O Pantanal vive um dos piores anos em termos de incêndios florestais de sua história. Até o momento, mais de 2,8 milhões de hectares, representando cerca de 18% do bioma, foram consumidos pelo fogo. O diagnóstico do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), é que a situação pode piorar, tornando 2024 o ano mais devastador da história.
Em entrevista à GloboNews, Riedel afirmou que as condições climáticas deste ano são piores que as de 2020, o que contribuiu para que o bioma tivesse um número de focos de incêndio maior do que no ano recorde em hectares queimados.
“O importante é que as condições climáticas do bioma este ano foram piores do que em 2020, e é aí que eu queria fazer a correlação. Estamos fazendo esses estudos porque em 2020 tivemos 4.790 surtos. Este ano já são mais de 6,7 mil focos de incêndio no bioma, não estamos mais queimando por conta do combate”, afirmou na entrevista.
“É uma lógica de aumentar cada vez mais [os esforços para o combate]seja pelos governos estaduais ou pelo próprio governo federal, em investimentos permanentes para enfrentar essas condições que são atípicas, mas que me parecem cada vez mais permanentes”, acrescentou o governador.
Este ano, segundo dados do Laboratório de Aplicações Ambientais por Satélites da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ), até o momento, o Pantanal teve 2,8 milhões de hectares queimados, o que corresponde a 18% de sua extensão total. Em 2020, ano que ainda registra o número de áreas queimadas, 3,6 milhões de hectares foram devastados.
“Estamos ultrapassando 2,7 milhões de hectares no bioma Pantanal, e com condições climáticas [piores]. E aí a má notícia é que, nas próximas duas semanas, ainda teremos condições climáticas desfavoráveis e teremos que continuar com todas as forças no bioma, lutando”, continuou Riedel.
Com essa realidade e a projeção de continuidade da seca no bioma, o governador mostrou-se pessimista quanto ao futuro das queimadas na região.
“Sem dúvida, acho que podemos chegar ao mesmo número de 2020. Dependerá muito da duração deste período na condição que vivemos hoje. Temos umidade relativa inferior a 10%, ventos acima de 30 quilômetros por hora, calor muito intenso. Hoje [quarta-feira] 39°C, 40°C está previsto. São condições em que a propagação de qualquer surto é muito rápida”, revelou o governador.
LUTAR
Para tentar responder rapidamente aos incêndios, o Corpo de Bombeiros e os bombeiros do Prevfogo ainda estão na região.
Segundo o governador do Estado, desde o início da operação na região, foram mobilizadas mais de 1.688 pessoas, entre elas: 1.018 bombeiros estaduais; 264 da Força Nacional; e 52 do Conselho Nacional dos Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom).
Atualmente, são 164 bombeiros, 76 militares da Força Nacional e 13 militares do Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe, além de militares da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro, da Força Aérea Brasileira, da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, agentes do Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), brigadistas do PrevFogo e da Polícia Federal.
As ações estão concentradas em 10 frentes, incluindo região de Paiaguás, Paraguai Mirim, Nabileque, Porto Índio, Miranda, Aquidauana e Porto Murtinho.
QUALIDADE DO AR
Com tantos incêndios, a qualidade do ar em Corumbá e Ladário tem sido um problema. O Prevfogo/Ibama mantém um posto em Corumbá, na base dos brigadistas, no Parque Marina Gattass, para análise da qualidade do ar.
A medição desta semana indicou uma concentração muito elevada de poluentes, com níveis muito superiores aos de países cujo ar está entre os mais poluídos do mundo, segundo a World Air Quality. Na terça-feira o nível identificado para Corumbá foi 448 PM 2,5. Ontem, a medição marcava 433.
Essa medida são partículas sólidas com tamanho inferior a 2,5 micrômetros, suficientes para entrar na corrente sanguínea e causar uma série de problemas de saúde a médio e longo prazo, além de aumento de alergias em curto prazo. (Contribuição de Rodolfo César)
Descobrir
A densa fumaça das queimadas que cobre o céu de Corumbá e Ladário foi agravada pelos incêndios na Bolívia.
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