O Ministério da Saúde confirmou duas mortes por febre oropouche na Bahia. Até o momento, não havia nenhum relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de morte pela doença.
A investigação dos casos foi feita pela Secretaria de Estado da Saúde da Bahia, que já havia registrado os óbitos, mas aguardava confirmação do Ministério da Saúde.
Os casos foram registrados em duas mulheres de 22 e 24 anos, sem comorbidades, nas cidades de Camamu e Valença, respectivamente.
Uma morte ainda está em investigação no estado de Santa Catarina. Uma morte no Maranhão teve relação causal com a doença descartada.
Segundo o ministério, a detecção de casos foi ampliada para todo o país em 2023, após o Ministério da Saúde disponibilizar testes diagnósticos para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) de forma inédita.
Até então, os casos estavam concentrados na região Norte do Brasil. Este ano já foram registrados 7.236 casos de febre oropouche em 20 estados brasileiros. A maioria deles foi registrada no Amazonas e em Rondônia.
Artigo assinado por 20 especialistas em versão inicial para revisão, postado no dia 16 de julho, analisa as duas mortes na Bahia e reforça a necessidade de um sistema de vigilância ativo e eficiente para controlar a propagação do vírus.
“Foi observado um aumento na ocorrência de casos desta doença no estado da Bahia, onde a rápida disseminação do vírus se configura como um surto nas macrorregiões sul e leste, de grande preocupação para a saúde pública”, diz o publicação.
TRANSMISSÃO VERTICAL
Seis casos de transmissão vertical (de mãe para filho) da infecção pela febre oropouche ainda estão em investigação. São três casos em Pernambuco, um na Bahia e dois no Acre. Dois casos resultaram em óbito fetal, houve aborto espontâneo e três casos apresentaram anomalias congênitas, como microcefalia.
Análises estão sendo feitas por secretarias estaduais de saúde e especialistas, com acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se existe relação entre febre oropouche e casos de malformação ou aborto espontâneo.
No dia 11, o ministério emitiu nota técnica a todos os estados e municípios recomendando a intensificação da vigilância sanitária após a confirmação da transmissão vertical do vírus oropouche pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), que identificou a presença do genoma do vírus em um caso de óbito fetal e anticorpos em amostras de quatro recém-nascidos.
ENTENDA A DOENÇA
A febre Oropouche é transmitida pelo mosquito Culicoides paraensis, popularmente conhecido como maruim.
O quadro clínico é semelhante ao da dengue e da chikungunya. Os sintomas são dor de cabeça, dores musculares e articulares, febre, tontura, dor atrás dos olhos, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos.
Alguns pacientes podem apresentar recorrência dos sintomas ou apenas febre, dor de cabeça e dores musculares uma a duas semanas após o início das manifestações iniciais. Os sintomas duram de dois a sete dias, em média. Na maioria dos pacientes, a evolução da febre oropouche é benigna e sem sequelas.
O vírus foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de uma amostra de sangue de uma preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos têm sido notificados no Brasil, principalmente em estados da região amazônica.
Casos e surtos também foram relatados em outros países da América Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela).
*Informações da Folhapress
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