Empresa acusada de inadimplência de mais de R$ 7 milhões abandonou canteiro de obras do Projeto Cerrado, que deve ser “inaugurado” no próximo dia 30
Levada à Justiça por suposta inadimplência de uma das subcontratadas para prestar serviços na megafábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo, a empresa Enesa foi a principal responsável pelo atraso na ativação da indústria, que recebeu investimentos de R$ 22,2 bilhões .
Pela previsão inicial, o chamado Projeto Cerrado entraria em operação em junho, mas em “fato relevante” divulgado pela empresa no dia 26 daquele mês, a Suzano informou que a ativação estaria prevista para o mês seguinte.
E, segundo o Correio do Estado, a Suzano prepara um evento para o dia 30 para “inaugurar” a fábrica. Esta inauguração, porém, deverá ser apenas para funcionários e dirigentes da Suzano, sem a presença de representantes da classe política. Em 2012, quando o Eldorado abriu em Três Lagoas, até o presidente da república participou.
Porém, devido ao “desaparecimento” da Enesa do canteiro de obras, que atrasou uma série de atividades, as operações começam com menos de 50% da capacidade de produção.
Fonte informou ao Correio do Estado que a planta de evaporação, que estava a cargo da Enesa, não foi concluída e por isso as atividades foram repassadas à empresa capixaba Imetame, que já havia concluído sua parte da obra, mas que continua trazer para Campo Grande seus funcionários em vôos fretados diretamente do Espírito Santo.
A metalúrgica Imetame foi uma das principais parceiras da Suzano na construção do Projeto Cerrado. Tinha até 1.800 trabalhadores ao mesmo tempo em Ribas do Rio Pardo. A maior parte foi trazida de Aracruz, no Espírito Santo, e de estados do Nordeste.
EVAPORAÇÃO
O site da Enesa afirma que “a Central de Evaporação é responsável por concentrar o Licor Negro (produto da digestão dos cavacos de madeira) para virar combustível da Caldeira de Recuperação. Os evaporadores são responsáveis por retirar a umidade do licor com o objetivo de aumentar o percentual de sólidos para queima. Para esses escopos em questão, a ENESA foi contratada para montar todos os equipamentos, estruturas, tubulações e energizar os pacotes”.
Em ação tramitando na Justiça, a empresa GD – Fabricação e Montagem de Equipamentos Industriais Ltda., cobra pouco mais de R$ 7 milhões da Enesa, Andritz Brasil e Suzano, pela prestação de serviços de pintura na fábrica que não teriam sido quitados.
Exige indenização de R$ 1,357 milhão em danos materiais e R$ 400 mil em danos morais. Mas a maior fatia está relacionada aos lucros cessantes, da ordem de R$ 5,34 milhões. O valor total da ação é de R$ 7,09 milhões.
Embora o contrato tenha sido assinado entre GD e Enesa, os advogados de GD afirmam que Andritz e Suzano têm responsabilidade solidária na ação e por isso as duas também são rés na ação.
A GD foi contratada em 24 de novembro de 2022 para realizar o serviço de jateamento e pintura, incluindo mão de obra de pintores montanhistas. Esses profissionais foram necessários devido às dimensões gigantescas da fábrica, que começou a ser construída em 2021 e será a maior do mundo em circuito único, com capacidade para produzir até 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano.
E a inadimplência da Enesa não é a única sofrida pelas empresas contratadas para trabalhar no projeto. A empresa VBX Transportes é outra empresa acusada de deixar um rastro de cerca de R$ 2,5 milhões em dívidas com fornecedores de máquinas, donos de postos de gasolina, supermercados e empresários de Ribas do Rio Pardo e de outros estados, como Minas Gerais e São Paulo.
Outro lado
O Correio do Estado entrou em contato com as empresas Enesa e Andritz Brasil, mas não conseguiu responder ou não obteve resposta aos telefonemas.
A Suzano enviou a seguinte nota:
A Suzano esclarece que honra todos os seus compromissos com os prestadores de serviços e que não tem visibilidade, nem obrigação legal, quanto a supostas dívidas de empresas terceirizadas e terceirizadas.
Além disso, não pode acompanhar e controlar negociações comerciais ou conceder crédito a tais empresas prestadoras de serviços, bem como monitorar, participar de negociações comerciais ou ser responsável por tais pagamentos.
Destaca ainda que tem realizado campanhas dirigidas às empresas locais para sensibilizar os comerciantes e prestadores de serviços sobre os cuidados necessários nas suas transações comerciais, e que não autoriza outras empresas a utilizarem o seu nome para obter ou conceder crédito.
A empresa também mantém um canal de Ouvidoria aberto para denúncias, reclamações e sugestões da comunidade local no número 0800 771 4060.
(Contribuição de Eduardo Miranda)
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