A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, declarou nesta quinta-feira (27) que 85% dos incêndios que atingem o Pantanal há quase 90 dias acontecem em terras privadas. “Neste momento não temos incêndio por ignição natural”, acrescentou.
A afirmação foi feita durante a reunião do Conselho para o Desenvolvimento Económico e Social Sustentável, o Conselho que reúne representantes da sociedade civil e do Governo para aconselhar o Presidente da República.
Marina afirmou ainda que o município de Corumbá é responsável atualmente por metade das queimadas em Mato Grosso do Sul e também é o que mais desmatou, chegando a 52% do seu território. “Os municípios que mais desmatam são os que têm mais queimadas”, destacou.
Para o ministro, este ano, a situação foi agravada pelos efeitos das mudanças climáticas causadas pelas ações humanas. “Estamos vivendo um momento muito particular da nossa trajetória neste planeta. Em 2023, tivemos um dos anos mais intensos em termos de eventos climáticos extremos, com os problemas de ondas de calor, secas, inundações extremas. Este é um sinal inequívoco de que as alterações climáticas já são uma realidade”, afirmou.
Os efeitos dos extremos climáticos levaram a Agência Nacional de Águas (ANA) a declarar situação crítica de escassez de recursos hídricos na Bacia do Paraguai, já em maio. Nota técnica divulgada pelo Laboratório de Aplicações Ambientais por Satélites da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), no início desta semana, aponta que, entre 1º de janeiro e 23 de junho de 2024, a área queimada no bioma atingiu 627 mil hectares, superando em 142,9% os 258 mil hectares queimados em 2020.
Em entrevista coletiva nesta manhã, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, informou que a chegada de uma frente fria ao Pantanal na quarta-feira (26) favoreceu o trabalho das equipes que atuam no combate a incêndios e queimadas diversas. poderia ser extinto.
Durante a entrevista, a tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Tatiane Inoue, que comanda as operações, relatou que, de 1º de janeiro a 25 de junho, o incêndio já consumiu 530 mil hectares no Pantanal mato-grossense. “O cenário é muito mais crítico do que em 2020, mas nossa estrutura já é muito maior e organizada”, afirmou.
Segundo o governo do estado, 74 bombeiros militares atuam diretamente na força-tarefa, dos quais 51 estão na Guarnição de Combate a Incêndios Florestais no terreno. Quatro estão envolvidos em operações aéreas e 19 compõem o Sistema de Comando de Incidentes, que monitora as atividades.
A Casa Civil da Presidência da República informou que 145 brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 40 brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e 53 combatentes da Marinha reforçam o estado equipe no confronto para atirar.
Também estão envolvidas na operação cinco aeronaves modelo Air Tractor, com capacidade para movimentar grandes volumes de água, sendo quatro fornecidas pelo Ibama e uma pelo Corpo de Bombeiros do estado.
Hoje estão previstas a chegada de 40 agentes da Força Nacional de Segurança Pública, com mais 15 viaturas. O grupo deixou Brasília na última terça-feira (25).
Segundo o diretor de Operações Integradas e Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Rodney da Silva, a maior parte do contingente deslocado é formada por efetivos mobilizados do Corpo de Bombeiros Militar de outros estados. Segundo Silva, este é um modelo que será adotado em rede nacional e será viabilizado pela integração do Corpo de Bombeiros de todo o país com a Força Nacional.
“O objetivo deste novo projeto não é apenas gerir crises, mas gerir riscos em áreas onde há maior probabilidade de ocorrência de acidentes ao longo do ano”, explicou o diretor.
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