Um pesquisador da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) foi reconhecido em congresso internacional na Suíça por pesquisa que mostrou a ineficácia do Kit Covid na prevenção de mortes de pacientes infectados pela Covid-19.
Pesquisa sobre Kit Covid
A pesquisa do Kit Covid foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Unisul. O trabalho foi realizado pelas acadêmicas Fabiana Schuelter-Trevisol, Rafaela Bittencourt Flores, Gabriela de Souza Bett e orientado pelo pesquisador Daisson Trevisol.
Daisson explicou que o Kit Covid não apresentou nenhum benefício relacionado à sobrevivência do paciente ou à alta hospitalar. “Descobrimos que não houve diferença estatisticamente significativa nos resultados, ou seja, o tratamento precoce não melhorou as taxas de mortalidade ou alta hospitalar”, disse.
Para realizar a pesquisa, a equipe coletou dados de todos os pacientes internados por covid-19 no HNSC (Hospital Nossa Senhora da Conceição) desde o início da pandemia até junho de 2021.
“Comparamos quem usou o Kit Covid antes da internação com quem não usou. Avaliamos os desfechos de intubação, necessidade de UTI e óbito. E podemos afirmar, de forma estatisticamente significativa, que o uso do kit não trouxe nenhum benefício para esses pacientes”, disse o pesquisador.
“Houve até uma tendência (quando não há diferença estatisticamente significativa mas pode estar relacionada) de que quem tomou o kit morresse mais. Mas isso pode estar relacionado com o facto de demorar mais tempo a ir ao hospital”, acrescentou.
O grupo foi premiado no “Congresso Mundial de Pesquisa Farmacêutica e Toxicologia“, evento internacional que reuniu cientistas de países como Inglaterra, Arábia Saudita, China, França, Estados Unidos e Índia.
Outras pesquisas premiadas
Outro trabalho de Daisson Trevisol que também foi premiado no evento trata do monitoramento da quantidade de medicamentos disponíveis em estoque, por meio de softwares que auxiliam na assistência farmacêutica.
O objetivo do aplicativo de gestão desenvolvido pelo professor e alunos é monitorar a falta de medicamentos nos serviços oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) na atenção básica.
“[Ele vai] informar quando houver falta de medicamentos, identificar os motivos e, se necessário, entrar em contato com a Anvisa e o Ministério da Saúde para entrar em contato com os produtores, a indústria farmacêutica e os distribuidores, facilitando o processo de reposição”, afirma o professor.
O projeto foi produzido em parceria com o CONASEMS (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), vinculado ao Governo Federal e ao MS (Ministério da Saúde) e o sistema foi adotado pelas 5.570 prefeituras do país.
Outros dois estudos catarinenses também foram premiados durante o evento. A pesquisadora Fabiana Schuelter apresentou um software que facilita a prescrição de medicamentos para pacientes hospitalizados.
“Esse software ajuda a garantir que os profissionais de saúde tenham conhecimento de todos os medicamentos que o paciente já toma ao ser internado no hospital, evitando receitas duplicadas ou interações medicamentosas indesejadas”, afirma Fabiana.
O congresso foi realizado na Suíça no final de maio e tem como foco produções científicas que apresentem soluções para a eficiência da farmácia clínica.
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