Com a aceitação das provas, o policial absolvido foi condenado; No processo, as penas para os envolvidos na organização criminosa foram aumentadas
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul validou provas contidas em um pendrive rosa, inicialmente rejeitadas, e aumentou a pena de Jamil Name Filho, Jamilzinho e outras cinco pessoas em um processo que os condenou por fazerem parte de um crime organização criminosa.
Com a validação do pendrive, a situação de Jamilzinho pode piorar, caso os arquivos contenham provas que agora possam ser utilizadas em julgamentos futuros, como o do caso Playboy Mansão, previsto para começar em 16 de setembro deste ano.
O pen drive foi apreendido junto com o arsenal militar, em maio de 2019. O aparelho continha uma espécie de dossiê, que continha informações sobre pessoas que deveriam ser mortas e que foi recolhido pelo policial federal reformado Everaldo Monteiro de Assis e entregue à organização criminal.
Os arquivos, porém, foram descartados como prova, pois o juiz da 1ª Vara Criminal de Campo Grande considerou ilegal o fato do pen drive ter sido aberto na Delegacia de Polícia Civil, antes de passar pela perícia.
“Não há autorização legal para que policiais utilizem celular, computador ou qualquer tipo de
de um dispositivo eletrônico que possa conter dados pessoais, como pen drive, disco rígido externo. A função da autoridade policial era realizar a apreensão, representar a quebra do sigilo dos dados e, somente após a decisão judicial nesse sentido, encaminhar o
dispositivo eletrônico para exame pelo instituto estadual”, disse a decisão do juiz de primeira instância.
Na época, com o descarte do pen drive como prova e das demais provas dele derivadas, o policial federal aposentado, apontado como responsável pela montagem do dossiê com informações sobre os inimigos da família Name, foi absolvido.
O Ministério Público recorreu e os juízes da 2ª Câmara Criminal, por unanimidade, deram provimento ao recurso e consideraram que não houve irregularidade no acesso ao dispositivo, uma vez que, segundo o Poder Judiciário, “a quebra do sigilo dos dados e das comunicações telefônicas contidas nos dispositivos foram autorizados dispositivos eletrônicos antes de analisar o pendrive rosa”.
“Da mesma forma, a elaboração dos Relatórios de Informações pelo Gaeco só ocorreu após autorizações judiciais de acesso, não havendo, portanto, qualquer irregularidade”, diz a decisão.
Com isso, os arquivos do pen drive passaram a valer como prova e a sentença foi alterada para condenar Everaldo Monteiro de Assis pelos crimes de violação de sigilo funcional qualificado e participação em organização criminosa.
armado. A pena é de 9 anos, em regime fechado.
Penas
No mesmo processo, as penas dos demais réus foram endurecidas.
A pena de Jamil Name Filho foi aumentada de 6 para 10 anos de prisão e multa de 69 dias.
Marcelo Rios, Rafael Antunes Vieira, Vladenilson Daniel Olmedo, Élvis Elir Camargo Lima e Frederico Maldonado Arruda tiveram suas penas aumentadas de 5 anos e 4 meses para 9 anos de prisão e 60 (sessenta) dias de multa, também em regime fechado.
Foram mantidas as absolvições de: Eltom Pedro de Almeida, Eronaldo Vieira da Silva, Flávio Narciso Morais da Silva, Igor Cunha de Souza, Luís Fernando da Fonseca, Márcio Cavalcanti da Silva, Rafael Carmo Peixoto Ribeiro e Robert Vitor Kopetsk.
É importante destacar que, além deste processo, os réus já foram condenados em outros decorrentes da Operação Omertà, como o casoassassinato do estudante Matheus Coutinho Xavierno chamado júri do século, realizado durante três dias em julho do ano passado.
Mansão da Playboy
Jamil Name Filho será julgado por videoconferência por participação no assassinato do empresário Marcel Hernandes Colombo, 31, conhecido como Playboy da Mansão, morto em 2018 em Campo Grande. O júri está previsto para começar no dia 16 de setembro e tem duração prevista de até quatro dias.
Inicialmente, o juiz determinou que Jamilzinho, como é conhecido, participasse pessoalmente do julgamento. Para isso, seria montado um forte esquema de segurança, com escolta federal, para trazê-lo de Mossoró, onde está detido, até Campo Grande.
No entanto, o réu interpôs recurso solicitando participação por videoconferência, o qual foi deferido.
Consequentemente, o ex-guarda municipal Marcelo Rios também será julgado por videoconferência porque
está na mesma prisão federal.
Além de Jamilzinho e Marcelo Rios, também são réus os policiais federais aposentados Everaldo Monteiro de Assis e Rafael Antunes Vieira, acusados de porte ilegal de arma de fogo.
Jamil Name e José Moreira Freires também eram réus, mas morreram durante o processo.
Marcel Hernandes Colombo foi assassinado em um bar localizado na Avenida Fernando Correa da Costa, em 2018.
Ele e outros dois amigos estavam sentados à mesa da cachaçaria, quando, por volta da meia-noite, um suspeito chegou ao local em uma motocicleta, estacionada atrás do carro da vítima e, ainda de capacete, se aproximou por trás e atirou.
A vítima morreu no local e um jovem de 18 anos foi atingido no joelho.
A motivação do crime, segundo o processo, seria vingança por um desentendimento anterior entre a vítima e Jamilzinho em uma boate, em Campo Grande, quando Marcel deu um soco no nariz de Jamilzinho.
José Moreira Freires, Marcelo Rios e o policial federal Everaldo Monteiro de Assis foram os intermediários, encarregados de colher informações sobre a vítima, e Juanil Miranda foi o executor.
O ex-guarda Rafael Antunes Vieira não teve participação no homicídio, mas foi o responsável por esconder a arma utilizada no crime.
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