Ó Presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (26), que não conversará com seu homólogo argentino, Javier Mileiaté pedir desculpas a ele e ao Brasil por ter dito “muita besteira”.
“Não falei com o presidente da Argentina porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim, ele falou um monte de besteira, só quero que ele peça desculpas”, disse Lula em entrevista ao Uol.
Lula não especificou a quais declarações se referia, mas Milei rotulou o brasileiro de “corrupto” e “comunista” durante a campanha eleitoral que o levou ao poder.
O presidente afirmou ainda que não será o ultraliberal argentino quem criará uma “dissolução” entre países vizinhos, membros do Mercosul e importantes parceiros comerciais.
Em declaração posterior em Buenos Aires, o porta-voz da presidência argentina, Manuel Adorni, afirmou que o que Lula “pretende está dentro da vontade dele, o que respeitamos, mas o presidente, neste caso, não cometeu nada que tivesse que se arrepender, pelo menos até agora.”
Milei é próxima do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), a quem convidou para sua cerimônia de posse no dia seguinte à vitória eleitoral.
Embora tenha havido tentativas de contato com o governo Lula, o presidente brasileiro não compareceu à cerimônia em Buenos Aires.
As distâncias foram mantidas entre os dois chefes de Estado, inclusive na cimeira do G7 em Itália este mês.
Embora a imprensa especulasse sobre um possível encontro entre Milei e Lula em Bari, o Itamaraty afirmou que “não houve solicitação” de encontro bilateral.
Os dois líderes cumprimentaram-se “cordialmente” durante a cimeira em Itália, disse Adorni.
Em março, Lula disse que a extrema direita ameaça a democracia no mundo e deu como exemplo o caso do seu homólogo argentino.
“Quem é contra o sistema, quem critica tudo, é Milei na Argentina”, lançou.
Apesar das tensões entre os dois governos, os dois países falam na presença na Argentina de dezenas de fugitivos do ataque à sede dos Três Poderes em 2023, em Brasília, por apoiadores de Bolsonaro.
Lula destacou que alguns desses fugitivos já foram “condenados” no Brasil, razão pela qual seu governo pede que, caso não retornem, “sejam presos” na Argentina.
“Estamos lidando com isso da maneira mais diplomática possível”, disse ele.
A polícia prendeu centenas de supostos vândalos, financiadores e instigadores dos ataques ocorridos em janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula.
Alguns foram condenados por crimes como o golpe de Estado, com penas de até 17 anos de prisão.
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