A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida da confiança dos investidores internacionais na economia de um determinado país. As notas servem de referência para os juros dos títulos públicos, que representam o custo para o governo tomar dinheiro emprestado dos investidores. As agências também atribuem ratings aos títulos que as empresas emitem no mercado financeiro, avaliando a capacidade das empresas de honrar seus compromissos.
O grau de investimento funciona como um certificado de que os países não correm o risco de incumprimento da sua dívida pública. Abaixo desta categoria está a nota especulativa, cuja probabilidade de não pagar a dívida pública aumenta à medida que a nota diminui. Quando um país entra em incumprimento, os títulos são considerados lixo. O mesmo vale para as empresas.
As agências mais conceituadas do mercado são Fitch, Moody’s e Standard & Poor’s (S&P Global), que enviam periodicamente técnicos aos países avaliados para analisar as condições econômicas. Uma avaliação positiva faz com que um país e suas empresas captem recursos no mercado internacional com menores custos e melhores condições de pagamento.
Da mesma forma, uma boa avaliação atrai investimentos estrangeiros para o país. Os fundos de pensões estrangeiros apenas investem em países com grau de investimento concedido por pelo menos duas agências de classificação de risco. Caso contrário, o país será considerado de grau especulativo.
Em 2008, o Brasil foi elevado ao grau de investimento. A primeira agência a incluir o país nesse patamar foi a S&P Global, em abril daquele ano. A decisão foi seguida pela Fitch, em maio do mesmo ano, e pela Moody’s, em setembro de 2009.
Cair
Em setembro de 2015, a S&P Global removeu a classificação de grau de investimento do país e deu uma perspectiva negativa, abrindo caminho para que a classificação fosse novamente rebaixada em fevereiro de 2016. Em dezembro de 2015, a Fitch reduziu a classificação do Brasil para um nível abaixo na categoria de bons pagadores. A Moody’s removeu o rating de grau de investimento do Brasil em fevereiro de 2016, uma semana após o segundo rebaixamento pela S&P. Na época, a Moody’s reduziu o rating do país para dois níveis abaixo do grau de investimento.
Com a decisão desta terça-feira (1º), o Brasil fica um nível abaixo do grau de investimento na Moody’s. Em julho de 2023, a Fitch elevou o rating brasileiro para dois níveis abaixo do grau de investimento. Em dezembro do ano passado, a S&P Global também elevou a classificação do país para dois níveis abaixo do grau de investimento.
No caso dos títulos públicos, o grau de investimento ajuda um país a obter taxas de juro mais baixas sobre títulos de dívida externa. Por meio da dívida pública, um governo emite títulos para captar recursos no mercado financeiro. O dinheiro é utilizado para satisfazer necessidades de financiamento e permitir ao Tesouro honrar compromissos de curto prazo. Em troca, o governo promete devolver o dinheiro aos investidores com juros. Quanto mais baixas forem as taxas, maior será a confiança na capacidade de pagamento do país.
Avaliações
Embora as pontuações sirvam de parâmetro para a credibilidade de governos e empresas no mercado financeiro, as agências de classificação de risco enfrentam críticas por terem feito previsões erradas. Antes de 2008, as agências atribuíam notas altas às operações de venda de hipotecas nos Estados Unidos, que entraram em colapso e desencadearam uma crise económica global.
Em 2013, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu uma investigação contra a Standard & Poor’s por suspeita de fraude na classificação de produtos hipotecários. Em Fevereiro de 2015, a agência pagou uma multa de 1,37 mil milhões de dólares pelo seu papel na crise de 2008.
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