Imagens monitoradas por satélite mostram que chamas se concentraram em Porto Murtinho, Corumbá e Aquidauana
Relatório divulgado por MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) desta segunda-feira (29), revela que as queimadas registradas no Pantanal entre 24 de junho e 15 de julho não foram criminosas. Segundo o documento, todos daquele período foram identificados por imagens de satélite e fiscalizados em menos de uma semana.
Além dos nove incêndios iniciados no período citado, foram fiscalizados mais quatro de períodos anteriores que não haviam sido reportados anteriormente por não ultrapassarem os limites das propriedades onde ocorreram, oito em Corumbá, um em Aquidauana e cinco em Porto Murtinho.
Dos 14 pontos de ignição, que nada mais é do que a temperatura mínima em que ocorre a combustão sem fonte externa, 13 estavam em propriedades rurais, com laudos encaminhados ao Ministério Público para apuração de responsabilidade civil.
Detalhes da inspeção
A pesquisa que faz parte do “Programa Pantanal em Alerta” em parceria com a PMA (Polícia Militar Ambiental) mostra que foi detectado foco de incêndio em terra indígena, e o caso foi encaminhado ao Ministério Público Federal para análise.
No mapeamento não foram registrados polígonos de ignição em áreas queimadas próximas a desmatamentos recentes ou em áreas de preservação ambiental, públicas ou privadas.
Os dados, levantados pelo CAOMA (Centro de Apoio Operacional do Ministério Público do Meio Ambiente), revelam que dada a situação não é possível afirmar uma correlação direta entre as queimadas e o desmatamento ou a criação de unidades de conservação.
Porém, em todos os casos, ainda existe a possibilidade de identificação das causas e possíveis culpados através de outros meios de investigação, como perícias e provas testemunhais. Este trabalho investigativo ficará a cargo dos Ministérios Públicos responsáveis.
Milhares de hectares em chamas
Dados do MapBiomas mostram que a região do Pantanal já contabilizou mais de 830 mil hectares de áreas destruídas pelas chamas desde o início do ano, o que equivale a 79% do total do bioma.
Uma das áreas mais afetadas pelo fogo no Pantanal em 2024 foi próxima à cidade de Corumbá, com 299 mil hectares queimados somente em junho. Nos primeiros seis meses do ano, a área queimada no bioma aumentou 529%.
Foram 394 mil hectares a mais em relação à média histórica dos cinco anos anteriores. Em junho, foram queimados 1,1 milhão de hectares no país – número 103% superior ao mesmo período do ano passado (mais 560 mil hectares).
Desse total, 81% da área queimada estava em vegetação nativa – a maioria em formação de campo (46%). Nas áreas de uso agrícola, 11% das áreas atingidas pelas chamas em junho eram pastagens. Os estados brasileiros que mais queimaram neste mês foram:
- Mato Grosso do Sul (369 mil hectares);
- Tocantins (229 mil hectares);
- Mato Grosso (202 mil hectares);
- Os destaques incluem os municípios de Corumbá (MS), Tangará da Serra (MT) e Porto Murtinho (MS).
Calor e Seca: combinação perfeita para focos de incêndio
As altas temperaturas aliadas à seca intensa e aos ventos fortes contribuem para a intensificação dos incêndios florestais no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Situação que levou equipes do Corpo de Bombeiros à região para controlar e extinguir as chamas, que até esta semana no passado estavam concentradas na Bolívia.
Devido à situação climática, o fogo acabou passando para território brasileiro na área próxima à Serra do Amolar e as guarnições estão viajando por via aérea, pois o local é de difícil acesso.
A base avançada mais próxima é São Lourenço, que fica a aproximadamente 70 km do outro lado do rio Paraguai. Na semana passada a equipe esteve no local e vistoriou pessoalmente o local, que já conta com o trabalho da equipe da Brigada Alto Pantanal, mantida pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro).
Também continuam os trabalhos de combate a quatro incêndios ativos localizados na região do Porto da Manga, na área de formação do Rabicho, próximo às fazendas Tupaceretã e Santa Sofia – ambas localizadas na região da Nhecolândia.
Além das regiões onde ocorrem os combates, outras áreas permanecem sob alerta e monitoramento na região do Forte Coimbra, em Porto Murtinho e próximo a Rio Verde.
Calor intenso
Ontem (28), a temperatura atingiu picos de 35°C, enquanto as rajadas de vento chegaram a 43 km/h. A ausência de chuva, aliada à baixa umidade relativa do ar, que se mantém em apenas 20%, criou um ambiente propício à rápida propagação do fogo.
As ações de combate aos incêndios florestais envolvem uma série de estratégias coordenadas, desde a detecção e resposta rápida, até a utilização de técnicas de contenção e extinção das chamas. Equipes de bombeiros militares, bombeiros e voluntários enfrentam desafios complexos em diversos terrenos, adaptando suas abordagens de acordo com as condições encontradas.
*Com informações da consultoria
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