30 anos após o lançamento do real, a maioria dos brasileiros está tão acostumada a ver animais da fauna do país aparecendo nas notas da moeda nacional que não sabe mais como foram escolhidos.
Muitos podem até se lembrar do lobo-guará, já que a nota de R$ 200 começou a circular em 2020. Mas e o beija-flor de peito azul, que ilustra a extinta nota de R$ 1, como foi escolhido?
E por que o Brasil é um dos poucos países a utilizar animais da fauna brasileira e não personagens históricos em suas notas?
Segundo informações do Banco Central do Brasil, a escolha pela impressão das cédulas com animais levou em consideração a necessidade do novo padrão monetário ser claramente diferente das cédulas anteriores.
O cruzeiro real, que circulou imediatamente antes do real, deixou de apresentar personagens históricos, passou a ser impresso com figuras humanas típicas de determinadas regiões. Até o Plano Real, existiam seis casas de câmbio entre a década de 1980 e o início da década de 1990.
Ecos da Eco-92
Assim, quando o real foi lançado, optou-se por usar a efígie da República em um lado de todas as cédulas, enquanto o outro lado de cada cédula teria a representação de um exemplar da fauna brasileira. Este tema estava em consonância com as preocupações da época com a protecção da fauna e flora nacionais e a preservação do ambiente.
O Brasil acabava de sediar a Eco-92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que reuniu chefes de estado de diversos países no Rio de Janeiro para debater problemas ambientais globais.
Confira abaixo os animais que aparecem em cada uma das notas da moeda e porque foram escolhidos:
Beija-flor de peito azul
As gravuras presentes nas cédulas são elementos artísticos, e na época precisavam ser esculpidas manualmente no metal que serviria de molde para carimbar as cédulas, o que leva muito tempo. Como o prazo para lançamento do real era curto, foram utilizadas gravuras que já estavam em desenvolvimento ou que já haviam sido utilizadas em cédulas anteriores.
Na única nota real, por exemplo, foi utilizada a gravura do beija-flor, que já estava disponível por estar impressa na nota de 100 mil cruzeiros de 1992.
Uma nota real saiu de circulação em 2005, mas permanece na memória de muitos brasileiros. O beija-flor de peito azul neles representado é uma espécie que pode ser encontrada em diversos países da América do Sul, com registros desde a Floresta Amazônica até Santa Catarina.
tartaruga-de-pente
Quando foram lançadas em 1994, as cédulas reais tinham apenas cinco denominações: R$ 1, R$ 5, R$ 10, R$ 50 e R$ 100.
As notas de R$ 2, R$ 20 e R$ 200 foram lançadas posteriormente, em 2001, 2002 e 2020, respectivamente. E utilizaram-no mais tarde (2001, 2002 e 2020), e utilizaram os resultados de um inquérito online realizado em 2001 para avaliar a preferência do público entre algumas espécies ameaçadas.
Os mais votados foram, nesta ordem: a tartaruga marinha, o mico-leão-dourado e o lobo-guará.
Impressa em notas de R$ 2, a tartaruga-de-pente é uma das cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas na costa brasileira. A espécie vive em recifes de coral e águas costeiras rasas, sendo comumente encontrada na região Nordeste do país.
Garça-real-branca
A Garça-branca, que aparece na nota de R$ 5, é uma ave típica do Pantanal, mas pode ser avistada às margens de lagos e rios de todo o país. É conhecido por suas penas brancas, pescoço e pernas longos e uma dieta baseada principalmente em peixes e cobras.
arara vermelha
Nativa das florestas do Panamá, a arara vermelha foi escolhida para a nota de R$ 5 por ser uma das aves típicas brasileiras mais conhecidas. Além da região Norte, também pode ser encontrada nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país e é frequentemente vítima de tráfico de animais silvestres.
mico-leão-dourado
Quase extinto em 1970, o mico-leão-dourado está presente na nota de R$ 20 e representa o trabalho pela conservação da biodiversidade brasileira. O animal, que chama a atenção pela cor de sua pelagem vermelho-dourada, tem como habitat a Mata Atlântica do interior do Rio de Janeiro e é monitorado pela Associação Mico Leão Dourado (AMLD).
Atualmente, a espécie ainda é considerada em perigo de extinção e sua população na natureza é estimada em 4.800 indivíduos.
Jaguar
Conhecida como o maior felino das Américas, a onça-pintada é símbolo das florestas brasileiras e espécie importante nas ações de conservação ambiental. Escolhido para a nota de R$ 50, pode ser encontrado na Mata Atlântica, no Pantanal, no Cerrado e na Amazônia.
É talvez o animal mais conhecido nas cédulas reais, já que em algumas cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro, “uma onça” virou sinônimo de R$ 50.
Garoupa
Quanto à nota de R$ 100, que foi durante 26 anos a cédula com maior valor do real, o animal escolhido foi a garoupa, peixe presente em todo o litoral brasileiro. Esta espécie é conhecida pelo seu corpo gordo e cinzento e é encontrada em águas profundas com corais e rochas, onde costuma se esconder.
Lobo Guara
O lobo-guará foi o terceiro animal ameaçado de extinção escolhido para cédula real na consulta pública de 2001, e há quatro anos foi designado para representar a nota de R$ 200. A espécie é típica do Cerrado e está relacionada aos lobos selvagens e aos cães domésticos, levando o título de maior canino presente na América do Sul.
Em 2020, o lançamento da nota virou piada na internet, com memes sugerindo outras personalidades para aparecerem na nota, como o vira-lata caramelo e a cantora Pabllo Vittar.
Também virou piada dizer que ter R$ 200 é tão raro quanto encontrar um lobo-guará.
Combate à falsificação
A definição de todas as características das notas, incluindo o tema e as imagens utilizadas como base, é de responsabilidade do Banco Central. Em seguida, os designers da empresa que imprime as cédulas traduzem o conceito pensado pelo BC em um design adequado para produção em equipamentos de impressão.
As cédulas possuem elementos de segurança, que são itens que podem ser conferidos pela população para garantir sua legitimidade. Entre eles estão listras holográficas, microimpressões, marcas d’água e números ocultos.
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