Delegado da PF disse que esse trajeto se intensificou à medida que quadrilhas buscam fugir da fiscalização policial
A Polícia Federal (PF) realizou ontem uma operação que teve como alvo uma quadrilha que utilizava a região inóspita do Pantanal mato-grossense para traficar cocaína.
Esta é a quarta ofensiva, pelo menos, entre as Polícias Civil e Federal, em pouco mais de um ano contra criminosos que usaram o bioma para cometer crimes.
Na ação de ontem, o grupo criminoso utilizou duas fazendas localizadas em áreas alagadas e de difícil trânsito do Pantanal mato-grossense para depositar a droga. De lá, a cocaína era levada para outros municípios do MS e também para outros estados brasileiros.
Segundo a PF, essa prática de trajetos alternativos e mais “complicados” tem sido cada vez mais utilizada como forma de fugir das fiscalizações que ocorrem nas rodovias.
“Constatou-se que os criminosos têm utilizado cada vez mais rotas inusitadas para cometer o crime de tráfico de drogas, visando fugir da fiscalização policial. Na região de Corumbá, os traficantes utilizam rotas alternativas, principalmente as que atravessam o Pantanal. É o caso da organização criminosa investigada”, disse a PF ao Correio Estadual.
Na Operação Tractus, deflagrada ontem pela delegacia de Três Lagoas, as investigações começaram em fevereiro do ano passado, quando um homem foi preso em flagrante, no município de Água Clara, transportando cerca de 163 kg de cocaína em um fundo falso de um Ford F4000 .
“Durante a investigação, foi apreendida aproximadamente uma tonelada de cocaína”, disse a PF, em nota.
A operação cumpriu dois mandados de prisão temporária e 11 mandados de busca e apreensão, além de capturar um foragido da Justiça. Outras duas pessoas foram presas por posse ilegal de arma de fogo.
A polícia ainda conseguiu apreender: quase R$ 1 milhão (R$ 997.323,00) em dinheiro; 800 cabeças de gado (valor estimado em R$ 2 milhões); cinco armas de fogo, sendo duas de uso restrito e uma com número retirado (dois revólveres, duas pistolas e uma pistola longa); uma embarcação; 11 celulares; e seis veículos (Land Rover, SW4, duas Hilux, Amarok e L200).
Além do que foi recuperado até o final da tarde de ontem, a PF também havia ordenado o bloqueio de 13 contas bancárias, a apreensão de seis imóveis (incluindo duas fazendas) e mais 19 veículos.
“A investigação aponta o envio de drogas da cidade de Corumbá para outras cidades do estado de Mato Grosso do Sul, além de outros estados, como São Paulo e Minas Gerais. Acredita-se que a organização criminosa adquiriu a droga em Corumbá, já internalizada no país, mas a origem das drogas provavelmente será de países vizinhos produtores de cocaína, como Bolívia, Peru e Colômbia”, informou a PF à reportagem. .
O líder dessa organização criminosa foi condenado por tráfico de drogas e era proprietário de fazendas localizadas no Pantanal.
Segundo a PF, integrantes do grupo já haviam sido presos outras vezes por tráfico. Além disso, estavam ligados a uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios.
“Constatou-se que alguns dos investigados tinham ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital [PCC]”, declarou a PF.
OUTRAS OPERAÇÕES
Em junho do ano passado, a PF já havia alvejado duas quadrilhas que atuavam no tráfico de drogas do Pantanal.
De acordo com a questão Correio Estadualesses grupos criminosos aproveitaram o isolamento do Pantanal mato-grossense para fazer do local uma de suas bases, para transportar cocaína que seria consumida nos grandes centros da Região Sudeste do país ou para traficar para a Europa via portos do Nordeste.
Para chegar às fazendas da várzea, pistas da região serviram de base para voos clandestinos vindos da Bolívia, que pousaram perto de Coxim, no Pantanal de Paiaguás.
Na região de Corumbá, cocaína de origem boliviana entrava por via terrestre. Antes disso, porém, em meados de 2023, a Polícia Civil já investigava o uso do bioma no transporte de cocaína.
Reportagem do Correio do Estado mostrou que naquele ano, devido às enchentes no Pantanal, traficantes de drogas utilizavam rotas de navegação para transportar cocaína entre a região fronteiriça entre o Brasil e a Bolívia e o norte de Mato Grosso do Sul, com destino à BR-163 . A rodovia é um dos principais acessos entre o Estado e a Região Norte do país.
As polícias civis de MS e Mato Grosso trabalharam juntas para desbaratar esse esquema. As investigações do traçado do rio começaram logo após o início das chuvas que inundaram os afluentes do rio Paraguai, bem como o rio Taquari.
No início do ano passado, a polícia começou a monitorar os traficantes que atuavam tanto em Corumbá quanto em Coxim e identificou que a droga saía da fronteira com a Bolívia por via fluvial, e não por via terrestre.
A utilização dos rios para esse transporte permitiu aos traficantes baixar o preço para distribuir a droga por todo o Brasil e também encurtar distâncias.
A terceira operação foi deflagrada em julho do ano passado, pela Polícia Civil, em atuação conjunta com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A Operação Rota Pantaneira teve como alvo uma organização que fazia a mesma rota de um dos maiores traficantes de cocaína do Estado, o ex-major da Polícia Militar Sérgio Roberto de Carvalho, conhecido como o brasileiro Pablo Escobar.
A chamada rota do Pantanal, que leva drogas da Bolívia por Corumbá, passando também pelo Rio Negro e Rio Verde de Mato Grosso, já era utilizada em novembro de 1997, quando a PF conseguiu apreender quase 250 kg de cocaína dentro da Fazenda Santa Therezinha, de propriedade do Major Carvalho, no município de Rio Verde.
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