O Brasil registrou 1.015 casos comprovados ou prováveis de varíola até 7 de setembro de 2024, segundo relatório semanal do Ministério da Saúde. Não há mortes. Os números referem-se às notificações de acordo com a unidade federativa de residência.
O Sudeste lidera com 821 (80,9%) casos. São Paulo é a federação com mais inscrições, 533 (52,5% do total). Em seguida vem o Rio de Janeiro, que somou 224 (22,1%). Até o momento, a doença não circula no Amapá e no Piauí.
Dos 426 casos suspeitos no Brasil, 169 (39,7%) estão no estado de São Paulo.
São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais com mais ocorrências da doença, com 370 (36,5% do total do país) e 167 (16,5%), respectivamente.
A Mpox está mais concentrada na população masculina (94,2%), de 18 a 39 anos (70,7%). Apenas um caso foi registrado em uma criança com idade entre zero e quatro anos. Nenhuma gestante contraiu a doença.
Do total, 71 (7,0%) pessoas necessitaram de internação. Cinco (0,5%) permaneceram internados na UTI (unidade de terapia intensiva).
No Brasil não há casos da nova cepa 1b, considerada mais transmissível e letal.
Em 2022, o Mpox disparou no país: de janeiro a dezembro, foram registrados 10.648 casos e 14 mortes. Em 2023, o Brasil registrou 853 casos e duas pessoas morreram.
Para o infectologista Alexandre Naime Barbosa, coordenador científico da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), a queda nos números se deve à divulgação de informações sobre formas de prevenção e diagnóstico entre as populações mais vulneráveis - homens que fazem sexo com homens, gays, travestis e mulheres trans.
Segundo o especialista, a maior parte dos casos no Brasil está concentrada nesse grupo.
“Esse é um dado estatístico. É um assunto delicado, que precisa ser discutido sem estigmatização ou preconceito. O vírus encontrou maior possibilidade de transmissão nessa população, principalmente por meio de práticas sexuais. E a mensagem sobre prevenção e busca pelo diagnóstico foi assertiva em esse grupo. O alerta e o aumento da percepção de risco nas populações mais vulneráveis fizeram com que a transmissão caísse significativamente”, afirma o infectologista.
De 2022 a 2023, o número de casos de varíola caiu 91,9%. Naime também atribui a queda acentuada à subnotificação. Segundo o infectologista, 50% a 60% dos casos são leves, com poucos sintomas. Além disso, ainda existem barreiras que impedem os pacientes com suspeita de terem a doença de procurar o serviço de saúde, como o medo ou a vergonha pelas lesões. A pessoa tem medo de ser julgada pelo seu comportamento.
O aumento de casos de 2023 para 2024 pode ser reflexo da Mpox ter sido declarada emergência de saúde pública global pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em agosto. A vigilância do país melhorou.
“Podemos dizer que, hoje em dia, o mundo como um todo está muito mais preparado para rastrear e identificar casos. Até o momento, só houve dois casos do clado 1b fora da África. O alerta funcionou”, afirma Alexandre Naime Barbosa.
CENÁRIO INTERNACIONAL
De Janeiro a 8 de Setembro de 2024, foram notificados 24.873 casos de Mpox em 14 países da região africana, dos quais 5.549 foram confirmados. No período, 643 pessoas morreram.
– África do Sul: 24 casos e três mortes
– Burundi: 328 casos
– Camarões: cinco casos e três mortes
– Congo: 21 casos
– Costa do Marfim: 43 casos e uma morte
– Gabão: dois casos
– Guiné: um caso
– Libéria: oito casos confirmados
– Nigéria: 48 casos
– Quénia: cinco casos
– República Centro-Africana: 48 casos e uma morte
– República Democrática do Congo: 5.002 casos e 635 mortes
– Ruanda: quatro casos
– Uganda: dez casos
República Democrática do Congo, Ruanda, Uganda, Quénia e Burundi têm casos da estirpe 1b. Além disso, a Suécia e a Tailândia confirmaram a ocorrência de um caso importado cada.
A DOENÇA
Mpox é uma doença viral transmitida por pessoas, roedores infectados e materiais contaminados com o vírus. A principal forma de transmissão é através do contato íntimo.
Os sintomas são erupções cutâneas ou lesões cutâneas, febre, inchaço, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fraqueza.
O intervalo entre o primeiro contato com o vírus e o início dos sinais e sintomas é de três a 16 dias, mas pode chegar a 21. Após a manifestação de sintomas como erupções cutâneas, período em que as crostas desaparecem, o doente pessoa deixa de transmitir o vírus.
As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com líquido transparente ou amarelado, podendo formar crostas, que secam e caem. Podem ocorrer em qualquer parte do corpo, como boca, olhos, órgãos genitais e ânus, mas tendem a se concentrar no rosto, palmas das mãos e solas dos pés.
*Informações da Folhapress
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