O Brasil é um país onde ocorrem diversas doenças transmitidas por mosquitos, conhecidas como arboviroses. Entre as mais conhecidas estão dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Nos últimos dias, vários alertas do Ministério da Saúde apontaram para o risco da febre oropouche causar também uma epidemia local. Mas é importante entender que os insetos transmissores desse vírus diferem daqueles mais conhecidos pela população, como o Aedes aegypti (dengue, zika e chikungunya) e o mosquito comum.
A febre Oropouche é transmitida pelo flebotomíneo ou flebotomíneo (Culicoides paraensis). De janeiro até o dia 8, o país registrou 7.497 casos de oropouche.
Com hábitos diurnos e vespertinos, o maruim é menor (até 1,5 milímetros) que o Culex quinquefasciatus (o mosquito comum, medindo até 4 mm) e o A. aegypti (até 7 mm). Além disso, outra característica é a cor mais escura e as manchas circulares nas asas – a comunidade científica, aliás, não o classifica como mosquito, mas sim como díptero (nome dado aos insetos da ordem dos mosquitos e das moscas). ) pertencente à família Ceratopogonidae.
“É um dos menores insetos hematófagos que existem. Nas asas também apresentam padrão com manchas claras e escuras, dependendo da espécie”, explica Maria Clara Alves Santarém, bióloga e curadora adjunta da Coleção Ceratopogonidae da Fiocruz ( Fundação Oswaldo Cruz).
Os mosquitos sugadores de sangue, que incluem Aedes e Culex, se alimentam de sangue e apenas as fêmeas são capazes de picar. Eles se alimentam de sangue para ajudar a amadurecer os óvulos para a reprodução, diz o biólogo.
“A mordida costuma ser bastante dolorosa, causando também mais reações alérgicas por conta da histamina”, acrescenta Santarém.
Diferentemente do transmissor da dengue, o melhor ambiente para o vetor da febre oropouche depositar seus ovos são locais úmidos e com material orgânico (como resíduos de frutas ou qualquer material vegetal em decomposição).
Além disso, as temperaturas e a umidade mais elevadas aumentam a população causando infestações, principalmente nas áreas de plantação de banana. Prova disso é que, no estado de São Paulo, os casos confirmados foram registrados em uma região de bananeira, no Vale do Ribeira (a mais de 300 km da capital).
Isso porque a C. paraensis, especificamente, é muito comum em áreas de bananeira, no próprio tronco (a parte que foi cortada) da bananeira, afirma a pesquisadora.
Maruínas da espécie C. paraensis podem ser encontradas em 15 estados, com infestações conhecidas na Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, além de serem comuns na região amazônica, explica Santarém.
Em artigo publicado no dia 1º, o pesquisador do departamento de microbiologia e imunologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Texas (EUA), Eduardo Jurado-Cobena, cita que o vírus oropouche, mas eram casos de laboratório e não em humanos, e é muito cedo para dizer que poderia ser um potencial vetor da doença.
Segundo o infectologista e pesquisador da Fiocruz Júlio Croda, já se sabe que o mosquito comum pode eventualmente se infectar com o vírus oropouche. “Mas isso acontece com uma eficiência muito menor”, diz o pesquisador.
Após a identificação do primeiro caso no Brasil, em 1960, os pesquisadores buscam identificar, desde a década de 1980, se a espécie poderia transmitir esse vírus. O pesquisador da Fiocruz afirma que, até o momento, foram detectados indivíduos infectados de Culicoides e Culex.
“Ninguém, até o momento, conseguiu comprovar que esse surto de oropouche esteja acontecendo por causa do maruim ou do Culex, mas o C. paraensis continua sendo considerado o principal vetor do vírus. Cuba Em alguns desses países não temos provas de que o maruim esteja circulando simplesmente porque ninguém esteve lá para estudá-lo”, afirma o biólogo.
Em todo o Brasil são registradas mais de 151 espécies de Culicoides, mas até o momento só sabemos da transmissão do oropouche por C. paraensis.
O registro da doença no país coincide com locais onde o maruim já havia circulado anteriormente, segundo o pesquisador. Porém, algumas áreas urbanas também apontam para o aparecimento do inseto, embora sejam necessários mais estudos para comprovar isso.
“Aparentemente, estas são áreas onde ocorreram mudanças ambientais ou desastres ambientais recentes”, diz ele.
Ainda não há certeza se as mudanças ambientais estão impactando a ocorrência desses mosquitos em novas regiões. Porém, o aumento da temperatura e a mudança no volume de chuvas são fatores que podem impactar nisso.
Para evitar a infecção por oropouche, principalmente se a pessoa estiver exposta ao transmissor em regiões de mata ou com grande incidência de casos, a recomendação é usar repelentes combinados com roupas de cores claras e mangas compridas. “Os maruínos não conseguem morder roupas, ao contrário do Aedes”, explica Croda.
Quem mora em regiões florestadas deve prestar atenção redobrada. O ideal é que as janelas e portas das casas nesses locais possuam proteções como telas.
*Informações da Folhapress
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