O valor deste ano ultrapassou R$ 105 milhões, enquanto em 2020, ano que também teve crescimento, foram aplicados R$ 14,6 milhões em infrações
Com a intensificação dos incêndios florestais no Pantanal e o risco de danos à flora ser ainda maior neste ano do que em 2020, as multas também aumentaram consideravelmente. Em quatro anos, o bioma registrou um dos piores episódios de queimadas em décadas.
Dados computados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indicam que foram aplicados mais de R$ 105,2 milhões em multas nos primeiros nove meses deste ano.
As fiscalizações mais intensas do órgão federal no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul aconteceram no ano passado. Mesmo assim, os valores aplicados em multas entre janeiro e dezembro do ano passado foram 137% menores que os primeiros nove meses incompletos deste ano.
Uma das maiores multas aplicadas este ano envolveu um proprietário rural que possui uma fazenda em Poconé (MT). No dia 27 de agosto, após fiscalização, foi identificada a causa de um incêndio que devastou mais de 7,5 mil hectares de vegetação nativa, área equivalente a 10,5 mil campos de futebol. O valor total apurado foi de R$ 50 milhões.
Também foi aplicada multa de mesmo valor a uma empresa terceirizada que atua no Pantanal em Corumbá. A empresa fazia manutenção nos trilhos do trem e faíscas provocaram o incêndio, que virou incêndio, na região de Porto Esperança. Neste caso, os fiscais constataram que o incêndio consumiu 17.817 hectares de vegetação nativa.
Em relação aos municípios com maior número de infrações registradas até o momento, Corumbá aparece na frente, com 13 registros. Em Aquidauana foram duas infrações e em Porto Murtinho, uma infração. Poconé (MT) também teve duas infrações autuadas no período.
Para conseguir realizar a fiscalização, os agentes ambientais do Ibama têm utilizado imagens de satélite e análises geoespaciais para identificar a ignição do incêndio e a extensão dos danos causados pelas chamas.
Após a realização da fiscalização no local identificado no escritório, os fiscais também embargam a área danificada e o reaproveitamento só poderá ser realizado após o processo de recuperação ambiental. O infrator denunciado é responsável por esta ação de recuperação.
Atualmente, devido ao cenário de incêndios florestais no Pantanal, o governo federal está em andamento com a Operação Apoena. É uma medida que alia esforços das Divisões Técnico-Ambientais (Ditecs) com o Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo), sob a gestão da Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), do Ibama, para a prevenção e monitoramento de incêndios florestais.
“O objetivo é atuar de forma ostensiva, com fiscalização diária dos focos de calor que surgem em áreas prioritárias [Pantanal e Amazônia]na tentativa de coibir o uso irregular do fogo e, consequentemente, prevenir incêndios florestais, dinamizando a operação e aumentando o poder de dissuasão do agente ambiental no campo”, divulgou o Ibama em nota.
No final de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, também indicaram que a Polícia Federal realiza trabalhos de investigação criminal sobre os incêndios florestais. Até 26 de agosto, 31 inquéritos foram abertos para apurar a origem do incêndio. Para o Pantanal foram destinados R$ 5,7 milhões para ações de fiscalização.
Os mais de R$ 105 milhões aplicados em multas neste ano são de natureza administrativa e não significam que sejam pagos integralmente. De acordo com a situação dos registros do Ibama, a maior parte deles está em fase de homologação e prazo para defesa do infrator. Dos 19 registros públicos, apenas cinco apareceram como multas emitidas, enquanto os demais casos estão pendentes de recurso.
As multas de 2020, por exemplo, não foram todas pagas até o momento, segundo o sistema de Consulta Pública de Editais e Embargos Ambientais. Os maiores valores, que ultrapassaram R$ 1 milhão em multas em apenas um caso, continuam com status de prazo de defesa registrado.
Descobrir
Em alguns casos, os infratores fazem um acordo e acabam recebendo desconto de 40% em valores que variam de R$ 20 mil a R$ 450 mil.
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