Um levantamento realizado por Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e para Wiabiliza e divulgado nesta quinta-feira (27) identificou que a agenda da diversidade avançou no mercado editorial brasileiro. Dos 45 editores que responderam ao Pesquisa sobre Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I)87% têm mulheres em posições de liderança (líderes de grupos e equipes, gerentes, diretores).
Em 58% deles, as pessoas LGBTQIA+ ocupam cargos de liderança, o mesmo percentual de negros. Em 11% dessas editoras há lideranças indígenas. Pessoas com deficiência (PCD) Eles também são chefes em 11% das empresas que responderam ao questionário.
Na última década, o mercado editorial fez da diversidade uma palavra de ordem e reforçou a presença de mulheres e autoras não brancas nos catálogos. No entanto, havia dúvidas se a cadeia produtiva do livro também havia se diversificado. A pesquisa representa um primeiro passo para responder a essa questão.
Três quartos das empresas que participaram no inquérito afirmaram estar comprometidas com a não discriminação e com a promoção da diversidade, equidade e inclusão na sua missão, visão e valores. Quase todos (98%) afirmaram que não existe preconceito de idade no local de trabalho ou restrições relacionadas com o género.
Mais de metade dos editores (60%) garantiram que o seu compromisso com a agenda DE&I fosse comunicado aos acionistas. 87% acreditam que a implementação de políticas inclusivas resultará em melhores resultados (financeiros, valorização da marca, melhoria das rotinas editoriais).
Apesar disso, a maioria (47%) ainda não instituiu práticas de governança corporativa que garantam a implementação de políticas e metas de inclusão. 56% afirmaram que considerariam incorporar metas de promoção da diversidade na avaliação dos executivos, com possível impacto na distribuição de bônus.
No entanto, 62% dos editores entrevistados não incluem atualmente a promoção da diversidade como condição nos programas de remuneração variável de curto e longo prazo. A maioria (44%) também não considera riscos estratégicos, financeiros, regulatórios, operacionais ou reputacionais ao investir na diversificação da força de trabalho.
A pesquisa também mostrou que a diversidade tem pouca importância na contratação de trabalhadores terceirizados. 80% dos editores afirmaram não levar em consideração a representação na procura de potenciais colaboradores. Parte considerável do quadro editorial é formada por trabalhadores sem carteira assinada, como tradutores e revisores.
Dos 45 editores que responderam à pesquisa, a maioria (53%) é paulista, 27% carioca e 7% mineira. Mais da metade (51%) atua no segmento de obras gerais (ficção e não-ficção).
Pouco mais de um terço (36%) reportou faturamento anual inferior a R$ 1 milhão; 36% faturam entre R$ 46 milhões e R$ 149,9 milhões; e apenas 2% ganham mais de R$ 1 bilhão por ano. As editoras respondentes possuem portes diferentes: 40% possuem até nove funcionários permanentes; 2% têm mais de 800 e outros 2% têm entre 400 e 799.
Cerca de 400 editores foram convidados a responder à pesquisa. Dante Cid, presidente do SNEL, afirma que muitas empresas não participaram da pesquisa porque não costumam coletar dados sobre a diversidade de seus colaboradores. Ele espera que a investigação sirva de “gatilho” para que mais editores se envolvam na implementação de políticas inclusivas.
— Como mercado editorial, temos uma dupla responsabilidade: refletir, nos conteúdos que produzimos, a diversidade que existe no nosso país, no nosso planeta, e garantir a diversidade e a inclusão nos nossos processos internos e na oferta de oportunidades — ele afirmou. — Somos empresas produtoras de conhecimento, informação e cultura. O compromisso com a diversidade e a inclusão é inerente à nossa missão.
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