A partir das 22h (horário de Brasília), o republicano Donald John Trump (78 anos) e o democrata Joseph Robinette “Joe” Biden Jr (81 anos) realizarão um debate televisivo inédito na história dos Estados Unidos da América: dois idosos que chegaram à presidência daquele país tentando um segundo mandato. O evento é promovido pelo canal de notícias CNN e terá retransmissão na CNN Brasil.
As expectativas dos especialistas consultados pelo Agência Brasil é que o cardápio de temas incluirá a manutenção da democracia nos Estados Unidos, a situação da economia e o conflito no Oriente Médio. O Brasil não deveria ser incluído na agenda, nem mesmo por questões ambientais. Os latino-americanos, especialmente os hispânicos, podem ser mencionados negativamente devido ao controle da imigração e à luta contra o tráfico de drogas.
Para os especialistas, não deveria ser uma discussão entre estadistas. Os oponentes provavelmente explorarão a política inferior, como as acusações de posse ilegal de armas contra Hunter Biden, filho de Joe Biden – enquanto ele era viciado em drogas –; e a condenação de Trump, culpado de falsificar documentos e encobrir um suborno pago a uma atriz pornográfica – para comprar o seu silêncio antes das eleições de 2016.
Além dos escândalos, existem outras vulnerabilidades. No caso de Biden, considerado “muito velho” por alguns críticos e eleitores, o ponto fraco é permanecer atento e articulado durante os 90 minutos de debate, sem ajuda de assessores.
Confundir o oponente
“O que impacta o público é exatamente a capacidade do candidato em dar respostas rápidas, incisivas e inteligentes para desconcertar o adversário”, lembra o jornalista Paulo Sotero, residente nos Estados Unidos há 44 anos, hoje trabalhando como pesquisador sênior no Brasil Instituto do Wilson Center em Washington.
“Há uma grande expectativa quanto à capacidade de Biden focar e manter uma mensagem clara para a população”, aponta Antonio Jorge Rocha, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), para quem Biden acabará parecendo “cansado e errático” em algumas aparências.
Trump também tem pontos fracos, como o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio (Congresso dos EUA), aponta o professor. O professor Kai Enno Lehmann, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP) avalia que “o grande risco que Donald Trump corre é ele dizer algo estúpido”.
Obamacare
Além do temperamento, “questões sobre o programa de saúde, o Obamacare, podem ser contra Trump”, acrescenta o professor de Ciência Política Joscimar Silva, também da UnB, em referência à lei que estabeleceu a política de assistência à saúde para pessoas de baixa renda. e para pessoas com 65 anos ou mais. Segundo ele, Trump se opõe ao programa “que está muito bem avaliado” e foi revitalizado por Joe Biden.
O professor está no estado de Massachusetts, costa leste dos EUA, onde participa do Programa Study in United States para Pesquisadores em Ciência Política. Segundo ele, o debate que acontece a mais de quatro meses das eleições será “importante porque provavelmente destacará os principais temas de cada candidato”.
Ainda segundo especialistas ouvidos pelo Agência Brasil, o debate poderá ter pouco impacto nas intenções de voto norte-americanas para o colégio eleitoral que escolherá entre Biden e Trump, mas será útil na mobilização das respetivas bases. A expectativa é que cerca de 70 milhões de norte-americanos assistam à transmissão.
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