Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) – Com as mudanças observadas na matriz elétrica até 2028, impulsionadas pelo crescimento acelerado da energia solar, o Brasil precisará contratar anualmente mais energia para o sistema elétrico, em leilões que serão essenciais para ajudar na aceleração operação. é um desafio atender aos picos de demanda de energia, disse à Reuters o diretor de planejamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Segundo Alexandre Zucarato, embora não seja o responsável pela estimativa de demanda para os leilões, o ONS identifica um déficit de energia “relevante” para o futuro, exigindo contratos de cerca de 3 gigawatts (GW) por ano para garantir mais conforto e tranquilidade na operação do setor elétrico.
“Não mencionamos o tamanho do déficit (de energia), até porque a demanda do leilão não é estimada. Estamos falando de algo relevante, na faixa dos gigawatts, não é algo marginal”, explicou.
A maior necessidade de energia para o setor elétrico ocorre principalmente com o crescimento da solar na matriz, fonte renovável que garante geração ao longo do dia, mas que, ao parar de produzir no final da tarde, exige que outras usinas entrem rapidamente em operação para garantir a estabilidade do fornecimento de energia aos consumidores.
Segundo estimativas do ONS no Plano de Operação Energética (PEN 2024) – Horizonte 2024-2028, a oferta de energia elétrica no Brasil deverá crescer cerca de 30 GW até 2028, para 245 GW de capacidade instalada, impulsionada por fontes eólica e solar e por geração distribuída.
O principal destaque é o avanço da energia solar, tanto nas grandes usinas centralizadas quanto na mini e microgeração distribuída. Juntas, essas modalidades de geração fotovoltaica deverão representar cerca de 26% da matriz brasileira ao final de 2028, ante 17,5% registrados em dezembro de 2023.
Por outro lado, a geração a partir de hidrelétricas, considerada o pulmão do setor elétrico nacional, deverá perder participação, passando de 47,1% para 40,9% em 2028.
“O Brasil continua com excesso de oferta de energia, não faz sentido contratar energia, mas a exigência de energia é essencial e temos que incluir atributos de atendimento de pico dentro do sistema”, disse Zucarato.
“Pode ser geração hidráulica, hidrelétrica reversível, termelétrica, bateria. Existe um portfólio para energia. O que precisamos é de um recurso que atenda ao fim, despachável e flexível”, acrescentou, sem comentar fonte preferível para o operador do sistema.
Ele destacou a necessidade de leilão de energia em 2024, conforme já indicado pelo Ministério de Minas e Energia, que atrasou a publicação das regras finais do evento inicialmente previsto para agosto.
Zucarato destacou que, se nada for feito, a partir de 2025 o país violará critérios ligados ao tema pré-estabelecidos pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e, em casos extremos, poderá até haver corte de carga.
(Por Rodrigo Viga Gaier)
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