Quatro anos depois dos incêndios devastadores que incineraram cerca de 30% do Pantanal brasileiro, o fogo volta a ameaçar as espécies animais que vivem na região, considerada um santuário de biodiversidade e patrimônio natural da humanidade.
Enquanto bombeiros, bombeiros, militares e voluntários tentam apagar as chamas, biólogos, veterinários e outros profissionais se dedicam a minimizar o sofrimento dos animais.
“O fogo é um fator estressante para a biodiversidade. Devemos ter muito cuidado, pois é difícil prever quanto tempo durará toda essa abundância em termos de fauna e flora até começarmos a perder espécies de forma irreparável para esses incêndios intensos, que queimaram repetidamente nas mesmas áreas”, disse à Agência Brasil o biólogo Wener Hugo Arruda Moreno, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), organização não governamental (ONG) que atua na conservação e preservação do Pantanal.
O instituto é uma das organizações da sociedade civil que integra o Grupo Técnico de Resgate de Animais do Cerrado Pantanal (Gretap), juntamente com representantes de órgãos, entidades e instituições de Mato Grosso e de estados da federação, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos. Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O grupo foi constituído em abril de 2021, na sequência dos incêndios que se seguiram à grande seca de 2019 e 2020, a mais severa registada em 50 anos. A Gretap é responsável por monitorar, avaliar, resgatar e prestar assistência aos animais afetados por possíveis desastres ambientais em Mato Grosso do Sul.
A partir da experiência de seus integrantes, em maio deste ano, parte do grupo viajou para o Rio Grande do Sul, onde participou do resgate e cuidado de animais domésticos e silvestres atingidos pelas recentes enchentes no estado.
Um estudo que pesquisadores brasileiros publicaram em dezembro de 2021, na revista Scientific Reports, estima que, em 2020, os incêndios no Pantanal mataram diretamente cerca de 17 milhões de animais vertebrados.
A mortalidade foi maior entre pequenas cobras (especialistas estimam que 9,4 milhões delas morreram) e pequenos roedores (3,3 milhões). Aproximadamente 1,5 milhão de aves morreram por queimaduras, envenenamento ou, mais tarde, por fome.
As chamas ou suas consequências também ceifaram a vida de 458 mil primatas, 237 mil crocodilos e 220 mil tamanduás.
Ainda é cedo para dizer se a tragédia se repetirá este ano, em dimensões semelhantes. Porém, as autoridades já reconhecem que o número de focos de incêndio registrados no bioma ao longo do primeiro semestre deste ano é o maior para o período nos últimos 26 anos, superando inclusive o resultado de 2020.
Mapbiomas
Além disso, segundo a rede Mapbiomas, junho deste ano registrou a maior média de área queimada para um mesmo mês desde 2012. A marca superou a média histórica de setembro, mês em que os focos de calor tendem a se intensificar, dada a persistência do tempo seco.
“Aqui, no Mato Grosso do Sul, nosso trabalho se intensificou muito recentemente, principalmente no último mês”, disse Moreno.
“Frequentemente vamos para áreas pantanosas afetadas por incêndios. Verificamos o ambiente e vemos se os animais estão voltando para as áreas debilitados, ou se as espécies que ali permanecem têm refúgios para obter os recursos necessários à sobrevivência. carcaças de répteis, pequenos roedores e anfíbios, mas ainda estamos iniciando o processo de contagem”, disse Moreno.
Ele destacou a rapidez com que o fogo se espalhou pela vegetação, que nesta época do ano costuma ser bastante seca.
“O Pantanal não é para amadores. É preciso conhecer bem a área, saber como se formam os corredores de propagação do fogo. Proteger a vida selvagem é um trabalho difícil.”
Segundo Moreno, antes de ir a campo, os agentes precisam fazer um diagnóstico preliminar da área, por meio de drones e ferramentas de geoprocessamento.
“Temos que esperar entre 48 e 72 horas após o término das chamas para podermos deslocar uma equipe para determinado local, sob risco de deixar pessoas em perigo”, acrescentou Moreno, destacando os riscos da atividade.
“Daí a sensação de alívio que sinto quando localizamos um animal que, apesar de tudo, não precisa de resgate, basta monitorá-lo e, se necessário, complementar sua alimentação até que a vegetação se recupere”.
