Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – Depois de sustentar alta firme durante o dia, aproximando-se de 5,50 reais, o preço à vista desacelerou na reta final dos negócios e terminou perto da estabilidade, com investidores ajustando posições antes da decisão do Copom sobre juros, na quarta-feira noite, em um movimento amplificado pela redução da liquidez no Brasil devido a um feriado nos Estados Unidos.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4407 reais na venda, leve alta de 0,13%. Este é o maior preço de fechamento desde 4 de janeiro de 2023 – início do governo Lula – quando fechou a 5,4513 reais. Em quatro dias, a moeda norte-americana acumulou valorização de 1,35%. No mês, o ganho acumulado é de 3,61%.
Às 17h06, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento caía 0,07%, a 5,4440 reais na venda.
Com o mercado norte-americano fechado devido ao feriado de junho, a cotação do dólar foi influenciada nesta quarta-feira pelas expectativas antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
A busca dos investidores pela proteção do dólar fez com que a cotação no mercado spot atingisse máxima de 5,4840 (+0,92%) às 14h30. Perto do fechamento, porém, os preços perderam força e o dólar voltou à estabilidade.
No mercado há quase um consenso, precificado na curva a termo, de que o Banco Central manterá a taxa básica Selic em 10,50% ao ano, encerrando o atual ciclo de cortes.
A principal dúvida é se a votação será dividida, como na reunião de maio, ou se haverá unanimidade entre os nove dirigentes do BC. Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que se os quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva votarem novamente em bloco, pelo corte da Selic, isso tenderá a estressar novamente os ativos, mesmo que a Selic permaneça em 10,50% ao ano.
Depois de Lula ter criticado duramente o presidente do BC, Roberto Campos Neto, na véspera, as atenções estarão voltadas principalmente para o voto do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, cotado para assumir o comando da autoridade a partir de 2025.
“Embora o mercado acredite que não haverá susto como em maio, ele está se protegendo”, comentou durante a tarde o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado, ao justificar a alta dos preços. “Se houver divisão ou se houver uma ‘surpresa conciliatória’ no Copom, o dólar vai subir”, acrescentou.
Um operador ouvido pela Reuters resumiu nesta quarta-feira a percepção mais geral do mercado: o dólar só cairá no dia seguinte ao Copom se a Selic permanecer em 10,50% ao ano, por decisão unânime dos diretores do BC. Qualquer decisão diferente desta tem o potencial de estressar ainda mais os preços.
O mesmo profissional considerou que, apesar do dólar ter subido para 5,50 reais nos últimos dias, ainda haveria muito espaço para novas valorizações caso o resultado do Copom não seja bem avaliado pelos investidores. Isso porque as preocupações com o cenário político brasileiro e o equilíbrio fiscal permanecem nas mesas de operação.
Às 17h15, no exterior, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – caía 0,04%, para 105,230.
No Brasil, pela manhã o BC vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional oferecidos para rolagem dos vencimentos de agosto.
À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 6,337 bilhões de dólares em junho até o dia 14, com entradas líquidas de 2,104 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas de 4,233 bilhões de dólares pelo canal comercial.
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