Com dinheiro dos sheiks árabes, usina de cana bate recorde

Apesar da seca que atinge praticamente todo o estado desde outubro do ano passado, a chegada de dinheiro dos xeques petrolíferos dos Emirados Árabes Unidos fez com que a Usina de Álcool e Açúcar Santa Luzia, em Nova Alvorada do Sul, batesse seu recorde de moagem de cana-de-açúcar em junho, atingindo 822.515 toneladas em um único mês.

Em operação desde 2009, o recorde anterior da usina, que pertence ao grupo Atvos (antiga Odebrecht), foi batido em julho do ano passado, quando a unidade moeu 814.798 toneladas de cana em um único mês, segundo a assessoria de imprensa da empresa.

E, devido ao processamento do grande volume de cana-de-açúcar, a usina também bateu seu recorde de produção de etanol anidro, com 27.942 metros cúbicos (27,9 milhões de litros), superando o índice anterior, de julho de 2020, quando eram 27.424 metros cúbicos. de combustível foram produzidos.

No início do ano passado, o fundo de investimentos Mubadala Capital, com sede em Abu Dhabi, anunciou investimentos de cerca de R$ 3 bilhões em três anos nas três fábricas do grupo Atvos em Mato Grosso do Sul. Devido a essas contribuições, em setembro do ano passado as usinas conseguiram superar a fase de recuperação judicial em que se encontravam desde 2019.

Segundo a assessoria de imprensa da usina, o desempenho de junho reflete “os bons resultados dos canaviais que, apesar de manterem a área plantada, recuperaram a produtividade apesar do clima mais seco no período. Outras iniciativas eficazes são os investimentos em formação e qualificação dos colaboradores que a empresa tem realizado ao longo do ano para aproveitar a evolução das tecnologias disponíveis”.

Além da fábrica de Nova Alvorada do Sul, o grupo controla as fábricas Eldorado, em Rio Brilhante; e Costa Rica, localizada no município de mesmo nome, na região Nordeste do Estado. Atua também nos estados de Goiás, Mato Grosso e São Paulo, onde controla mais seis fábricas.

DINHEIRO DO PETRÓLEO

Em janeiro do ano passado, o FIP Agroenergia assumiu a participação da Atvos, resultando na compra de 31,5% da empresa. Com o dinheiro injetado pelos árabes, além de atualizar as contas, a empresa prometeu aumentar a produção de cana-de-açúcar no país para 30 milhões de toneladas.

Ao final do investimento de R$ 3 bilhões no Estado, eles prometem aumentar em mais de três milhões de toneladas a capacidade de produção de cana-de-açúcar nas três unidades do Mato Grosso do Sul, onde trabalham cerca de quatro mil pessoas.

A Santa Luzia, por exemplo, havia fechado a safra anterior, com quatro milhões de toneladas, mas tem capacidade para até 5,5 milhões. A Eldorado, por sua vez, processou R$ 3,1 milhões de toneladas, mas seu potencial é de até R$ 4,1 milhões de toneladas. Na Costa Rica, a capacidade gira em torno de 4 milhões de toneladas por ano.

NÚMEROS DO SETOR

Na safra passada, segundo dados divulgados pela Biosul em meados de março, pela primeira vez o volume de cana-de-açúcar no Estado ultrapassou a marca de 50,5 milhões de toneladas. No ciclo 2016/17 foram produzidas 50,2 milhões de toneladas.

Dessa cana foram extraídos 2,1 milhões de toneladas de açúcar e 3,7 bilhões de litros de etanol, quantidade recorde em Mato Grosso do Sul.

O desempenho foi 17% superior ao ciclo anterior e colocou o Estado como o 4º maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil; 4º maior produtor de etanol; 5º maior produtor de açúcar e 4º maior exportador de bioeletricidade para o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Atualmente, estão em operação 19 unidades, todas produzindo etanol hidratado; 12 produtores de anidro, dois produtores de etanol de milho e 10 produtores de açúcar. Todas as usinas geram energia elétrica, totalizando 2 milhões de MWh de abril a dezembro e 12 exportam o excedente para a rede elétrica nacional.

A lavoura de cana-de-açúcar se estende por cerca de 800 mil hectares, perdendo apenas para as áreas ocupadas por plantações de soja, milho e eucalipto. Segundo o presidente da Biosul, Amaury Pakelman, o setor sucroenergético está presente em mais de 40 municípios do Estado e é responsável por cerca de 30 mil empregos.