Para evitar que os conflitos no campo entre indígenas e agricultores continuem, o Ministério do Índio deve começar a conversar com os produtores da região de Dourados para que aceitem aceitar a indenização, deixando as terras para se tornarem território indígena.
Segundo o secretário executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Luiz Eloy Terena, com a impossibilidade de continuidade das demarcações devido à tramitação no Senado Federal do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) sobre o prazo das demarcações , o Ministério trabalha em outras possibilidades para dar continuidade ao processo de acesso às terras indígenas.
“Essas manobras políticas dentro do prazo, que desafiam a decisão do Supremo Tribunal Federal, acabam causando insegurança jurídica e social nas comunidades indígenas. Enquanto essa discussão paira no STF, temos outros meios legais de acesso à terra”, disse Eloy Terena.
Segundo o secretário executivo do MPI, essas possibilidades legais de avanço no acesso às terras indígenas podem ocorrer por meio de: desapropriação, criação de reservas e compensação aos produtores rurais, medida que foi aprovada pelo STF.
“Como ministério, buscar essas formas de acesso à terra tem sido o nosso objetivo. Tivemos uma reunião com o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, onde assinamos um acordo de cooperação técnica, e agora estamos na fase de avaliação começando por Dourados”, informou.
Esse processo de avaliação da possibilidade de compensação na região de Dourados, que conta com diversas reivindicações indígenas pela retomada de terras, será discutido em reuniões entre representantes do MPI e autoridades e órgãos do Estado.
Eloy Terena informou ainda que a frase dita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Sailva em abril, em visita a Campo Grande, que propunha a compra de terras para reparar os indígenas Guarani Kaiowá que vivem acampados às margens das rodovias de Dourados, tinha como objetivo enfatizar a “busca de outras formas de garantir o acesso à terra”.
AMBIENTE FEDERAL
Esta semana o governo federal enviou uma missão ao Mato Grosso do Sul para garantir a segurança dos indígenas Guarani Kaiowá de Douradina e Caarapó, que sofreram ataques no último fim de semana.
A situação de conflito tem sido monitorada pelo ministério, que continuará monitorando com equipes no local para evitar novos conflitos e garantir a proteção dos povos indígenas.
Em coordenação com o MPI, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, assinou nesta terça-feira (16) uma portaria que autorizou o envio da Força Nacional de Segurança Pública para áreas de conflito. Os agentes estão no território para realizar patrulhas noturnas nas terras retomadas.
Participam da operação equipes do Ministério dos Povos Indígenas, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Fundação Nacional do Índio (Funai), Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Rodoviária Federal. (PRF), Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Defensoria Pública, além da Secretaria de Estado da Cidadania.
A autorização para uso da Força Nacional em apoio à Polícia Federal na região de fronteira e em aldeias indígenas localizadas na região do Conesul de Mato Grosso do Sul foi assinada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski no prazo de 90 dias.
PROCESSO
A Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, localizada no município de Douradina, já é uma terra oficialmente reconhecida, identificada e delimitada com 12 mil hectares desde 2011.
Seu processo de demarcação, segundo Eloy Terena, está paralisado na Funai porque o estudo antropológico realizado no território indígena foi questionado judicialmente e passa por uma análise de interferência da tese de recorte temporal.
“Foram apresentadas quatro impugnações contra os estudos, as impugnações foram analisadas e todas foram rejeitadas pela Funai. Atualmente esse procedimento de demarcação ainda está tramitando na Funai, que está elaborando um parecer técnico para verificar se a terra Panambi-Lagoa Rica é afetada pela tese do marco temporal”, descreveu Eloy.
Concluído o parecer técnico, o processo será encaminhado ao Ministério dos Povos Indígenas, que encaminhará o andamento da demarcação ao Ministério da Justiça, que tem competência para editar a portaria de declaração de terras indígenas.
Enquanto esse processo de demarcação está paralisado, o MPI busca meios legais para buscar soluções para o conflito nos territórios indígenas.
Descobrir
A Força Nacional poderá atuar na região do Conesul, no MS, por um período de até 180 dias, para apoiar o trabalho da Funai e do Ministério dos Povos Indígenas no Estado.
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