Pesquisa CGI.br, lançada nesta segunda-feira (17), revela desafios para a integração do acesso a serviços via internet
Em 2023, 45% das prefeituras de cidades com até 10 mil habitantes ofereciam menos de cinco serviços públicos online, como download de documentos, emissão de nota fiscal eletrônica, notas fiscais e formulários online.
Entre municípios com mais de 500 mil habitantes, o número cai para 6%, segundo a pesquisa TIC Domicílios, de 2023, feita pelo CGI (Comitê Gestor da Internet) e divulgada nesta segunda-feira (17).
“Entender essa diferença na prestação de serviços entre diferentes tamanhos de cidades é fundamental para identificar as necessidades desses municípios no desenvolvimento de suas iniciativas de governo digital”, explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, braço de pesquisa do CGI.
Segundo a pesquisa, 8% das prefeituras não tinham site próprio em 2023. O número caiu pela metade em relação a 2013, quando o índice era de 16% na primeira edição da pesquisa TIC Governo Eletrônico.
Segundo Barbosa, o avanço da conectividade nos municípios está ligado ao avanço dos provedores de internet no interior do Brasil, que antes se limitava à conexão via rádio ou satélite.
Para a coordenadora da investigação, Manuella Ribeiro, a melhoria da infra-estrutura deverá abrir caminho à redução do défice de serviços digitais.
A pesquisa realiza censos a cada dois anos em diferentes níveis dos governos federal, estaduais e municipais. Apenas para os órgãos de administração direta e indireta do Executivo é realizada pesquisa por amostragem. Os resultados baseiam-se nas declarações dos entrevistados.
Entre as prefeituras que possuem site, o serviço “marcação de consultas, serviços, entre outros” foi mencionado por apenas 33% dos entrevistados.
O “download de documentos ou formulários” foi o mais citado, oferecido em 89% dos municípios com endereço web (um aumento de 20% em dez anos), seguido da emissão de nota fiscal eletrônica (83% contra 38% em 2013).
A pesquisa aponta ainda que a falta de integração entre serviços de diferentes esferas de poder agrava os serviços governamentais digitais.
Do total de órgãos federais dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, Ministérios Públicos, 42% utilizam credenciais de acesso próprias (nome de usuário e senha) e 32% aderiram à plataforma Gov.br. No nível estadual, a adoção do Gov.br é de apenas 12%.
Contactado pela reportagem, o Ministério da Gestão e Inovação nos Serviços Públicos (MGI) afirma estar a finalizar o processo de elaboração da Estratégia Nacional de Governo Digital, que será publicada nos próximos dias. Este documento lista diretrizes para colaboração com estados e municípios para ampliar a transformação digital dessas entidades, “tomando como exemplo os mais de 4,2 mil serviços disponibilizados através do Gov.br”.
“Esse trabalho será impulsionado pela rede Gov.br, que já está em todos os estados e em mil municípios, atingindo mais de 105 milhões de brasileiros”, acrescenta.
A pesquisa mostrou ainda que 54% das prefeituras disponibilizam conexão Wi-Fi gratuita em áreas públicas dos municípios, como praças e parques, ante 48% em 2021. A iniciativa foi mais frequente nas capitais (79%) e nas cidades do estado. mais de 500 mil residentes (80%).
Por outro lado, os centros públicos que oferecem acesso gratuito a computadores, como os telecentros inaugurados em São Paulo no início dos anos 2000, estão em declínio. Em 2015, quando o indicador foi medido pela primeira vez, esse espaço estava disponível em 72% das prefeituras. Em 2023, foi citado por menos da metade das prefeituras do país (45%).
A pesquisa mostra ainda que, entre 2021 e 2023, houve crescimento na utilização de canais digitais para solicitação de serviços públicos.
O número de prefeituras com central de atendimento WhatsApp ou Telegram passou de 48% para 56%. Verificou-se também um aumento da disponibilização deste serviço no site oficial da administração local, de 46% para 52%. Entre as prefeituras, 20% possuem atendimento via aplicativo para smartphone, ante 17% em 2021.
Embora as prefeituras tenham ampliado o atendimento ao cidadão via internet, o telefone ainda é a forma de contato mais disponível – 85% dos casos.
NO GOVERNO FEDERAL, 24% DAS AGÊNCIAS USAM CHATBOTS
Enquanto o Brasil ainda não definiu regras para o uso da inteligência artificial e debate a regulamentação da tecnologia, 24% dos órgãos executivos federais já oferecem atendimento automatizado em seus sites e redes sociais. No Judiciário, o número é de 16%, segundo o TIC Governo Digital.
Houve crescimento no uso de inteligência artificial entre órgãos públicos federais e estaduais de 24% em 2021 para 30% em 2023. Quase metade dos órgãos federais (49%) adotou alguma forma da tecnologia, como reconhecimento facial e chatbots. Nos governos estaduais, a adesão é de 28%.
A falta de treinamento dos funcionários foi o motivo mais citado pelos órgãos federais (34%) para a não adoção da IA, seguido de “não é prioridade” (25%).
Nos estados, além desses dois motivos, há menções à falta de compatibilidade com tecnologias existentes, dados de qualidade e interesse.
O Judiciário foi o poder que mais adotou a tecnologia: em 2023, 68% dos órgãos ligados à Justiça utilizavam aplicativos de IA. Foi também o que mais promoveu treinamentos em IA para funcionários de TI (80%), quando comparado ao Poder Legislativo (58%), ao Ministério Público (52%) e ao Poder Executivo (25%).
MÍDIA SOCIAL
No caso dos órgãos federais e estaduais, 99% e 93%, respectivamente, afirmaram ter perfil próprio ou conta em rede social no ano passado.
Os mais citados são: Instagram ou Flickr (89%), Facebook (72%), YouTube ou Vimeo (67%) e WhatsApp ou Telegram (52%).
Pela primeira vez, a adoção do TikTok foi medida de forma isolada, e o aplicativo foi mencionado por 29% dos órgãos federais e 12% dos órgãos estaduais.
A pesquisa mostrou que 95% das prefeituras tinham perfil próprio ou conta em rede social, com crescimento, principalmente entre aquelas de municípios com até 10 mil habitantes – de 91%, em 2021, para 94%, em 2023.
*Informações da Folhapress
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