Veterinários e biólogos do Grupo Técnico de Resgate de Animais do Cerrado-Pantanal (GRETAP) viajarão, nesta quarta-feira (19), ao Pantanal Sul-Mato Grosso, para trabalhar no resgate de animais e no afastamento da fauna.
Militares do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar Ambiental, brigadistas do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e integrantes do Instituto Ambiental de Mato Grosso do Sul (Imasul) estão empenhados, em dois veículos e barcos, no resgate de animais atingidos pelo incêndios no Pantanal. As equipes trabalharão em turnos e farão rodízio a cada dez dias.
Afugentar a fauna é o ato de movimentar os animais no sentido oposto ao fogo, mantendo-os afastados das chamas e retirando-os das áreas de risco. É uma forma de evitar que os animais sejam afetados pelo fogo.
Os animais atingidos pelo incêndio serão resgatados, receberão atendimento veterinário e posteriormente serão encaminhados para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS).
Segundo o secretário executivo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Artur Falcette, os animais se deslocam para escapar do fogo e a ideia é resgatá-los e abrigá-los.
“É normal você ter ali, durante o incêndio, uma movimentação de animais que estão nessas áreas. Os animais estão circulando, estão conseguindo sair dessas regiões mais afetadas, mas sabemos que é muito difícil numa situação como essa não ter todos os animais vítimas desse incêndio. Trabalharemos com protocolos de condução de fauna para realizar trabalhos preventivos e não precisar resgatar esses animais. É estabelecer uma mentalidade de olhar muito mais para a prevenção do que tentar recuperar depois das perdas”, explicou o secretário executivo.
Até o momento não é possível estimar o número de animais mortos em decorrência dos incêndios.
“É óbvio que a fauna está sendo afetada atualmente, temos registros de animais afetados. Até agora não tivemos nenhum registro de mamíferos de grande porte, por exemplo, então não temos registro de onças mortas”, acrescentou.
A imagem de um jacaré carbonizado, morto no incêndio, viralizou nas redes sociais. Veja a foto ao lado.
O Grupo Técnico de Resgate de Animais do Cerrado-Pantanal (GRETAP) é formado por representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc); Instituto Ambiental de Mato Grosso do Sul (Imasul); Polícia Militar Ambiental (PMA), Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-MS); Universidade Católica Dom Bosco (UCDB); Instituto Tamanduá; Instituto Homem Pantaneiro (IHP); Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS); Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Conselho Regional de Biologia.
O GRETAP foi criado em 2020, devido à emergência climática da época e é acionado novamente em 2024 para responder a desastres ambientais no Rio Grande do Sul (chuvas) e Mato Grosso do Sul (incêndios).
OPERAÇÃO PANTANAL 2024
Atualmente, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS), a Polícia Militar Ambiental (PMA), o Sistema Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outras brigadas voluntárias tentam controlar o incêndio em o Pantanal Sul-Mato Grosso.
Durante a Operação Pantanal 2024, bombeiros do Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo) e cerca de 100 militares trabalham no combate aos incêndios florestais.
No dia 17 de junho de 2024, 77º dia da Operação, os brigadistas criaram aceiros no entorno das residências do Forte Coimbra para combater focos de calor.
Militares da Marinha do Brasil combatem incêndios na Área de Treinamento do Rabicho. Além disso, as equipes retomaram o monitoramento do foco de incêndio localizado no estado de Mato Grosso, analisando o andamento do incêndio com imagens de drones e sensoriamento remoto.
Guarnições continuam intenso trabalho de combate ao incêndio florestal na Fazenda Caimã. As demais bases são dedicadas ao monitoramento, prevenção e orientação junto à comunidade local, testes operacionais e manutenção de equipamentos, para que estejam preparados para responder a qualquer eventualidade.
FOGO EM NÚMEROS
Dados do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa), do departamento de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), indicam que 184.825 hectares foram consumidos pelo fogo, entre 1º e 16 de junho de 2024, no Pantanal Sul-mato. -grossense (municípios de Corumbá, Forte Coimbra, Porto Murtinho e Miranda).
Entre 1º de janeiro e 15 de junho de 2024, 479,9 mil hectares foram devastados pelos incêndios. No mesmo período de 2023, foram 24.825 hec. No mesmo período de 2022, 69.250 hec e, em 2021, 31.375 hec.
O Pantanal sul-mato-grossense teve o pior incêndio florestal da história em 2020, quando 1.580.000 hectares foram devastados pelo fogo de janeiro a dezembro.
De janeiro a junho de 2020, 245.950 hectares foram destruídos pelo fogo. No mesmo período de 2024, eram 479,9 mil hectares.
Portanto, isso significa que o incêndio do primeiro semestre de 2024 é pior do que o do mesmo período de 2020.
Confira números da área queimada no Pantanal, desde 2012, de janeiro a 15 de junho, em hectares:
O Governo Federal criou, nesta sexta-feira (14), uma Sala de Situação para lidar com as queimadas e a seca, especialmente no Pantanal.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, conduzirá reuniões, a partir desta segunda-feira (17), para discutir soluções para simplificar a contratação de bombeiros, equipamentos e aeronaves, entre outras medidas.
CONSEQUÊNCIAS
Os incêndios transformam paisagens verdes e vivas em paisagens cinzentas e mortas. O fogo destrói florestas, áreas verdes, vegetação, florestas, biodiversidade e espécies nativas (fauna e flora) do Pantanal.
As queimadas emitem poluentes atmosféricos, reduzem a biodiversidade, destroem florestas, devastam vegetação, prejudicam a fauna e a flora, eliminam a cobertura vegetal nativa, comprometem florestas, campos e savanas e matam o ecossistema.
Mudanças climáticas, calor excessivo, falta de chuvas e baixa umidade relativa favorecem a ocorrência de queimadas no Estado.
O incêndio florestal ocorre em pleno outono, ou seja, fora de época.
Vale ressaltar que o segundo semestre é a época do ano em que há maior risco de incêndios na região do Pantanal. Segundo a LASA/UFRJ, o período mais crítico para incêndios começa em setembro na região do Pantanal.
PREVENÇÃO
As formas de evitar a propagação dos incêndios florestais no Pantanal são:
- Implementar aceiros – faixas desprovidas de vegetação que servem para parar o fogo e evitar que continue o seu caminho
- Mantenha a terra limpa e sem ervas daninhas
- Evite jogar pontas de cigarro acesas na vegetação às margens das rodovias.
- Realizar incêndios no horário correto, frequência correta e locais corretos, popularmente chamados de incêndios preventivos ou controlados
- Chuva
- Evite usar fogo nos meses de julho, agosto e setembro, meses de inverno, pois as condições climáticas são desfavoráveis para a estação.
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