Um em cada quatro países do mundo já adotou leis que proíbem o uso de telemóveis nas escolas, de acordo com o Relatório de Monitorização Global da Educação da UNESCO. Segundo o estudo, a mera presença do celular na sala de aula causa distração entre os alunos, o que acarreta prejuízos no aprendizado. Destaca também que o uso de equipamentos eletrônicos nas salas de aula dificulta o gerenciamento das aulas pelos professores. “Estudos usando dados do PISA [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, aplicada pela OCDE] indicam uma associação negativa entre o uso de tecnologias e o desempenho dos alunos”, diz o relatório, que foi realizado em 2023. Entre os países que anunciaram a proibição estão Espanha, Grécia, Finlândia, Holanda, Suíça e México. Um dos pioneiros na proibição do uso de celulares, com uma lei de restrição de 2018. Nas escolas francesas, os alunos não podem usar os aparelhos em nenhum momento, inclusive durante o recreio. Uma exceção à regra está prevista para alguns grupos de alunos, como. como as pessoas com deficiência, que necessitam do apoio da tecnologia. Na Grécia, a medida entrou em vigor no início deste semestre letivo. Os alunos podem levar os seus telemóveis para a escola, mas precisam de os manter na mochila durante todo o período escolar. período é adotada na Dinamarca No Brasil, o governo Lula prepara um pacote de medidas para tentar conter os danos causados pelo uso excessivo de telas na infância e na adolescência, incluindo a proibição do uso de celulares pelos alunos em todo o ambiente escolar. Já existem alguns estados brasileiros que adotaram leis para restringir o uso dos equipamentos. É o caso do Rio de Janeiro, que após consulta pública, em que 83% dos entrevistados se declararam a favor da restrição, decidiu proibir o aparelho dentro e fora da sala de aula, inclusive no recreio. Outros estados criaram regras para restringir o uso do celular para atividades educativas, como é o caso de Roraima, Distrito Federal, Maranhão, Tocantins, Paraná e São Paulo. Os professores, porém, alertam que a medida é difícil de cumprir, pois é difícil monitorar o que os alunos fazem com o aparelho em mãos. Apesar de limitar o uso do celular para atividades educativas, estados como São Paulo e Paraná passaram a incentivar o uso de tecnologias digitais em suas escolas. Na rede paulista, por exemplo, os professores são cobrados para que os alunos façam redações online, exercícios em aplicativos e utilizem material digitalizado. A medida vai contra as recomendações feitas pela UNESCO no relatório. Segundo a entidade, não há evidências científicas suficientes que comprovem os benefícios do uso da tecnologia digital na educação. E alerta que os investimentos nessa área podem significar ações mais efetivas para melhorar o ensino. “A atenção excessiva à tecnologia muitas vezes tem um custo elevado. Os recursos gastos em tecnologia, em vez de salas de aula, professores e livros didáticos para crianças em países de renda baixa a média-baixa que não têm acesso a esses recursos, provavelmente colocarão o mundo numa posição ainda mais distante de alcançar a meta global de educação”, diz o relatório. *Informações da Folhapress
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