Furacão Helene deixa 130 mortos e ganha destaque na campanha eleitoral americana

O furacão Helene, que deixou 130 mortos no sudeste dos Estados Unidos, ganhou destaque na campanha eleitoral norte-americana na segunda-feira, obrigando os democratas a repudiar as acusações que envolvem a gestão da catástrofe.

Com o número de mortos a aumentar e mais de 600 desaparecidos, o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, viajou para a Geórgia, um dos estados mais afetados pelo furacão, e crucial para as eleições de novembro.

“O governo federal não está respondendo” à emergência, disse Trump na cidade de Valdosta, para onde prometeu levar “muito material de socorro, incluindo combustível, equipamento e água”.

O presidente Joe Biden respondeu e acusou o ex-presidente de mentir quando afirmou que o governo federal estava ignorando o desastre e negando ajuda aos governadores republicanos.

“Você está mentindo. Não sei por que você faz isso… simplesmente não é verdade e é irresponsável”, disse o democrata.

Biden viajará na quarta-feira para o estado da Carolina do Norte, também atingido por enchentes e estratégico eleitoralmente.

A sua administração aprovou ajuda federal para os estados afectados e prometeu que a assistência duraria “enquanto fosse necessária”. “Continuaremos a enviar recursos, incluindo alimentos, água e equipamentos de resgate”.

As equipes continuaram a procurar sobreviventes e levaram alimentos aos moradores afetados pelas enchentes, cortes de energia e estradas bloqueadas. No sul dos Apalaches, o furacão causou inundações repentinas.

Na Carolina do Norte, o número de mortos subiu para 57. Outras 29 morreram na Carolina do Sul, 25 na Geórgia, 14 na Florida, quatro no Tennessee e uma na Virgínia, segundo um balanço feito pela AFP com base em declarações das autoridades locais.

Mais de 1,7 milhão de residências e empresas ficaram sem energia, segundo o site poweroutage.us. Trump anunciou que pediu ao fundador da Space X, Elon Musk, para implantar seu serviço de internet via satélite na região.

A chefe de segurança nacional dos EUA, Liz Sherwood-Randall, disse que o número de mortos pode aumentar porque há “600 pessoas desaparecidas”.

Com o serviço de telefonia celular interrompido em grande parte da região, “se Deus quiser, eles estão vivos, mas não há como contatá-los”, disse o presidente Biden.

Helene atingiu a costa na tarde de quinta-feira perto de Tallahassee, capital da Flórida, como um furacão de categoria 4 – em uma escala de 5 – com ventos de 225 km/h. Posteriormente, perdeu força e tornou-se um ciclone pós-tropical, mas deixou uma paisagem desolada na região.

Biden rejeita acusações

Sem fornecer provas, Trump afirmou que a ajuda estava a ser negada aos apoiantes do Partido Republicano e criticou a sua rival democrata na corrida presidencial, Kamala Harris. “O vice-presidente está em algum lugar, em campanha, em busca de dinheiro”, disse o magnata.

Kamala, que cancelou eventos de campanha para conhecer a resposta federal em Washington, também visitará as regiões afetadas após a primeira onda de operações de emergência.

A Casa Branca rejeitou as críticas de Trump de que Biden e Kamala não responderam com rapidez suficiente. O democrata esteve em viagem de campanha na Califórnia no fim de semana, enquanto Biden estava em sua casa de praia em Delaware.

Trump acusou o presidente de “dormir até tarde” em vez de lidar com os danos da tempestade. “Eu estava no comando, fiquei pelo menos duas horas ao telefone ontem e anteontem também”, disse o presidente, ao ser questionado sobre as críticas.

Biden mira nas mudanças climáticas

“Absolutamente, categoricamente, inequivocamente, sim, sim, sim e sim”, disse Biden aos repórteres que perguntaram se a destruição foi resultado da crise climática.

Os cientistas dizem que as alterações climáticas provavelmente desempenham um papel na rápida intensificação dos furacões porque há mais energia nos oceanos mais quentes para os alimentar.

O Gabinete do Xerife do Condado de Pinellas, na Flórida, publicou uma lista de mortes relatadas até agora, quase todas ocorrendo em suas próprias casas. A maioria parecia ter se afogado, enquanto outros estavam soterrados sob os escombros.

O governador da Geórgia, Brian Kemp, descreveu a tempestade como “um tornado de 400 quilômetros de largura”. Seu homólogo da Carolina do Norte, Roy Cooper, disse na segunda-feira que centenas de estradas foram destruídas e muitas comunidades foram “varridas do mapa”.

“Esta é uma tempestade sem precedentes”, disse ele aos repórteres. “Estamos trabalhando para aumentar a oferta. O impacto emocional e físico aqui é indescritível.”