O chefe do Governo da Alemanha, Olaf Scholz, pediu, neste domingo (23), em Berlim, ao presidente argentino Javier Milei que cuide da “coesão social”, após os protestos em Buenos Aires contra a reforma do Estado promovida pelo líder ultraliberal .
Acompanhado da irmã Karina Milei, secretária-geral da Presidência, o presidente sul-americano foi recebido pelo social-democrata Scholz na Chancelaria de Berlim.
Após a reunião não houve conferência de imprensa, conforme anunciou sexta-feira o Executivo alemão, que apresentou a reunião como uma visita de trabalho “muito breve” e disse que o formato reduzido se deveu à vontade do governo argentino.
No entanto, o governo da maior economia da Europa emitiu um comunicado no qual observou que o chanceler alemão e o presidente Milei “falaram sobre os planos de reforma da Argentina e o seu impacto na população”.
“O Chanceler sublinhou que, na sua opinião, a compatibilidade social e a proteção da coesão social devem ser pilares importantes”, segundo a nota.
Um grupo de quase 10 pessoas protestou contra o presidente argentino em frente à chancelaria com cartazes com mensagens como “A Argentina não está à venda” e “Fora Milei”.
Depois de seis meses no governo, Milei alcançou um triunfo legislativo em meados deste mês, quando o seu pacote de reformas e desregulamentação económica conhecido como “Lei de Bases” foi aprovado por uma estreita margem no Senado.
Houve protestos e distúrbios durante a votação do pacote, que ainda precisa ser aprovado em definitivo na Câmara dos Deputados.
A “Lei de Bases” inclui privatizações de empresas públicas, incentivos fiscais ao capital estrangeiro e delegação de poderes especiais ao Poder Executivo.
O governo alemão também detalhou que as conversações abrangeram “toda a gama de relações bilaterais”, incluindo comércio, energias renováveis e proteção climática.
Os dois líderes também falaram sobre a difícil negociação de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. “Eles concordaram que […] deveria terminar [o acordo] rapidamente”, segundo o comunicado do governo alemão.
Milei e Scholz também falaram sobre a possível adesão da Argentina à OCDE, um esforço que Berlim “apoia”.
Antes da viagem à Alemanha, Milei fez a segunda visita em pouco mais de um mês à Espanha, onde, mais uma vez, não se encontrou nem com o rei Felipe VI nem com o presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez.
Na capital espanhola, Milei recebeu uma condecoração da presidente conservadora da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, o que causou irritação no governo espanhol.
Segundo muitos observadores, o formato reduzido da visita a Berlim poderá ser explicado pelas declarações feitas na segunda-feira pelo porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, que classificou de “mau gosto” os comentários de Milei sobre Begoña Gómez, mulher de Pedro. Sánchez.
Em maio, durante uma convenção do partido de extrema-direita Vox em Madrid, Milei referiu-se à esposa de Sánchez como uma “mulher corrupta”, à qual a Espanha respondeu retirando o seu embaixador em Buenos Aires.
Milei referiu-se a Begoña Gómez dessa forma por abrir uma investigação judicial contra ela por suposto tráfico de influência e corrupção.
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