A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) disse nesta 2ª feira (17.jun.2024) que o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) quer que crianças vítimas de estupro sejam “reeducados e punidos pelo Estado”. O parlamentar é autor do PL (projeto de lei) 1.904 de 2024, que equipara o aborto após 22 semanas ao crime de homicídio.
“Hoje, o deputado Sóstenes Cavalcante afirmou que, caso seu Projeto de Lei de Estupro seja aprovado, as meninas vítimas de estupro passarão por ‘medidas socioeducativas’”, declarou Hilton em seu perfil no X (antigo Twitter).
“Essas pessoas querem um Brasil em que as crianças estupradas sejam ‘reeducadas’ e punidas pelo Estado”, continuou o deputado.
MEDIDAS EDUCATIVAS
Cavalcante sugeriu nesta segunda-feira (17/06) que crianças vítimas de abuso sexual sejam “reeducado”. De acordo com ele, “Não será uma vergonha. Será uma medida socioeducativa.” Ele fez a afirmação em entrevista ao GloboNews.
“Ela [criança] Você pode fornecer assistência socioeducativa para garantir que isso não aconteça novamente. E o juiz pode ou não aplicar essa pena, esse tratamento com psicólogo”ele declarou.
PL “ANTIABORT”
A Câmara dos Deputados aprovou, em votação rápida na quarta-feira (12 de junho), pedido urgente do PL 1.904 de 2024. Sem ser anunciado, a votação ocorreu em 23 segundos.
Atualmente, o aborto pode ser realizado nos casos de aborto previstos em lei, caracterizados pelas 3 situações:
- caso de risco à vida da mãe;
- casos de estupro; Isso é
- gravidez de feto anencéfalo.
Porém, em todos os 3 casos não há limite de idade gestacional para interrupção da gravidez.
Com a urgência aprovada, a proposta poderá ser votada diretamente pelo plenário, sem precisar ser discutida nas comissões temáticas da Câmara.
A relatoria do texto deverá ficar a cargo de um deputado do Centrão, grupo de partidos sem coloração ideológica clara.
DADOS SOBRE ABUSO SEXUAL NO BRASIL
O projeto tramita na Câmara dos Deputados estabelece que as mulheres são penalizadas com pena de até 20 anos de prisãoenquanto, Em casos de estupro, a pena é de até 10 anos de prisão na legislação atual.
Segundo dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, em 2022, o Brasil teve o maior número de registros de estupros e estupros de pessoas vulneráveis da história, com 74.930 vítimas. Aqui está o estudo completo (PDF – 10 MB).
Os casos de violação vulnerável têm um total de 56.820 vítimas, o que significa que 75,8% das vítimas eram incapazes de consentir, quer pela idade (menores de 14 anos) quer por outros motivos (por exemplo, deficiência e doença).
No brasil, 6 em cada 10 vítimas são vulneráveis entre 0 e 13 anos. Na maioria dos casos, os agressores são familiares ou conhecidos das vítimas, fator que dificulta a denúncia, segundo o estudo.
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