O dólar fechou com queda firme de 0,90% nesta sexta-feira (13), a R$ 5,566, com o mercado debatendo mais uma vez o tamanho do corte que o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) deverá fazer na taxa de juros.
As autoridades de política monetária reunir-se-ão na próxima semana e os investidores especulam se a redução será de 0,25 ou 0,50 pontos percentuais.
As apostas num corte maior fizeram com que o dólar caísse globalmente e alimentaram a procura por activos mais arriscados. A Bolsa de Valores brasileira, diante do novo impulso, fechou em alta de 0,63%, aos 134.881 pontos.
Os ajustamentos às previsões relativas à política monetária dos Estados Unidos ocorrem poucos dias antes da reunião da Fed que deverá dar início ao tão aguardado ciclo de flexibilização das taxas de juro, marcada para 17 e 18 de setembro. A alíquota está na faixa de 5,25% a 5,5% desde julho do ano passado – o nível mais restritivo em duas décadas.
Ao longo da semana, os dados de inflação ao consumidor acima do esperado para agosto e os números benignos do mercado de trabalho consolidaram as previsões em torno de uma redução de 0,25 ponto percentual.
As apostas com corte de 0,50 ponto, porém, voltaram a ganhar espaço entre as operadoras. O ex-presidente do Fed de Nova York, Bill Dudley, disse que havia fortes argumentos para uma redução adicional, enquanto os meios de comunicação consideraram a decisão “apertada”.
Na quinta-feira, o corte de 0,25 ponto reuniu 87% dos agentes financeiros, segundo a ferramenta FedWatch, com os restantes 13% focados na redução de 0,50. Agora, as proporções são de 51% e 49%, respectivamente, indicando um mercado dividido.
O Fed trabalha com duplo mandato, ou seja, monitora de perto a inflação e os dados trabalhistas para decidir sobre as taxas de juros. O objetivo é alcançar o chamado “pouso suave”, quando as taxas inflacionárias convergem para a meta sem grandes prejuízos à empregabilidade do país.
Um corte de 0,50 pontos permitiria à Fed repor os custos dos empréstimos para níveis normais mais rapidamente, eliminando restrições à economia e protegendo o mercado de trabalho de uma maior fraqueza.
Por outro lado, poderá gerar interpretações de que o banco central está preocupado com as perspectivas económicas, levando os mercados financeiros a precificarem uma redução mais dramática nas taxas a partir desta semana.
“Pode-se defender 0,50 ponto, mas as comunicações em torno disso são complicadas e não há razão convincente para aceitar este desafio”, disse Loretta Mester, que se aposentou como presidente do Fed de Cleveland em junho.
A retomada da incerteza quanto ao tamanho do corte derrubou os rendimentos dos Treasuries, os títulos vinculados ao Tesouro dos EUA, o que tornou o dólar menos atrativo para investimentos globalmente.
Para o real, outro fator relevante também entrou em jogo: a discussão em torno da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
Desde a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em julho, diretores do BC (Banco Central) reiteraram que está sobre a mesa um novo ciclo de aperto para levar a inflação de volta ao centro da meta, se dados macroeconômicos indicarem precisar.
O comitê trabalha com a meta de inflação de 3%, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda) e com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a alta dos preços.
Na terça-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial do país, caiu 0,02% em agosto. No acumulado do ano, a inflação começou a registrar queda, em 4,24% – desaceleração em relação aos 4,5% de julho, teto da meta do BC.
A deflação não reverteu as apostas de que a Selic subiria 0,25 ponto na próxima reunião do BC, também marcada para 17 e 18 de agosto. A percepção do mercado foi reforçada com dados do setor de serviços, divulgados pelo IBGE na quarta, e das vendas no varejo, na quinta.
Nesta sexta-feira, dados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do BC), considerado uma espécie de “prévia” do PIB, mostraram que a economia brasileira caiu 0,4% em julho em relação ao mês anterior. O resultado marcou perdas em relação a junho, quando houve alta de 1,4%, mas ainda assim foi melhor que a expectativa em pesquisa da Reuters, de queda de 0,9%.
Os dados indicam “um nível de atividade ainda forte, o que reforça o cenário de aumento de 0,25 ponto na Selic”, afirma Patrícia Krause, economista-chefe para a América Latina da Coface.
Quanto maiores as taxas de juros no Brasil e menores nos Estados Unidos, melhor para o real, que se torna mais atrativo para investimentos “carry trade” – ou seja, quando os investidores contraem empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países com altas taxas. , para obter lucro sobre o diferencial de juros.
No cenário corporativo, a Vale subiu 0,67%, mesmo com a desvalorização do minério de ferro na China. A Petrobras reverteu os ganhos anteriores, com as ações preferenciais e ordinárias caindo 0,46% e 0,29%, respectivamente, apesar do avanço dos preços do petróleo no exterior.
A atuação da petroleira foi afetada pelas falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chamou de “bando de imbecis” os que defendem a privatização da estatal e afirmou que a operação Lava Jato não teve como objetivo prender pessoas corruptas, mas sim desmoralizar a empresa. empresa para vendê-lo.
Outro destaque do pregão foi a valorização de 22,52% nas ações da Azul, em meio a notícias de que a companhia aérea estava próxima de fechar um acordo de reestruturação de dívidas com arrendadores de aviões. A empresa, segundo a Reuters, estaria oferecendo ações para pagar cerca de US$ 600 milhões em dívidas.
*Informações da Folhapress
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