Apesar de diversas reuniões com o Ministério Público Federal (MPF), que tenta intermediar o fim do conflito fundiário no Mato Grosso do Sul, os indígenas da terra Panambi – Lagoa Rica continuam céticos quanto à possibilidade de conciliação com os agricultores de Douradina.
Para o Correio Estadualum dos líderes do território indígena Lagoa Rica, Ezequiel João, declarou que até o momento não há acordo entre a comunidade indígena Guarani Kaiowa e os agricultores da região.
“Não há acordo para sair, a comunidade está decidindo ficar, muita gente está acampada aqui, construindo seus barracos, já avisamos ao Ministério Público que devemos aguardar a retomada”, disse o líder Guarani Kaiowá.
Questão de Correio Estadual publicado nesta quarta-feira mostrou que em Mato Grosso do Sul, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), existem 900 propriedades rurais designadas como território indígena pela União e que estão sendo reivindicadas pelos povos originários. Essas áreas, segundo a entidade, totalizam mais de 275 mil hectares e abrangem 30 municípios do Estado.
CONCILIAÇÃO NO STF
No âmbito nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) realiza reuniões sobre a tese do prazo para demarcações de terras. Para Ezequiel, os indígenas têm negado nacionalmente as propostas de conciliação apresentadas nas duas reuniões realizadas em Brasília.
“Ninguém aceita essa conciliação, em todos os estados, porque essa conciliação só interessa a eles. [produtores rurais]mas da nossa parte não importa, então é desigual”, afirmou.
A segunda audiência que discutiu a constitucionalidade da Lei de Marco Temporal (Lei 14.701/2023) de demarcação de terras indígenas, ocorreu na semana passada no Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante o encontro, os membros da comissão especial discutiram entraves e possibilidades de solução para procedimentos de regularização fundiária e demarcação de terras indígenas, apontando os entraves que dificultam o cumprimento desse tipo de processo e propostas de compensação.
Os membros do comitê foram convidados a levar para a próxima reunião, marcada para a próxima segunda-feira, os nomes dos especialistas nos temas discutidos nas audiências. Eles deverão ser ouvidos na reunião marcada para 23 de setembro.
Ao longo da sessão, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) anunciou que, após deliberações internas, a entidade não participará das próximas audiências, por acreditar que a negociação dos direitos fundamentais indígenas é inaceitável.
As críticas da Apib destacam que a Lei 14.701/2023 pode estar em desacordo com o entendimento do STF sobre os direitos constitucionais indígenas.
“Para acalmar o conflito, precisam demarcar as áreas, esta é a nossa esperança e decisão”, concluiu Ezequiel.
VIOLÊNCIA E PLANTIO
Após denúncias de violência contra indígenas, atingidos por balas de borracha e fogo por reivindicarem terras indígenas identificadas e delimitadas desde 2011, o reforço da segurança, realizado pela Polícia Nacional, tem garantido que a disputa por território em Douradina aconteça sem casos de violência, desde a última ocorrência nos dias 3 e 4 de agosto.
“A força nacional está trabalhando dos dois lados, eles só protegem para que nada aconteça do lado indígena e não indígena. Essa segurança também impede que os não indígenas avancem para o nosso lado do território”, informou Ezequiel.
O acampamento com agricultores locais, de Douradina, permanece próximo de onde estão montadas as barracas de recuperação indígena.
Com a segurança mais atuante, a comunidade indígena tomou uma decisão interna de plantar algumas frutas e criar aves no território reivindicado pelos Guarani Kaiowá.
“Também não tem como, não queremos deixá-los [produtores rurais] fábrica, porque está movimentada”, disse Ezequiel.
PRODUTORES RURAIS
Reunião organizada pela Famasul sobre o conflito fundiário aconteceu nesta segunda-feira, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), com a participação da Frente Parlamentar Invasão Zero (FPIZ) e da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos de Propriedade (FPDDP). ), liderado pelo Deputado Estadual Coronel David (PL).
Na reunião, representantes dos produtores rurais alegaram que as comunidades indígenas não estão cumprindo as decisões judiciais de reintegração de posse.
Para o Correio EstadualO deputado estadual Coronel David relatou que as partes envolvidas na reunião chegaram ao entendimento de que é necessário pressionar o Poder Judiciário para que essas ordens de reintegração sejam respeitadas.
“Decidiu-se enviar ofício ao ministro Gilmar Mendes, solicitando que a Justiça faça cumprir a lei e execute as ordens de reintegração”, disse o deputado.
Descobrir
No Mato Grosso do Sul, 900 propriedades rurais estão em disputa entre indígenas e produtores rurais.
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