Dados do serviço de monitoramento da União Europeia mostram que Mato Grosso do Sul bateu recorde de 22 anos de emissões de gases de incêndio no Pantanal
O intenso incêndio no Pantanal este ano não só causou danos ambientais e problemas de saúde, principalmente problemas respiratórios, mas também atingiu recorde nas emissões de gases de efeito estufa, o que pode significar uma perda milionária em créditos de carbono que poderiam ter sido calculados e vendido. .
O monitoramento realizado há mais de duas décadas identificou que em 2024 as queimadas emitiram 15 milhões de toneladas de gases poluentes somente no Mato Grosso do Sul. Se todo esse volume fosse mantido na natureza, no mercado de serviços ecossistêmicos o valor poderia chegar a US$ 360 milhões (cerca de R$ 1,99 bilhão).
A medição ocorreu por meio do Serviço de Monitoramento Atmosférico Copernicus (Cams), da União Europeia, e foi divulgada nesta segunda-feira (23). O valor monetário foi calculado através do cruzamento de dados de pesquisa realizada na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
O Cams monitora as emissões de gases de efeito estufa desde 2002.
“A ocorrência desses incêndios florestais pode ser considerada incomum, mesmo considerando que julho-setembro é o período em que normalmente ocorrem incêndios florestais na região”, apontou Cams, em nota.
“As temperaturas extremamente altas que a América do Sul tem experimentado nos últimos meses, a seca prolongada indicada pela baixa umidade do solo e outros fatores climatológicos provavelmente contribuíram para o aumento em grande escala das emissões de incêndios, da fumaça e dos impactos na qualidade do ar”, segue a nota.
O chamado sequestro e estoque de carbono é considerado um serviço ecossistêmico, ou seja, pode ser rentabilizado quando existe uma metodologia de trabalho que monitore a conservação de um território. Por ser um ecossistema único, o Pantanal tem potencial para fornecer uma série dos chamados serviços ecossistêmicos.
Quando ocorre a gestão sustentável dos recursos naturais no território, é possível ter um acompanhamento científico que, através de uma série de metodologias, pode permitir a venda de créditos de carbono, por exemplo. Trata-se de pagamento por serviços ambientais (PSA).
“Os serviços ecossistémicos têm as suas origens atribuídas à ecologia e à biologia da conservação, e depois à economia. Estes são os benefícios diretos e indiretos obtidos pelo homem com o funcionamento dos ecossistemas. O sequestro de carbono é definido como o processo de remoção de dióxido de carbono da atmosfera pelas plantas, com posterior armazenamento como matéria orgânica no solo. Esse fenômeno ocorre predominantemente durante o crescimento das árvores e da floresta, quando funcionam como sumidouros”, explicou a pesquisadora Larissa do Carmo Pires.
Ao atingirem o clímax do desenvolvimento, as espécies perdem essa capacidade, embora ainda mantenham a função de armazenar carbono anteriormente absorvido na forma de madeira”, acrescentou o pesquisador, que publicou em 2024 uma pesquisa sobre estoque e serviços ecossistêmicos de sequestro. de carbono para o Pantanal.
Ainda é possível ao solo sequestrar carbono através de três processos principais: humificação, agregação e sedimentação. As emissões ocorrem quando são registradas erosão, decomposição, volatilização e lixiviação.
“As zonas úmidas cobrem aproximadamente 6% a 9% da superfície terrestre do planeta, porém retêm cerca de 35% do carbono presente no solo global”, afirmou o pesquisador, mestre em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Sul (UFMS) campus Aquidauana.
Pesquisas mais recentes publicadas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul indicaram que o Custo Social do Carbono (CSC) existe. Este valor varia no mercado de venda/compra de créditos de carbono. Para o Pantanal de Aquidauana, onde ocorreram incêndios este ano, o valor sugerido seria de US$ 24 por tonelada de dióxido de carbono para o Brasil.
No Pantanal de Mato Grosso do Sul, a única certificação de crédito de carbono já emitida é na região da Serra do Amolar. Neste território ocorreram incêndios florestais em algumas áreas, mas o fogo foi menos intenso do que em outras partes do bioma.
Outras certificações no Pantanal dependem de processos que os proprietários rurais precisam submeter a certificadoras internacionais, como a Verra, após pesquisas científicas focadas na conservação.
R$ 1,99 bilhão
Em 2024, as queimadas emitiram 15 milhões de toneladas de gases poluentes em Mato Grosso do Sul. Se esse volume fosse mantido na natureza, poderia resultar em R$ 1,99 bilhão no mercado de serviços ecossistêmicos.
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