Só na última semana, 3.107 pacientes com sintomas gastrointestinais foram atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento e Regionais de Saúde de Campo Grande
Na última semana, o aumento no número de atendimentos a pacientes com sintomas de gastroenterite – inflamação ou infecção que causa sintomas como diarreia, vômito, febre e cólicas abdominais – deixou a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) em alerta.
Somente entre 1º e 7 de setembro, 3.107 casos foram atendidos nas unidades de saúde de Campo Grande, número 157,4% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
Desde o início do ano, foram 68.040 casos, 36,08% a mais que os 49.997 registrados no mesmo período do ano passado.
Segundo a chefe da Sesau, Rosana Leite de Melo, a grande maioria dos casos é causada por vírus, um tipo de gastroenterite menos grave do que se fosse causada por bactérias.
“A diarreia viral, clinicamente, é um pouco mais branda que a diarreia bacteriana. São esses casos que estamos monitorando”, afirmou o secretário.
Alguns dos sintomas comuns nos pacientes são dor abdominal e pelo menos três episódios de diarreia.
“Mas essa diarreia normalmente não tem muco, não tem sangue. Nesses casos, que estamos tratando, o paciente vai para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e a maioria, mais de 90%, volta para casa”, explicou Leite.
O secretário também comentou a superlotação de hospitais e unidades de saúde de Campo Grande, cenário que tem sido agravado pelo aumento de doenças virais e respiratórias causadas pelas condições climáticas. Ela acredita que grande parte da longa espera nas filas se deve ao fato de as pessoas procurarem atendimento no local errado.
Para explicar, ela cita as classificações de risco nas unidades, que são divididas em CR Azul, CR Verde, CR Amarelo e CR Vermelho. A classificação vermelha, de maior complexidade, indica atendimento imediato; amarelo indica serviço dentro de 10 a 20 minutos; verde indica espera de 30 minutos; e a azul, de menor complexidade, indica que o paciente pode aguardar de 3 a 4 horas.
Na semana passada, a espera média foi de 4 horas nas UBS da Capital.
Segundo o secretário, o local ideal para atendimento aos pacientes de baixa complexidade (CR Azul) seriam nas Unidades de Saúde da Família (USF). Porém, levantamento da Sesau mostra que, em diversas unidades, mais de 10% dos pacientes atendidos são classificados na cor azul.
No Centro Regional de Saúde do bairro Tiradentes, por exemplo, 26,71% dos pacientes atendidos eram de baixa complexidade. Na Unidade de Pronto Atendimento do bairro Universitário, 20,54% dos pacientes eram do CR Azul. Rosana destaca que essas pessoas poderiam ter sido atendidas mais rapidamente nas USFs, o que reduziria o fluxo nessas unidades e, consequentemente, o tempo de espera.
“A Unidade de Saúde da Família, seguindo a política nacional de atenção básica, é projetada para atender necessidades de baixa complexidade, urgentes. O paciente que tem dor abdominal leve, desconforto, náusea, vai até a unidade próxima e tem que ser atendido”, disse. reforçado.
Além dos classificados como de baixa complexidade, na cor azul, cerca de metade dos pacientes que recebem a cor verde também poderiam ser tratados nas USF, por não apresentarem maiores riscos ou complexidade. Mas como os pacientes de baixa complexidade acabam optando pelas UPAs e pelos CRS, eles são “deixados de lado”, justamente por exigirem menos urgência no atendimento – o que acarreta maior espera.
Quando procurar atendimento médico?
Questionada sobre como saber quando e quando é necessário procurar atendimento médico, a secretária explicou que varia de pessoa para pessoa. Um ser humano adulto saudável, por exemplo, que apresente sintomas do vírus, pode iniciar o tratamento domiciliar, por meio de hidratação. Caso o sintoma persista por um período de dois a três dias, é recomendado procurar atendimento.
Em outros casos, como imunossuprimidos, crianças e idosos, o ideal é procurar atendimento imediato, pois às vezes é necessária hidratação com soro.
Quando procurar UBS e UPAs?
Para o UBS São locais onde os usuários do SUS podem receber atendimento médico para diagnóstico e tratamento de cerca de 80% dos problemas de saúde. É nessas unidades que a população tem acesso gratuito a medicamentos e vacinas, recebe pré-natal, acompanha pacientes hipertensos e diabéticos e outras doenças, como tuberculose e hanseníase.
As UBS são a porta de entrada do SUS, contribuindo para o aumento da qualidade de vida e redução de encaminhamentos para hospitais.
Para o Unidades de Pronto Atendimento (UPA) Eles funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana e podem resolver a maioria das emergências, como hipertensão e febre, fraturas, cortes, ataques cardíacos e derrames.
A estrutura simplificada, com radiografia, eletrocardiografia, pediatria, laboratório de exames e leitos de observação, ajuda a reduzir filas nos pronto-socorros dos hospitais.
Quando o paciente chega às unidades, os médicos prestam atendimento, controlam o problema e detalham o diagnóstico.
Nas localidades onde são atendidas integralmente, as unidades têm capacidade para atender mais de 90% dos pacientes sem necessidade de encaminhamento ao pronto-socorro do hospital. Essas unidades estão vinculadas diretamente ao SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.
Hospitais Devem ser procurados em situações de emergência que necessitem de internação, cirurgias, acompanhamento cirúrgico, exames mais elaborados, maternidade, exames de imagem e casos mais complexos.
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