Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) – Principal fornecedora global de produtos de nióbio, a CBMM começou nesta quarta-feira a testar com seus parceiros Toshiba (TYO:) e Volkswagen (ETR:) Caminhões e Ônibus um protótipo de ônibus elétrico movido a bateria. íons de lítio com nióbio, numa iniciativa que visa contribuir para a multiplicação de sua receita nos próximos anos, disseram executivos à Reuters.
Em três anos, a expectativa da empresa controlada pela família Moreira Salles é aumentar em quase dez vezes o faturamento do seu negócio de baterias, para 100 milhões de dólares em 2026, contra 11 milhões de dólares em 2023.
“As tecnologias (para recarga rápida de baterias)…serão o principal motor do crescimento”, disse à Reuters o gerente executivo comercial da divisão de baterias da CBMM, Rodrigo Amado, por videoconferência.
O fornecimento de produtos de nióbio para a indústria siderúrgica ainda continua sendo a principal atividade da CBMM, mas os planos de diversificação com ênfase em baterias ganham força ano após ano.
O lançamento dos testes de protótipos nesta quarta-feira na planta industrial da empresa em Araxá (MG) é um marco para a empresa, disse Amado, destacando o grande diferencial da tecnologia a ser avaliada, que é permitir a recarga ultrarrápida de um ônibus elétrico , atingindo a autonomia máxima do veículo em apenas 10 minutos.
A bateria desenvolvida com a tecnologia também promete vida útil até três vezes maior que a das baterias convencionais, disseram os executivos. A expectativa é que ele esteja disponível no mercado no próximo ano.
A tecnologia desenvolvida, utilizando óxidos mistos de titânio com adição de nióbio para o ânodo das células da bateria de íon-lítio, é conhecida como NTO.
Segundo dados da empresa, a estrutura do ânodo NTO permite suportar recarga ultrarrápida e permite operação em temperaturas mais amenas, o que aumenta a vida útil e a segurança da bateria, além de gerar redução no consumo de energia devido à menor demanda de refrigeração do sistema.
AQUISIÇÃO DE DADOS
A CBMM e a japonesa Toshiba firmaram parceria em 2018 para desenvolver essa tecnologia e em 2021 o projeto se expandiu com a chegada da Volkswagen, que permitiu a aplicação da bateria.
“Não adianta só mostrar PowerPoint…, é preciso ver para acreditar, então nos unimos à Volkswagen para demonstrar a tecnologia em um caso real… O ônibus foi totalmente redesenhado para acomodar essa nova tecnologia”, afirmou o gerente executivo de baterias da CBMM, Rogério Ribas, detalha que o veículo circulará diariamente em trajeto fixo, com recarga do pantógrafo de 300 kW programada no início ou no final do trajeto.
O ônibus é equipado com quatro baterias de lítio com ânodo contendo nióbio, cada uma com capacidade útil de até 30 kWh. A operação fornecerá dados sobre as características da bateria e do veículo, com o objetivo de sinalizar ajustes necessários para futura comercialização.
Configurado sobre um chassi de 18 toneladas, o protótipo de ônibus tem autonomia estimada de 60 quilômetros, o que “é mais que suficiente para qualquer deslocamento urbano”, destacou Ribas.
Segundo o executivo, um trajeto urbano hoje em uma cidade como São Paulo leva de 25 a 30 quilômetros. “Então, nosso ônibus poderia fazer duas voltas completas, parar dez minutos, fazer mais duas voltas completas, parar mais dez minutos, sem precisar tirar o ônibus do trajeto.”
Atualmente, a bateria convencional necessita de três a oito horas de carga para atingir 100% de recarga, destacaram os executivos.
Com o avanço das pesquisas e a conclusão de uma nova planta em 2027, a CBMM prevê forte crescimento nas vendas de óxido de nióbio para aplicação anódica, em tecnologias de recarga rápida, para mais de 20 mil toneladas, nos próximos sete a dez anos.
Em 2025, as vendas para esse fim deverão totalizar 800 toneladas, ante cerca de 200 toneladas neste ano.
Considerando as vendas de óxido de nióbio para baterias em diversas aplicações, tanto anódicas quanto cátodos (mais ligadas à estabilidade e segurança), a perspectiva da empresa é atingir a marca de 1 mil toneladas de materiais em 2024, contra 620 toneladas em 2023.
O volume total de vendas de produtos de nióbio da empresa totalizou 92 mil toneladas em 2023.
(Por Marta Nogueira)
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