Em 28 de junho de 1969, o bar homossexual Stonewall Inn, em Nova York, nos Estados Unidos, tornou-se palco de uma rebelião da comunidade LGBTI+, que já estava cansada das batidas policiais e das repressões a que foi submetida. Neste dia, o grupo resistiu e iniciou uma série de protestos, que marcariam o Dia Internacional do Orgulho LGBTI+. A data é importante, mas também é fundamental para reconhecer a história brasileira e as conquistas alcançadas nas últimas décadas.
Confira alguns dos principais marcos do movimento Lésbico, Gay, Bissexual, Travesti, Transsexual, Queer, Intersexo, Assexual e outros no Brasil:
1959 – Entre 1959 e 1972, houve uma série de tentativas de realização de um congresso nacional de homossexuais e travestis. Essas tentativas ocorreram em Belo Horizonte, Niterói, Petrópolis, João Pessoa, Caruaru e Fortaleza.
1970 – Durante a década de 1970, durante a ditadura militar no Brasil, a comunidade LGBTI organizou-se institucionalmente. Considerado o primeiro grupo LGBTI+ organizado em defesa dos direitos dessa população, após uma série de reuniões, foi criado em 1978 o Somos: Grupo de Afirmação Homossexual, mais conhecido como Somos. Ainda durante a ditadura, destacaram-se duas publicações independentes que passaram a trazer novidades do universo LGBTI+ e, assim, facilitar o encontro e o engajamento do grupo: os jornais Lampião da Esquina Isso é ChanacomChana.
1980 – Centenas de membros homossexuais de organizações de esquerda e dos movimentos negros e feministas se reuniram, no dia 13 de junho, em protesto na escadaria do Theatro Municipal de São Paulo contra a repressão policial.
1983 – Revolta do Bar do Ferro. Lésbicas organizadas no Grupo Feminista de Ação Lésbica distribuíram o jornal ChanacomChana no bar até serem impedidos de entregar a publicação. Lideradas por Rosely Roth, as lésbicas, com o apoio de organizações de direitos humanos e do movimento negro e feminista, invadiram o Ferro’s Bar para denunciar a censura, a perseguição e a violência policial contra lésbicas. A revolta marca o Dia do Orgulho Lésbico, 19 de agosto.
1985 – Conselho Federal de Medicina do Brasil retira a homossexualidade da lista de patologias. A decisão brasileira antecede a Organização Mundial da Saúde, que somente em 1990 seguiu na mesma direção e retirou a homossexualidade da Classificação Estatística de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).
1986 – Inclusão expressa da proibição da discriminação por orientação sexual no Código de Ética do Jornalista. De acordo com o código, os jornalistas não podem promover perseguição ou discriminação por motivos sociais, políticos, religiosos, raciais, de género ou de orientação sexual.
1995 – Marcha do Orgulho no Rio de Janeiro – ativistas da comunidade LGBTI+ consideram a marcha realizada após a 17ª Conferência da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), no Rio de Janeiro, em 1995, como a primeira Parada LGBTI+ do Brasil. O evento reuniu 3 mil pessoas na praia de Copacabana e, segundo os organizadores, instituiu o uso da bandeira arco-íris no Brasil. Em 1993, também houve uma marcha no mesmo local com o mesmo propósito, mas acabou não reunindo muitos participantes e não sendo considerada como primeira parada.
1996 – I Seminário Nacional Lésbico (Senale), realizado em 29 de agosto de 1996, no Rio de Janeiro, evento que passou a marcar o Dia da Visibilidade Lésbica.
1997 – Inspirada nas Paradas do Orgulho Gay, que acontecem desde 1969 nos Estados Unidos, a Parada LGBTI+ aconteceu no dia 28 de junho de 1997 em São Paulo, considerada por alguns grupos como a primeira parada do Orgulho LGBTI+ do Brasil.
2004 – No dia 29 de janeiro, homens e mulheres transexuais e travestis foram a Brasília lançar a campanha Travesti e Respeito, um ato político histórico em favor do respeito à identidade de gênero no Brasil. A campanha foi promovida pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde. A ação foi lançada no Congresso Nacional e marca o Dia da Visibilidade dos Transexuais e Travestis, no dia 29 de janeiro.
2008 – A Portaria nº 1.707, de 18 de agosto, garantiu acesso integral ao processo de transexualização pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas trans.
2011 – O Supremo Tribunal Federal (STF) alterou o entendimento do Código Civil de que família era formada por um homem e uma mulher. A partir de então, foram permitidas uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo, que passaram a ser equiparadas às entre casais heterossexuais.
2013 – O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou resolução que determina que os cartórios de registro civil são obrigados a celebrar casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo. A decisão ocorre dois anos depois de as uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo terem sido aprovadas pelo STF.
2018 – O STF reconheceu o direito das pessoas trans de mudarem de nome e gênero em documentos sem necessidade de comprovação de cirurgia de redesignação sexual ou tratamentos de mudança de gênero.
2019 – O STF classificou a homofobia e a transfobia como crimes de racismo.
2020 – O plenário do STF considerou inconstitucionais dispositivos e normas do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que excluíam “homens que mantinham relações sexuais com outros homens e/ou suas parceiras” da lista de habilitados a doar sangue . relações sexuais destes nos 12 meses anteriores.” Um ano depois, em 2021, o Senado aprovou um projeto de lei que proíbe a discriminação de doadores de sangue com base na orientação sexual.
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