No final do mês passado, o fotógrafo da Agência Brasil, Marcelo Camargo, passou dias acompanhando os bombeiros no combate às chamas. Camargo presenciou e registrou o sofrimento animal e a devastação da vegetação pantaneira.
Na manhã do dia 30, enquanto se deslocavam de helicóptero para uma área de difícil acesso, as equipes avistaram um tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, pousado no topo de uma grande árvore, no meio de uma área que estava ainda fumando. Olhando mais de perto, notaram que o animal parecia estar protegendo seus ovos, num ninho construído entre os galhos mais altos.
“Seria o primeiro dia de ação da equipe de brigadistas quilombolas da comunidade Kalunga, em Cavalcante [GO], na região. Estávamos a caminho de uma área de mata densa e com grande número de incêndios, a cerca de 50 quilômetros de Corumbá [MS]. Durante o trajeto, o piloto do helicóptero avistou o tuiuiú e identificou o ninho, no alto da árvore, com pelo menos três ovos dentro. Ainda havia uma mancha de fogo ao redor da árvore, que soltava fumaça. Os pilotos sobrevoaram o local para marcar as coordenadas [de geolocalização], para que os brigadistas pudessem tentar acessar o local em outro momento. Consegui então registrar minhas primeiras imagens”, disse Camargo ao retornar a Brasília.
“Continuamos até o nosso destino, de onde os brigadistas tiveram que percorrer a densa floresta. Demorou cerca de duas horas só para chegar à origem do incêndio. nos resgatar, não conseguimos chegar perto do local onde avistamos o tuiuiú. Durante o vôo de volta para Corumbá, até tirei mais algumas fotos. Havia pelo menos um pássaro, aparentemente guardando o ninho. em outra aeronave, disseram ter visto dois pássaros adultos, um casal, mas não vi isso. Na manhã seguinte, o piloto do primeiro helicóptero que passou pelo local não encontrou mais a árvore em pé. Consegui um assento em uma aeronave, consegui identificar parte do chão da árvore caída e o ninho, aparentemente queimado, próximo”, relatou o fotógrafo da Agência Brasil.
Uma família de bugios teve um pouco mais de sorte. Ou muito mais sorte, considerando que, apesar de terem sido expulsos do bando e terem dificuldades para encontrar comida, não sofreram ferimentos e estão recebendo ajuda dos integrantes do Gretap, conforme relatou o biólogo do Instituto do Homem Pantaneiro.
“Recebemos uma ligação de uma senhora, ribeirinha, que achava que a fêmea havia sofrido queimaduras e precisava de cuidados. Quando chegamos ao local, na região da Baía do Castelo, à margem direita do rio Paraguai, cerca de duas A cerca de uma hora de carro de Corumbá, encontramos um grupo de bugios e macacos noturnos. Só na segunda tentativa localizamos, isoladamente, a fêmea que procurávamos. Era seu recém-nascido, muito magro e fraco. Além da fêmea com seu filhote, havia um macho. Provavelmente, os três foram expulsos do grupo por falta de recursos. Nesses casos, nossa estratégia é monitorar o básico, e instalamos câmeras. na área para observarmos se o rebanho aceitará o alimento”, finalizou Wener Hugo Arruda Moreno.
Devastação
Coordenadora operacional do Grupo Técnico de Resgate de Animais do Cerrado Pantanal (Gretap), a bióloga e veterinária Paula Helena Santa Rita reforça que as consequências de mais uma temporada descontrolada de incêndios estão sendo “devastadoras” para os animais.
“Para a fauna, as consequências são as piores possíveis. Vão desde a morte direta dos animais, através da incineração e inalação de fumo e fuligem, até às mortes subsequentes, por falta de alimentos e outros problemas, podendo mesmo, no limite, interferir na questão da reprodução das espécies, caso haja perda de um número significativo de indivíduos”, explicou Paula.
“Alguns fatores, como a própria ação humana, se juntaram e tivemos a antecipação [ocorrência] De fogo. Nós [do Gretap] Estamos monitorando a situação, principalmente nos locais onde o fogo já passou, e prestando suporte nutricional básico quando necessário. Também deslocámos alguns animais que encontrámos perto das zonas de incêndio”, concluiu o coordenador do Gretap.
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