Mariana Agostinho Defensora, de 32 anos, encontrada morta no final da tarde desta terça-feira (24), em Ivinhema, foi esfaqueada 58 vezes, sendo 17 só no rosto. O marido dela, identificado pelas iniciais JPS, também de 32 anos, confessou o crime.
Segundo o chefe da Delegacia de Polícia Civil de Ivinhema, Gustavo Oliveira dos Santos, o crime aconteceu após uma briga por causa de uma festa à qual JPS havia ido, chegou atrasado e Mariana não gostou.
Em seguida, JPS contou à polícia que colocou a esposa e as duas filhas do casal no carro e começou a dirigir pela cidade, parando em frente ao canavial – onde Mariana desceu do veículo e os dois começaram a discutir mais acaloradamente. .
Nesse momento, JPS bateu 58 vezes em Mariana, levou-a para o canavial e voltou para o carro, onde foi questionado pelas crianças onde estava a mãe. Para se justificar, disse que Mariana dormiria naquele lugar.
Segundo a reconstituição dos factos, após o homicídio, JPS deixou as duas filhas em frente à casa da mãe de Mariana e seguiu sem rumo pelas zonas rurais, parando de um lado para o outro para pedir uma corda. Testemunhas afirmaram que JPS disse que o objetivo era ajudar a destravar seu carro.
Quando conseguiu, tentou se matar enforcando-se na porta do carro, mas sobreviveu. Ele foi encontrado inconsciente no carro do casal junto com uma faca com sangue e o celular da menina com vestígios de argila.
Inconsciente e com lesão no pescoço (possivelmente pela tentativa de enforcamento), foi transferido para o hospital do município de Dourados e levado para a ala vermelha.
Ainda internado, ele confessou que matou Mariana na frente das filhas do casal e revelou que deixou o corpo nos fundos de um posto de gasolina desativado, entre as cidades de Ivinhema e Deodápolis. Equipes fizeram buscas e conseguiram localizar o corpo em meio a um canavial.
Em postagem nas redes sociais, uma das sobrinhas de Mariana escreveu que a tia desapareceu por volta das 19h daquele dia, após uma discussão com o marido. A filha do casal informou à polícia que ouviu o pai dizer que estava levando a mãe para o ‘mato’.
O homem foi preso e deve responder por feminicídio, motivo fútil por meios cruéis e recurso que dificultou a defesa da vítima.
2º feminicídio no dia
Mariana foi a segunda vítima de feminicídio em menos de 24 horas no Mato Grosso do Sul e a 22ª do ano no Estado.
Na noite de segunda-feira (23), Marlene Salete Mees, 54 anos, foi morta a facadas pelo maridoJair da Conceição, 51 anos, no bairro Fração da Chácara, em Amambai, na presença dos filhos de 9, 10 e 11 anos.
Segundo informações, a filha mais velha do casal acionou a Polícia Militar. Ao chegar na residência, os policiais ouviram os gritos de socorro da vítima pela porta do quarto, que estava trancada.
A porta foi arrombada e a vítima estava na cama, ainda viva, mas com nove facadas.
O homem estava encostado na parede, segurando a faca contra o pescoço e ameaçando se matar, além de impedir a entrada dos bombeiros para socorrer a vítima.
Como a mulher estava em estado grave, os policiais atiraram na mão do suspeito com uma bala de borracha. Ele foi desarmado, imobilizado e levado ao Hospital Regional, onde deu entrada com escolta policial.
O Corpo de Bombeiros conseguiu entrar na casa, mas a vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Dados de Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) apontar que 21 mulheres foram vítimas de feminicídioentre 1º de janeiro e 24 de setembro de 2024, em Mato Grosso do Sul.
Desse número, 5 ocorreram em Campo Grande e 16 no interior. Os óbitos foram registrados em janeiro (3), fevereiro (5), março (3), abril (5), junho (3), agosto (1) e setembro (1). Em 2023, 31 mulheres foram mortas.
RELATÓRIO!
A violência contra a mulher deve ser denunciada em qualquer circunstância, seja agressão física, psicológica, sexual, moral ou patrimonial.
Os números para denúncia são 180 (Assistência à Mulher), 190 (Polícia Militar) e 153 (Guarda Civil Metropolitana).
O sinal “X” vermelho, escrito na mão, significa que a vítima quer alertar que está sofrendo violência doméstica. Portanto, os cidadãos devem estar alertas, acolher e contactar as autoridades.
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