O indicador do MEC é produzido bienalmente e avalia o desempenho nos ensinos fundamental e médio.
O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2023, principal indicador da qualidade da educação básica, mostra um cenário de estagnação do sistema educacional. Houve um ligeiro aumento das taxas nos anos iniciais do ensino primário e secundário, e uma ligeira diminuição nos anos finais.
Os níveis de aprendizagem da educação básica brasileira em 2023 avançaram em relação a 2021, mas ainda estão abaixo dos níveis pré-pandemia, mostram indicadores federais. Isso ocorre com as notas de português e matemática nas três etapas avaliadas: anos iniciais (5º ano) e anos finais (9º ano) do ensino fundamental e médio.
O indicador é produzido a cada dois anos. É calculado com base em dois componentes: a taxa de aprovação das escolas e o desempenho médio dos alunos em uma avaliação de matemática e português, o Saeb.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão vinculado ao MEC (Ministério da Educação), é o responsável pelos trabalhos. Os resultados foram apresentados nesta quarta-feira pelo ministro Camilo Santana e pelo presidente do Inep, Manuel Palácios.
Camilo reforçou, no início da entrevista, que o Ideb é o indicador mais importante da educação básica.
“Não há política pública que tenha sucesso sem ter metas, objetivos, planejamento e estratégia”, afirmou o ministro.
Nos anos iniciais, o Ideb era 6 considerando escolas públicas e privadas. Isso significa uma ligeira variação em relação a 2019, quando o indicador era de 5,9.
O Ideb de 2021, que nesta fase estava em 5,8, teve seu cálculo comprometido devido a orientações das redes de ensino para não reprovar alunos por fechamento de escolas. Assim, uma melhoria artificial na aprovação distorceu os resultados.
Se forem consideradas apenas as escolas públicas (das redes municipal e estadual), o Ideb nos anos iniciais é menor: 5,7, o mesmo de 2019.
Nos anos finais do ensino fundamental, o Ideb 2023 ficou em 5 pontos, oscilando negativamente. Era 4,9 em 2019 e 5,1 em 2021.
No ensino médio, o Ideb era de 4,2 em 2019 e também em 2021. Agora, em 2023, o indicador atingiu média de 4,3, considerando escolas públicas e privadas.
Oito em cada dez estudantes do ensino médio estão em escolas públicas vinculadas às redes estaduais. O ensino secundário é um dos maiores gargalos do ensino básico.
Houve reforma do estágio aprovada em 2017, com implantação iniciada nas salas de aula em 2022, para alunos do 1º ano. Portanto, o Ideb não reflete os resultados da reforma.
Após críticas à implementação, o governo Lula aprovou uma nova mudança na estrutura do palco, que deve entrar em vigor no próximo ano. A principal mudança é o aumento da carga horária das disciplinas tradicionais.
O Ideb foi criado em 2007 com metas para escolas, redes e para o país até 2021. O indicador deveria ter sido renovado a partir desta edição, mas tanto o governo Jair Bolsonaro (PL) quanto o atual governo Lula (PT) não construíram um novo. modelo.
Portanto, o indicador foi divulgado sem metas para este ano. No entanto, apenas os anos iniciais superaram as metas de 2021, quando consideradas as médias nacionais.
COMO SÃO AS NOTAS DE PORTUGUÊS E DE MATEMÁTICA?
Em 2021, o fechamento das escolas devido à pandemia do coronavírus resultou na queda do aprendizado dos alunos das escolas de todas as etapas da educação básica. Os dados mostram agora recuperação em relação a 2021, mas abaixo dos dados de 2019.
Levando em conta redes públicas e privadas, os anos iniciais tiveram média de 224,8 (queda de 3,1 pontos) em matemática em relação a 2019. O resultado ainda está abaixo do considerado adequado (225), conforme estipula o Movimento Todos pela Educação .
Em português, a pontuação foi de 213,9 em 2023. Isso significa uma queda de 6,5 pontos em relação à edição de 2019. É a única média acima do considerado adequado (200).
Nos anos finais, a média em matemática foi de 258,94 pontos, uma queda de 6,2 pontos face a 2019. Em português, a média foi de 260,84 (menos 1,5 pontos que em 2019).
Ambos os resultados estão abaixo do considerado adequado, 300 para matemática e 275 para português.
Também houve variações no desempenho nas provas do ensino médio, considerando também as redes pública e privada. Na matemática, chegou a 272,88 em 2023 e, em português, 276,91. Queda de 5,6 e 2,6 pontos, respectivamente, quando comparado a 2019, no período pré-pandemia.
Também no ensino médio as notas ficam abaixo do considerado adequado: 350 em matemática e 300 em português.
O Ideb é o principal termômetro da educação básica brasileira e a expectativa é que os resultados orientem os gestores na tomada de decisões. Os resultados também poderão significar mais recursos financeiros para as redes.
Com o novo Fundeb (renovado em 2020), a redução das desigualdades no Saeb entre os estudantes da rede constitui as condicionalidades para acesso a parte dos recursos divididos por resultados. As alterações no principal mecanismo de financiamento da educação básica também previram que os estados tivessem uma lei que coloque a melhoria dos indicadores educacionais como critério de distribuição do ICMS aos municípios.
ENTENDA O IDEB
**O que é?**
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado pelo Inep em 2007 para medir a qualidade da aprendizagem nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino.
O indicador é calculado para cada escola, município e estado, além de contar com médias nacionais.
**Como é calculado?**
O Ideb é formado por dois fatores:
1. desempenho dos alunos no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica); Provas de matemática e português são aplicadas a cada dois anos
2. Taxas de aprovação escolar
Com esses dois componentes é calculado o índice, que varia de 0 a 10.
**O Ideb estabelece metas?**
Sim. Quando o indicador foi criado, foram estabelecidas metas a serem alcançadas até 2021: para os anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano) a perspectiva era que o país atingisse uma média igual ou superior a 6. Para o anos finais (do 6º ao 9º ano), a meta era atingir uma média de 5,5
Para o ensino médio, a meta era de 5,2 pontos. Cada escola também teve metas calculadas individualmente.
Como as metas não foram formuladas para um novo modelo do Ideb, só existem metas até 2021. Portanto, nesta edição de 2023 do indicador não há metas a serem alcançadas.
**Quais as críticas ao Ideb?**
A principal crítica é que o indicador é de difícil interpretação e, portanto, pouco contribui para ajudar gestores escolares e professores a compreender o nível de aprendizagem de seus alunos e como esses resultados podem indicar melhores estratégias de ensino.
Especialistas avaliam também que os objetivos e a forma de avaliação do Saeb estão desatualizados e não refletem o que atualmente é considerado um aprendizado adequado. Ainda há críticas ao formato de cálculo do Ideb, que não mede as desigualdades educacionais. Assim, a busca pela melhoria do indicador pode levar as redes de ensino a excluirem alunos com mais dificuldades.
*Informações da Folhapress
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