto Homem Pantaneir (IHP), Manoel Garcia, o trabalho envolve superação de brigadistas.
“A gente viaja uma hora de caminhão, imagina se tivesse que vir a pé, seriam dois dias de caminhada, e aí chegaríamos cansados. Se não tivéssemos o apoio das fazendas não conseguiríamos chegar nas lutas, pela distância, pela dificuldade, por causa do nosso bioma, que é muito diferente, é pantanal, é mata alta”, diz García.
O grupo de bombeiros do IHP diz ter contado com o apoio da Fazenda Santa Tereza, que ajudou com caminhões e tratores a chegar ao local do incêndio.
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