O fotógrafo e ambientalista Mário Barila utiliza o lucro da venda de suas fotografias para ajudar projetos socioambientais
Em apenas oito meses, o Pantanal – maior planície aluvial do mundo, que abriga uma diversidade de pelo menos 4,7 mil espécies – já atingiu a marca de 1 milhão de hectares consumidos pelo fogo. Contudo, apesar deste cenário alarmante, permanece a esperança através de iniciativas que procurem reverter os danos e promover a sustentabilidade.
É o caso do Projeto Água Vida, liderado pelo fotógrafo e ambientalista Mário Barila. Com um trabalho que alia fotografia e ações socioambientais, o projeto busca não apenas retratar as belezas naturais do Brasil, mas também atuar ativamente na recuperação de ecossistemas degradados – incluindo o Pantanal.
Durante esta semana, entre os dias 5 e 9, Barila estará em Bonito para dar continuidade às ações da Água Vida iniciadas em 2019, com foco na recuperação do Pantanal.
Há cinco anos, o fotógrafo doou cerca de mil mudas de árvores ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), para o trabalho de reflorestamento da mata ciliar às margens do Rio Perdido, no Parque Nacional da Serra da Bodoquena.
As fotografias de Barila também financiaram a criação de caixas-ninho, que foram instaladas na região para auxiliar a reprodução da arara-azul.
Agora, Barila retorna a Bonito para trabalhar na instalação de um viveiro para cultivo de mudas de espécies nativas da região, que serão utilizadas em obras de recuperação de áreas degradadas do Pantanal.
Entre as espécies que farão parte do viveiro, estarão frutíferas e mudas silvestres, com destaque para o manduvi (Sterculia apetala), também conhecido como amendoim bugre ou amendoim arara.
A árvore é muito procurada pelas araras azuis, que constroem seus ninhos nas cavidades do tronco e se alimentam das sementes.
“O manduvi é essencial para a preservação da ave. Porém, o número de árvores desta espécie tem vindo a diminuir devido aos incêndios, e é muito importante recuperar o número”, afirma o fotógrafo.
Além de instalar a creche, Barila planeja novas formas de engajar a comunidade para chamar a atenção não só para a causa ambiental, mas também para a arte e a cultura local. “Pretendo fotografar as belezas naturais de Bonito, e a novidade será fazer um ensaio fotográfico com uma dançarina clássica em uma cachoeira”, revela.
COMO ISSO COMEÇOU
Criado em 2014 por Barila, o Projeto Água Vida tem como objetivo desenvolver e realizar ações em prol da preservação e da educação ambiental, além de resgatar a cidadania, destacando a importância vital da água para a vida do planeta.
As ações são financiadas exclusivamente com a venda dos cliques do fotógrafo. Economista de profissão, Barila começou a se dedicar à fotografia, sua paixão desde a adolescência. Ao se aposentar, especializou-se em arte fotográfica com o renomado fotógrafo Araquém Alcântara, famoso por retratar a fauna e a flora brasileiras.
Ciente das pessoas em situação de extrema pobreza e das questões ambientais encontradas em suas viagens pelo Brasil e exterior, Barila decidiu usar a fotografia para apoiar causas socioambientais. É através de sua câmera que ele registra fotos da natureza ameaçada pelo homem, bem como das espécies ameaçadas de extinção, da realidade das comunidades locais e da luta pela preservação da vida e do planeta.
Barila começou sua jornada aliando fotografia e ativismo em Ilhabela, litoral norte de São Paulo. Após registrar imagens das comunidades tradicionais ali localizadas, Barila realizou uma exposição cujas vendas financiaram a doação de computadores para escolas locais.
Sua dedicação lhe rendeu o título de cidadão honorário de Ilhabela, reconhecimento por suas contribuições à comunidade local. “Foi uma experiência muito gratificante e me motivou a replicar esse modelo em outras regiões do Brasil”, comenta o fotógrafo.
Seguindo esse modelo, Barila estendeu sua atuação para Mariana e Brumadinho, cidades mineiras devastadas em 2015 por desastres ambientais envolvendo rompimento de barragens.
Em Mariana, ele levou no porta-malas do carro 500 mudas de árvores da Mata Atlântica, que foram doadas à Secretaria do Meio Ambiente para ajudar na recuperação das áreas afetadas. Em Brumadinho, a iniciativa se repetiu, reforçando o compromisso do fotógrafo com a recuperação ambiental.
PARCERIAS
O Projeto Água Vida não atua sozinho. Barila destaca a importância das parcerias locais para o sucesso das ações.
“Os plantios serão feitos sempre em parceria com agentes locais como ICMBio e Instituto das Águas da Serra da Bodoquena [Iasb]. O principal objetivo é aumentar a oferta de locais de nidificação para aves pantanosas e a recuperação de áreas degradadas”, explica.
Além disso, todas as ações do projeto são financiadas pela venda de cliques da Barila. “A venda de fotografias é a única forma de financiar as ações do projeto. Eu não uso dinheiro público,
e a viagem em si eu pago do próprio bolso”, afirma.
Outra parceria da Água Vida no Pantanal é com o Instituto Arara Azul, liderado pela bióloga Neiva Guedes. A entidade é conhecida por suas ações de preservação da arara-azul, espécie ameaçada de extinção.
“A arara-azul é uma ave magnífica, mas tem sofrido muito com a perda de habitat e o tráfico de animais. A maior conquista do instituto foi a criação de ninhos artificiais, que ajudaram a aumentar a população da espécie”, destaca Barila.
OUTRAS AÇÕES
A atuação de Barila não se restringe ao Pantanal. Em Fernando de Noronha (PE), participou de um reflorestamento e ajudou a criar um viveiro de mudas com insumos locais.
“A ilha sofre com desmatamento e falta de água, então nossa ideia foi produzir mudas a partir das sementes das árvores remanescentes e replantá-las em áreas degradadas”, afirma.
Na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, após um incêndio devastador, Barila colaborou com a Associação Cerrado de Pé, doando uma lona para
a construção de um armazém que armazena e processa sementes de espécies nativas do Cerrado. “O Cerrado é o berço das águas do Brasil e precisamos proteger essa região que alimenta tantas bacias hidrográficas”, destaca.
Na Amazônia, o projeto plantou mil árvores de espécies ameaçadas de extinção em Belém (PA), criando uma floresta que hoje serve como local de pesquisa e preservação. “Plantar árvores na Amazônia é um desafio, mas conseguimos dar um significado especial
a essa ação na escolha de espécies em risco de desaparecimento”, diz Barila.
IMPACTOS SOCIAIS
Além das questões ambientais, o Projeto Água Vida também tem um forte impacto social. Durante o derramamento de óleo no Nordeste, Barila doou equipamentos de pesca e proteção para pescadores e mariscadores, cujas atividades foram paralisadas pela contaminação.
Em Niterói (RJ), o projeto contribuiu para o reflorestamento de morros que sofrem com deslizamentos. No sul do Brasil, o Projeto Araucária Viva, também idealizado por Barila, tem como objetivo recuperar florestas de araucária, espécie em risco de extinção.
“Meu objetivo com o Projeto Água Vida é fazer a diferença por onde passo, seja ajudando na recuperação de ecossistemas ou apoiando comunidades locais. Acredito que todos podemos contribuir para um futuro mais sustentável”, finaliza Barila.
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