O ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convoque imediatamente mais bombeiros para a Força Nacional para ajudar no combate aos incêndios que assolam o país.
O número de agentes deverá ser definido pelo Ministério da Justiça. Esses brigadistas serão enviados pelas forças de estados que não enfrentam incêndios.
A decisão foi tomada após audiência de conciliação, realizada nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal, como parte de um processo que discute a atuação do Executivo contra as queimadas no Pantanal e na Amazônia. O pedido deve ser atendido em cinco dias.
“A partir de agora fica estabelecida a obrigação da União de manter um combate eficaz e completo às frentes de incêndio, imediatamente após a sua identificação”, disse Dino.
Segundo Dino, a audiência desta terça tratou das medidas adotadas pelo governo federal. No dia 19 de setembro está prevista outra para tratar das ações dos estados (os nove estados da Amazônia legal e Mato Grosso do Sul, no que diz respeito ao Pantanal).
De acordo com a determinação, o departamento comandado por Ricardo Lewandowski deverá definir o número de bombeiros e informar o Supremo Tribunal Federal, tendo em conta a informação prestada em audiência pelo secretário executivo do Ministério do Ambiente, João Ribeiro Capobianco, para o efeito. que nem todas as frentes de incêndio estão sendo combatidas neste momento.
Capobianco disse, na audiência, que os incêndios no Pantanal são inteiramente causados pela ação humana. Segundo ele, é fundamental discutir a responsabilização pelo uso do fogo para fins de produção agrícola.
Flávio Dino afirmou que o absurdo não pode ser normalizado e comparou a atual situação ambiental à pandemia da Covid-19.
“Temos de ficar espantados com o facto de, neste momento, 60% do território nacional estar, direta ou indiretamente, a sentir os efeitos dos incêndios florestais e das queimadas. vivemos uma autêntica pandemia de incêndios florestais”, afirmou.
Segundo o relator, assim como diante da pandemia do coronavírus ou da tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, os três Poderes devem se mobilizar neste momento.
“A mesma mobilização deve ser feita, deve ser reforçada e ampliada, para que esta pandemia possa ser enfrentada, já que estamos a falar de danos à vida humana, à fauna e à flora, muitas vezes irreparáveis, à saúde humana e danos económicos ao país , desde a economia popular diante do aumento dos preços, até o risco de retaliação contra o nosso país”, afirmou.
Dino determinou que as Polícias Federal e Civil, além da Força Nacional, realizem um mutirão para investigar e combater as causas dos incêndios provocados pela ação humana em 20 municípios listados em audiência pela AGU (Procuradoria-Geral da República). Atualmente, esses locais são responsáveis por cerca de 85% dos focos de incêndio em todo o país.
O Ministério Público e o Judiciário, segundo decisão do ministro, também devem participar do esforço.
Representantes da União, de entidades da sociedade civil e dos responsáveis pelas ações em discussão no STF estiveram no Supremo para a reunião convocada pelo ministro.
O secretário executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos de Almeida Neto, disse ao repórter que o departamento acolheu com satisfação as determinações do ministro Dino, que tratam dos incêndios no Brasil. Ele destacou que o ministério intensificou suas ações de combate e prevenção de incêndios.
“Estamos utilizando o máximo de recursos possíveis. Em 2022, foram destinados cerca de R$ 9,4 milhões aos estados para custear forças de segurança no combate a incêndios. Em 2024, somente até agosto, esse valor já foi quadruplicado, totalizando R$ 38,6 milhões, além dos gastos com a PF (Polícia Federal) e PRF (Polícia Rodoviária Federal). Esse aumento de 400% revela o comprometimento do MJSP, na gestão do presidente Lula, com o combate aos incêndios”, declarou.
O secretário executivo acrescentou que quem provocar incêndios, expondo a perigo a vida e a integridade física das pessoas, em culturas, pastagens, matas ou matas, de forma intencional, estará sujeito a penas até oito anos de prisão.
Ainda durante a reunião, Dino fez questão de antecipar possíveis críticas dada a prorrogação das medidas ordenadas e que o tribunal agiu porque foi provocado a fazê-lo, pelas ações apresentadas pelas partes.
“Estamos diante de um processo objetivo. Na realização do julgamento a metodologia é inevitavelmente participativa”, afirmou.
A lista de determinação de Dino tem nove itens. Além de convocar brigadistas e realizar mutirões, pede ao Ministério da Gestão e Inovação que apresente, no prazo de um mês, um plano de melhoria e integração dos sistemas de gestão territorial.
O governo federal ainda precisará reportar o estágio de implantação do Sisfogo (Sistema Nacional de Informações sobre Incêndios) ao Observatório Ambiental do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), no prazo de 60 dias corridos; adotar Plano de Ação Emergencial de prevenção e combate a incêndios florestais, para 2025, com integração federativa, disponibilização de recursos materiais e humanos, campanhas publicitárias prévias, medidas disciplinares ou proibitivas quanto ao uso do fogo na agricultura, com apresentação no prazo de 90 dias para elaboração e apresentação ao relator.
Há também a determinação de aumentar o efetivo da Polícia Rodoviária Federal para fiscalizar a Amazônia e o Pantanal em cinco dias.
Ele também cita os julgamentos sobre as ações do que ficou conhecido como pacote ambiental. Desta, a última decisão foi dada por André Mendonça, no dia 3 de setembro, quando o ministro prorrogou o prazo para a União apresentar um plano contra o desmatamento na Amazônia.
Em março, o tribunal deu 90 dias para elaborar a proposta. O relator também determinou a criação de um site para divulgar as medidas a serem tomadas.
*Informações da Folhapress
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