As chuvas, mais concentradas em Ponta Porã e Corumbá, devem cessar na terça-feira, e o calor voltará com temperaturas acima de 37ºC na região do Pantanal.
Alguns municípios de Mato Grosso do Sul amanheceram neste domingo (15) com chuva e clima mais agradável, após mais uma onda de calor que deixou termômetros acima de 40ºC em todas as regiões do estado. Apesar do clima mais ameno, as chuvas em Ponta Porã e Corumbá não devem ser suficientes para umedecer o solo conforme necessário, e os incêndios florestais não devem diminuir, com retorno do calor na próxima semana, segundo dados meteorológicos.
Para o Correio EstadualO meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Olívio Bahia, informou que a onda de calor passou com a chegada da frente fria, mas o calor deve voltar a partir de terça-feira (17), com temperaturas acima de 37ºC, principalmente no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Este calor deverá contribuir para a continuação dos incêndios florestais.
“Segundo dados norte-americanos, essa chuva que cai na Amazônia, no Peru, na Bolívia, no Paraguai e nas regiões sul e pantaneira de Mato Grosso do Sul não deveria umedecer o solo como seria necessário. A chuva deverá ser mais torrencial, mas até agora apenas amenizou o tempo e não deverá amenizar os incêndios florestais”, informou.
Ainda segundo dados meteorológicos, nos próximos finais de semana as chuvas em Mato Grosso do Sul deverão ser mais isoladas. Isto pode ajudar a dissipar a fumaça, mas também pode causar problemas em algumas cidades.
“As chuvas em Ponta Porã, Corumbá, e nas regiões da Bolívia, Paraguai e norte da Amazônia devem retornar no próximo final de semana em pequenas quantidades e de forma isolada, o que deve ajudar na umidade do ar. O grande problema é que a fumaça pode se deslocar para outras regiões que não receberão chuvas, como Campo Grande, e deve permanecer por mais tempo em algumas cidades”, afirmou.
“A razão pela qual digo que infelizmente teremos de conviver com o fumo é que os ventos vêm do norte do país e são em direção ao Oceano Atlântico. O que acontece é que esses ventos mudam de direção nas montanhas do Tocantins, descem para Brasília, Cuiabá, Campo Grande e seguem em direção ao Paraguai. A fumaça concentrada em Campo Grande deve diminuir caso não haja novos incêndios. Porém, se os incêndios continuarem, a tendência é piorar ainda mais, já que não há previsão de chuva para Campo Grande até o final do mês. As chuvas deverão se concentrar mais nas fronteiras com o Paraguai e a Bolívia, em direção ao norte do país”, afirmou em tom de preocupação.
Quando questionado sobre o que devemos fazer para nos proteger da fumaça, que pode ser prejudicial à saúde, o meteorologista Olívio Bahia é categórico: usar baldes de água e toalhas molhadas pode ajudar a aumentar a umidade do ar em ambientes fechados.
“Os dias devem continuar preocupantes com o retorno das altas temperaturas nos próximos dias. A fumaça deve diminuir, mas pode permanecer e, dependendo do vento, voltar a aumentar. Esses truques antigos, como usar baldes de água e toalhas pela casa, ajudam a umidificar o ar”, disse ela.
Quase 1 mil casos de incêndios em vegetação
Com a fumaça fazendo parte do cenário de Campo Grande com longo período de seca e incêndios urbanos que cobrem de fumaça a atmosfera de Campo Grande, a capital mato-grossense já registrou quase 1 mil casos de incêndios em vegetação este ano.
Dados do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul (CBMMS), informam que até o dia 13 de setembro foram atendidos 895 casos de queima de vegetação em Campo Grande, na comparação mensal, na Capital, o mês de julho teve o maior recorde com 185 serviços prestados.
Apesar do elevado número de ocorrências, comparado ao mesmo período dos anos anteriores, é possível perceber uma diminuição no número de casos em Campo Grande.
De 2021 a 2023, houve tendência de redução no número de ocorrências de incêndio em Campo Grande, e de janeiro a setembro de 2021, foram 1.951 ocorrências, que reduziram para 1.627 em 2022 e para 1.226 em 2023.
O total anual de incêndios em vegetação também mostra esta redução, passando de 2.117 em 2021 para 1.909 em 2022 e 1.549 em 2023.
Em 2023, até setembro, foram 1.226 ocorrências segundo o Corpo de Bombeiros. Em 2024, até 13 de setembro, foram registrados 895, uma redução de 26% no número de casos.
Diante da problemática dos incêndios urbanos, a Prefeitura de Campo Grande, em referência ao Agosto Laranja, realizou a campanha “Mude os hábitos, não o clima!” em agosto. da Defesa Civil, com o objetivo de conscientizar os moradores sobre a questão do perigo dos incêndios urbanos.
Mas, afinal, o que estamos respirando?
Segundo o IQAir, a qualidade do ar que os moradores de Campo Grande respiram foi apontada como insalubre, com presença de substâncias que podem causar câncer de pulmão e outras doenças.
Isso se deve à presença do Material Particulado (PM2,5), considerado pela Organização Pan-Americana da Saúde como um dos principais poluentes que podem agravar doenças respiratórias e, em níveis elevados de exposição, causar câncer de pulmão.
“A concentração de PM2,5 em Campo Grande é atualmente 13,1 vezes o valor de referência anual da OMS para qualidade do ar”, diz o site IQAir.
A Organização Mundial da Saúde estabeleceu o nível de 5 µg/m³ como parâmetro seguro para PM2,5. Com a métrica apresentada pela plataforma que realiza a medição via satélite, a diferença em relação à quantidade recomendada ultrapassou 26,1 microgramas por metro cúbico.
Apesar do nível apresentado pela IQAir, é preciso entender que a medição realizada pela empresa é feita via satélite, calculando a concentração de fumaça. Ou seja, não possui uma estação no local para estimar com precisão a quantidade de poluentes presentes na fumaça das queimadas que pairam sob o céu de Campo Grande.
Impacto na gravidez
- A exposição de 5 microgramas por metro cúbico desse poluente durante a gravidez aumenta em 4% a chance de o bebê nascer com baixo peso.
- Efeitos na saúde dos adultos
Exposição a 5 microgramas por metro cúbico por ano:
- Aumenta em 13% o risco de ataques cardíacos e mortes relacionadas a doenças cardiovasculares.
- Aumenta a chance de desenvolver câncer de pulmão em 4%.
- Mais que dobra o risco de desenvolver Alzheimer.
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