O Fundo Pantanal Climático, ferramenta criada dentro da nova lei do bioma (Lei Estadual nº 6.160/2023), que entrou em vigor em fevereiro deste ano, deverá começar a remunerar os produtores rurais que preservam a região a partir do próximo ano.
As regras do edital de registro ainda estão em fase de elaboração, mas devem ser publicadas em julho deste ano, com prazo para inscrição dos produtores rurais.
Segundo Artur Henrique Leite Falcette, secretário executivo de Meio Ambiente da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), embora o edital esteja previsto para ser publicado no próximo mês, com tempo necessário entre inscrição, validação do candidato e aprovação do pagamento, a transferência deverá ser entre o final deste ano e o início do próximo.
“O recurso para [Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais] O PSA para este primeiro ciclo está garantido. Se conseguirmos viabilizá-lo ainda este ano, não há problema. A verdadeira questão é quanto tempo leva para o produtor se inscrever. O limitante nesse momento é que o edital está bem estruturado e vamos entender se 30 dias são suficientes. Talvez não seja pelo Pantanal”, explicou.
“A questão da distância, do acesso, da comunicação, é bastante impactante para a gente ter uma adesão satisfatória. Pode ser que esse edital fique aberto mais um pouco para que possamos tentar uma resposta maior”, acrescentou Falcette.
A ideia estudada é dar 60 dias aos produtores da região. Após a inscrição, há um período de validação e depois possíveis objeções dos candidatos, só então, após esses prazos, o valor deve chegar às mãos dos aprovados.
REGRAS
Segundo o secretário executivo, dentre os critérios que serão utilizados, o tamanho da área preservada além do determinado pela legislação é um dos mais importantes, porém, não será o único fator determinante para o valor a ser repassado.
“Para o produtor rural a ideia é olhar de forma muito sintética, porque não dá para ser muito analítico, mas [analisar] para duas perguntas. A primeira é quanta conservação existe naquela propriedade. E há uma série de métricas para isso, a mais simples é o que aquele imóvel preserva além do que está estabelecido na legislação. Outro olhar será também como ocorre a produção dentro desta propriedade, o que é um aspecto importante. E depois estamos discutindo outras frentes”, afirmou Falcette.
“Temos observado outras questões para tentar transferir algum tipo de recurso para quem trabalha em práticas que não são práticas de produção, mas são práticas que ajudam na conservação. Então quem tem brigada, quem está bem equipado, quem tem plano de prevenção e controle, quem ajuda na manutenção de pontes, aterros, pontes que ficam perto de propriedades, limpeza e manutenção, enfim, tem uma série de ações que quem está dentro do bioma pode fazer [para se candidata] e que de alguma forma tem um impacto muito grande do ponto de vista dos serviços ecossistêmicos, que não necessariamente estão diretamente associados à produção e à propriedade rural”, completou a explicação.
As negociações para finalizar esse texto estão em andamento e devem seguir até o próximo mês, quando deverá ser publicado o regulamento do fundo, bem como o primeiro edital do Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) do Pantanal Mato-grossense.
Esse primeiro aviso deverá durar um ano, com pagamentos divididos em duas parcelas, sendo a primeira paga assim que o produtor for considerado apto, e a segunda será realizada ao final do período.
Quem for aprovado neste edital não terá limitações de participação de quem segue, pois a ideia é aumentar a preservação do bioma.
“A ideia é justamente provocar ações contínuas de conservação. É exatamente isso que queremos. O pior cenário é um produtor aderir, a gente dá esse recurso para ele e só mantém ele no programa por um ano e ano que vem ele abandona e regride. Então acabamos de gastar dinheiro. E cada vez que você entra novamente no PSA é uma nova ação de melhoria, restauração, conservação que você tem que fazer”, disse Falcette.
Os projetos de conservação e restauro do imóvel serão realizados em conjunto pela equipe técnica da Semadesc e pelo responsável pela área. “[Será escolhida] uma ação que seja viável e que ele tenha recursos para fazer”.
RECURSOS
Assim que foi criado, o Fundo Pantanal Climático já recebeu um repasse de R$ 40 milhões, aportado pelo governo do Estado, agora a Secretaria do Meio Ambiente busca outras parcerias para “aprimorar” a ferramenta.
De acordo com a questão Correio Estadual, publicado na edição desta quinta-feira (13), duas multinacionais ligadas à cadeia produtiva da pecuária têm interesse em investir no fundo. Além deles, uma organização não governamental (ONG) ligada ao meio ambiente também se dispôs a colaborar.
A expectativa é que esses três grupos fechem a parceria até o final deste ano.
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